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Entrevista à Semana Informática

Semana InformáticaO que está a mudar na formação de recursos TIC com a nova Era da digitalização?

Adélia Carvalho: A formação de recursos TIC tem, cada vez mais, um pressuposto essencial que é o da certificação. Actualmente existe mais procura de recursos TIC do que oferta, no entanto, existem também muitos profissionais ligados às TIC no desemprego. Isto porque a procura é cada vez mais especializada e a certificação, sobretudo tecnológica, torna-se um factor diferenciador para o recrutamento de talentos.

S.I.: Há novos cursos a surgir? Quais?

A.C.: Na Olisipo elaboramos anualmente um Plano de Formação Técnica e Comportamental, exclusivamente para os nossos Colaboradores, onde privilegiamos a aquisição de conhecimentos e competências necessárias à evolução pessoal e profissional. Este ano, no 2º semestre, vamos viabilizar pela primeira vez, dois cursos nas áreas de Processos e Tecnologias. Um diz respeito à área de Administração de Sistemas Microsoft (MOC 50412 – Implementing Active Directory Federation Services 2.0) e o outro na área de Gestão de Projectos através de processos Agile e Scrum.

S.I: Os millenials já começaram a chegar ao mercado de trabalho. As empresas estão preparadas para esta geração de profissionais? 

A.C.: Esta é uma questão mais complexa do que parece. Os millennials são por definição altamente informados e sabem o que querem quando escolhem uma empresa para trabalhar. Penso que o grande desafio das empresas está a passar por captar e aliciar os melhores talentos desta geração, num momento em que a procura é elevada e em que os melhores ou já estão ocupados ou vão para o estrangeiro. Com a crise dos salários e condições de trabalho que a maioria das empresas se debate em Portugal, a captação dos melhores talentos desta geração começa a ser um grande tema de debate. Se o factor salário não é competitivo, então é na Inovação que as empresas têm de apostar para conseguirem cativar os melhores de uma geração que já não se identifica com o que ficou parado no tempo. A geração Y procura desafios aliciantes, bom ambiente de trabalho com equipas dinâmicas e ideias inovadoras. As empresas que dão provas da sua aposta no desenvolvimento contínuo destes novos profissionais estão também em vantagem.

S.I.: As universidades estão a preparar esta geração para o que é de facto o mercado de trabalho? Ou essa formação tem que ser complementada on the job e por outras formações mais específicas?

A.C.: Há um fenómeno que se começa a identificar e que não tem directamente a ver com a falta de pessoas, mas sim com a falta de especialização dos candidatos. Uma grande maioria das oportunidades que surgem no mercado são relativas a funções de alta especificidade, quer ao nível tecnológico como aplicacional. Na área das TIC deve caber também às Universidades acompanhar estas tendências, para que possam preparar os estudantes para um percurso que vai no sentido da especialização e que, normalmente, leva alguns anos a ser adquirido, após a formação académica. A formação on the job acaba assim por ser uma necessidade para as empresas que precisam muito de recursos e que estão dispostas ao esforço de treinar os seus talentos.

Respostas por Adélia Carvalho, Head of Business Development, a 12 de Julho 2015

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O #BREXIT pode ser muito bom para nós

Não é novidade para ninguém que nos últimos anos houve uma enorme percentagem de profissionais de Tecnologias de Informação (e não só) do nosso país que se mudaram de malas e bagagens para o Reino Unido. O objetivo foi o mesmo de todos os outros Emigrantes portugueses: tentar melhorar as suas condições de vida.

Entenda-se por melhoria das condições de vida, um salário mais condizente com o trabalho que é apresentado, e as possibilidades de uma vida mais desafogada. De resto este é um fenómeno sobejamente conhecido da realidade portuguesa.

Há anos que esta situação se verifica nas áreas mais distintas e a nossa área não é exceção.
Contudo, um acontecimento recente no espaço europeu ameaça inverter algumas das lógicas do mercado das Tecnologias de Informação. Como é do conhecimento do mundo inteiro, o Reino Unido, deixou de o ser, e está neste momento num processo de transição e de saída da União Europeia, o conhecidíssimo #Brexit. E com esta alteração de estatuto e posição, chegam também as dúvidas sobre a viabilidade da permanência naquele país, sobretudo porque o processo de legalização de um cidadão estrangeiro naquele país passa a ser muito mais complicado. Isto é, passará a ser necessário um visto de trabalho, à semelhança do que acontece nos Estados Unidos. Isto vem dificultar – e muito – a vida aos emigrantes, que não vão conseguir arranjar trabalho tão rapidamente.

Perante isto, perante este cenário inesperado, praticamente toda a gente deitou as mãos à cabeça e vaticinou o fim das ligações privilegiadas com o Reino Unido. Wrong!!

Antes de mais nada é preciso ter calma e pensar com clareza.

É do conhecimento de todos que, muitas vezes, nas alturas mais complexas e inesperadas, surgem grandes oportunidades. É aqui que podemos começar a marcar a diferença. Ou seja, é aqui que podemos ser nós as pessoas que olham para um copo e o vêem sempre meio cheio, e não meio vazio.

Assim, onde os britânicos já escrevem a crónica de um prejuízo anunciado, nós devemos ver oportunidades de lucro e de novos contratos. Como? Simples: A ausência deste tipo de recursos técnicos no Reino Unido pode (e deve ser isso mesmo que vai acontecer) forçar as empresas a deslocalizar as suas operações para fora das ilhas. Ora, Portugal, para além de ser o mais antigo aliado do arquipélago, afigura-se como um forte player no mercado de IT Nearshore, que é o mesmo que dizer “pertinho de casa”, sem ter de andar muito…

Quero com isto dizer que as empresas britânicas não têm de procurar muito nem de ir muito longe para encontrar, em regime de outsourcing, profissionais de IT que assegurem, com elevadíssima qualidade e profissionalismo, o trabalho que até aqui era feito dentro de portas.
A oportunidade é ainda maior se tivermos em linha de conta que há já algumas multinacionais de referência a pensar seriamente em sair do Reino (des)Unido.

Se Portugal se decidir a investir numa comunicação eficaz das suas mais valias tecnológicas, das suas infraestruturas e dos seus recursos humanos poderá atrair grandes centros de competência para dentro de portas, permitindo deste modo manter por cá os nossos talentosos profissionais de ITs e aumentar os nossos níveis de empregabilidade. Possivelmente até melhorar as condições salariais oferecidas. No entanto, é certo que temos uma oferta qualificadíssima e extremamente mais barata que a oferta interna britânica, já para não falar na qualidade do trabalho desenvolvido. Ora isto faz com que estejamos muito bem posicionados numa perspectiva de IT Nearshore, como vos dizia mais acima.

É uma realidade que eles não conhecem e não possuem e que levará anos a ser desenvolvida. Ao passo que nós, bom, nós vivemos dentro dela, e vivemos muito bem, por sinal.

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Apoios à Internacionalização das Empresas: vende-se gato por lebre?

Como empresário e empreendedor, sinto que muitas vezes se confunde e misturam coisas tão distintas como internacionalizar e exportar. Estão em causa duas situações naturalmente diferentes.

Diria até que não têm (quase) nada a ver uma com a outra, exceção feita ao facto de ambas nos remeterem para algo… no estrangeiro.

Comecemos por pegar no exemplo das Startups, tema tão em voga nos nossos dias, que não têm qualquer viabilidade se estiverem a contar única e exclusivamente com o mercado nacional. Precisam, portanto, de se internacionalizarde estar presentes noutros mercados.

Estas jovens empresas são incentivadas, desde muito cedo, a alargar horizontes com o fim de se conseguirem expandir para os mercados (maduros) europeus.
Mas não só, há também a tendência de se tentar a sorte no mercado norte-americano, tão prolífero no apoio a estas empresas/negócios.

Quando as empresas conseguem (finalmente) obter investimentos de fundos estrangeiros, são, regra geral, obrigadas a mudar a sua sede para o exterior.

Isto obriga a que deixem em Portugal – por razões que se prendem quase na totalidade com custos operacionais – as suas estruturas de desenvolvimento. Não esquecendo que passam a pagar impostos… lá fora (mas a isso já lá vamos).

Por muito que nos custe, é a única forma que estas empresas têm de conseguir assegurar algum crescimento. Como bem sabem, é a própria dimensão do nosso mercado que assim o exige, sobretudo para quem quer apostar na especialização numa determinada área.

O Portugal 2020 prevê um forte investimento na Internacionalização das empresas portuguesas, na ordem de muitos milhões de euros. No entanto, é preciso perceber que quando uma empresa se internacionaliza, o mínimo que precisa é de um local para trabalhar e de contratar, localmente, profissionais que conheçam o mercado de destino.
São precisamente esses tipos de apoios que não são financiados.

Porquê? Simples. Então vejamos:

Se uma empresa portuguesa apostasse em entrar na Alemanha e, por esse simples facto, fosse apoiada para contratar um trabalhador alemão, iria ficar em situação de clara vantagem face à concorrência das empresas locais. Essa é a explicação dada pela Comissão Europeia, que se recusa a financiar e estimular a concorrência desleal.

Mas proponho que façamos ainda outro exercício: Então e se a mesma empresa portuguesa apostasse, por exemplo, no Perú ou nos Estados Unidos?

Nesse caso, parece-lhe razoável que se mantivessem as restrições e os apoios à contratação de trabalhadores locais ou para, simplesmente, arrendar um escritório?

Eis que chegamos então ao verdadeiro problema: o apoio é dado à Exportação e não à Internacionalização.

É por isso que as ações de prospeção, os estudos e as participações em feiras são financiados.

O espaço para melhorias é imenso, deixo alguns exemplos concretos de medidas que poderiam ser tomadas a fim de apoiar de facto a Internacionalização de empresas portuguesas:

  • Apoiar a instalação e o estabelecimento das empresas portuguesas no estrangeiro (escritório e contratação de um ou dois recursos locais);
  • Reforçar os apoios às acções de marketing e de promoção no mercado-alvo;
  • Para além de incentivar e subsidiar a participação em feiras, deve existir um apoio a eventos organizados pela própria empresa no país de destino;
  • Apoiar a instalação de sucursais e de joint-ventures noutros mercados, desde que detidas maioritariamente por empresas nacionais e que, eventualmente, consolidem contas em Portugal;
  • Dividendos de sucursais no estrangeiro que sejam canalizados para Portugal, assim como as mais valias obtidas com a venda de participações em Startups, devem ter regimes fiscais favoráveis (capazes de competir com os regimes especiais praticados no Luxemburgo e na Holandapor exemplo).

Estas são as preocupações naturais e sugestões de um empresário que não se identifica com um modelo que parece estar unicamente preocupado nos ganhos do Estado a curto prazo, seja com impostos, taxas ou obrigações, que fazem com que as empresas sintam necessidade de mudar de ares e de levar as ideias, e a sua possível rentabilidade, para outras paragens.

No modelo em que acredito e proponho, as empresas e o país têm muito a ganhar com uma legislação que se centre nas empresas e nas suas reais necessidades.

Ou agimos ou ficamos todos a perder. E muito.

IMPRENSA

Expresso

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Do Telemóvel ao Smartphone

Quem não tem um telemóvel ou smartphone?

Se fizer um esforço sincero, possivelmente vai ter dificuldade em nomear apenas 1 nome de alguém que não tenha um equipamento móvel para fazer chamadas.

Mesmo para quem já tem uma idade avançada, é praticamente banal usarem este tipo de aparelhos, talvez mais simples e sem tantas funções.

Talvez no tempo dos nossos pais ou até dos nossos avós isso fosse algo impensável. Lembra-se?

A história diz-nos que o Homem sempre teve uma enorme necessidade de comunicar.

Essa necessidade veio estimular a imaginação e o que hoje nos parece impossível, amanhã é uma realidade. Isto porque houve alguém que deu os passos necessários.

Em 1956 a Ericsson projetou aquilo que viria a ser o primeiro telefone móvel. Consegue imaginar andar com 40 quilos na mão?

Talvez pense que tivesse sido pouco provável, mas a verdade é que existem pessoas que viram ou conheceram alguém que andava com uma mala ou pasta que na realidade era um telefone móvel. Uma fortuna que poucos teriam a possibilidade de adquirir. Só alguns anos mais tarde, em 1973, é que a Motorola surge com o mítico e icónico DynaTAC 8000X.

Evolução do telemóvel

Este foi o primeiro telefone digno de ser chamado móvel e com ele começou uma autêntica revolução na nossa maneira de comunicar. Mas tudo isto foi possível graça às antenas que possibilitam as comunicações entre vários aparelhos e toda a tecnologia envolta numa estação de Radio. Este mundo emergente veio trazer aos operadores de telecomunicações uma nova realidade e um mundo inteiro por explorar.

Por exemplo, a Vodafone em 1987 já era considerada um dos maiores operadores móveis do mundo. Em Portugal, surge em 1991 e no ano de 1993 consegue abranger cerca de 90% da população nacional.

As estações e antenas de transmissão, conhecidas por BTS´s e NodeB vieram trazer a cobertura necessária para podermos fazer chamadas e enviar as mensagens. Graças aos avanços da tecnologia, hoje em dia é possível fazer chamadas em quase todos os cantos da terra.

Eventos como o Rock In Rio reúnem no mesmo local geográfico cerca de 85 mil pessoas e é necessário um planeamento cuidado para que as comunicações nesse sítio sejam possíveis sem perturbações. Estar num evento desta magnitude e poder fazer uma videochamada com um concerto em plano de fundo, aceder á internet para fazer um “LIKE” nalguma foto partilhada segundos antes ou até mesmo espreitar os emails era completamente impensável há alguns anos. Agora os operadores de telecomunicações fazem de tudo para garantir que, em eventos como este, nada falhe e todos tenham acesso a estas regalias modernas.

Com esta exigência, é possível ver nascer estações de rádio que vão dar a cobertura necessária para fazer tudo isto e muito mais. Sim, muito mais! Isto porque os nossos telemóveis já não são meros telefones.

Com visores que permitem fazer deles autênticos computadores portáteis, máquinas fotográficas ou até de filmar… Fazemos upload de um ficheiro vídeo e partilhamos fotos no momento em que são tiradas, são algumas das extravagâncias que temos hoje.

Imaginar como será o futuro pode parecer difícil, mas hoje parece impossível eliminar da nossa vida este pequeno objeto que vai connosco para todo o lado.

Talvez o venhamos a substituir por outro parecido. Já agora… já disseram aos vossos avós que é possível atender as chamadas com o relógio?

Márcio Caballero, Telecom Consultant na Olisipo

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O Outsourcing em 2020

É certo e sabido que 2015 foi um incrível ano para o Outsourcing, com mais mudanças e revoluções do que em toda a década anterior, mas… como é que será o nosso mercado dentro de 4 anos, em 2020? Uma coisa é praticamente garantida. O mercado vai crescer.

Se há algo que está em constante evolução/mudança são as razões pelas quais as empresas contratam serviços de Outsource. Uma das principais motivações – para além da redução de custos espartana dentro das empresas – prende-se com a necessidade que as mesmas têm de responder ao “clientocentrismo” (não se preocupem, é apenas uma forma de vos fazer entender que o cliente é, por estes dias, o centro das preocupações da grande maioria das empresas), e também para desbloquearem e conseguirem alcançar novas competências tecnológicas.

Em suma, está a nascer um novo ecossistema onde o futuro será daqueles que, simultaneamente, forem capazes de entregar os melhores serviços e capazes de perceber e satisfazer as necessidades dos seus clientes, utilizando para o efeito os melhores e mais recentes recursos tecnológicos para o conseguirem.

Desta forma, o mercado do Outsourcing caminha assim para se tornar simultaneamente mais colaborativo e competitivo. A tendência passa por basear os contratos em outcomes e não em outputs; partilhar o risco do investimento para poder ganhar mais dinheiro em mais fases do processo, ao invés de esperar pela (possível) repartição dos (possíveis) lucros.

Já a própria natureza dos contratos celebrados está também a sofrer transformações assinaláveis. Ora vejamos:

– Contratos muito mais curtos e renováveis (muitas vezes de forma automática);

– Períodos de aviso (de cessação do mesmo) mais curtos;

– Grandes grupos empresariais procuram cada vez mais as parcerias com empresas mais pequenas e focadas/especializadas em determinado serviço;

Assim, é expectável que possamos assistir a investimentos extraordinários, nomeadamente em robótica e, sobretudo, em inteligência artificial.

Contudo, apesar de a perspectiva ser extraordinariamente positiva, só as empresas que percebam rapidamente as alterações estruturais que a Indústria está a sofrer e, sobretudo, o que o cliente moderno quer, é que vão ser capazes de beneficiar com tudo o que aí vem.

O veredicto final é muito simples: alguns dos gigantes do Outsourcing vão desaparecer se não derem os passos necessários para a rápida adaptação ao futuro.

Meus amigos, esse futuro quer-se cada vez mais presente, por isso, para muitas das grandes empresas do mercado, ou é agora ou então pode ser tarde de mais.
E bem sabemos que a expressão tarde de mais pode significar isso mesmo. Tarde de mais para a empresa e para os seus funcionários.