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Tendências aceleradas pela Tecnologia em 2021

O panorama da tecnologia em 2021 vive cada vez uma maior aceleração. Além das tendências que já se verificavam nesse ritmo frenético de inovação, estão a surgir várias oportunidades potenciadas pelo desenvolvimento tecnológico durante a pandemia de Covid-19.

O contexto pandémico que vimos surgir em 2020 colocou grandes restrições às formas de trabalho, de consumo, de lazer e de prestação de serviços que conhecíamos. As oportunidades digitais viveram grande expansão por se afigurarem como a única solução aos desafios criados.

Por sua vez, este rápido crescimento tecnológico acelerou outras tendências que continuaremos a ver crescer em 2021.

Novas ferramentas de trabalho

Segundo Tocha, Product Developer e Early Stage Investor da Olisipo Way, “a necessidade de fazermos o nosso trabalho à distância está a abrir caminho a uma nova forma de trabalhar”. As opções criadas pelo digital vêm transformar o modo como se trabalha, como se comunica e organizam tarefas e como a equipa produz em conjunto e “essa é claramente a tendência mais forte e clara para 2021”.

Nunca foi tão evidente a necessidade de inovação das organizações, que devem refletir sobre as suas formas de trabalho e como as potenciar. As ferramentas digitais mostram como há uma grande percentagem de trabalhos ligado a tecnologia que podem ser feitos de forma remota, fora de um escritório tradicional. “Isso significa desenvolvermos novos softwares e ferramentas para gerir equipas e projectos à distância”, diz Tocha.

Apesar de existir forma de transpor processos e métodos do presencial para o remoto, o objetivo deverá passar por rever esses procedimentos e transformá-los em algo mais eficaz. O novo mundo digital permite precisamente reinventar o que está obsoleto, melhorando resultados num regime remoto ou presencial.

Esta transformação abre ainda um espaço de negócio potencial no mercado, à medida que é preciso novas soluções. Como defende Tocha, “2021 é o ano para começar novas empresas e produtos, e a implementar essas novas ferramentas para que em 2023 consigam ter um impacto real na sociedade”.

Novos estilos de vida

À semelhança das formas de trabalho, muitos aspetos nos estilos de vida vão sofrer transformações. “Vamos também procurar outros serviços que se adaptem à nossa nova forma de viver, desde entretenimento a viagens, às compras até ao dia-a-dia”.

Os consumidores fazem novas exigências e as organizações e marcas deverão trazer resposta rapidamente.

As condições atuais, os desafios impostos pela pandemia e as necessidades que daí emergem são bastante diferentes do que se observava há poucos anos e aí há um grande potencial de mercado. Por exemplo, Tocha diz que ainda este ano “quando o vírus deixar, gostaria de passar 2 semanas num alojamento simples no Alentejo a trabalhar remotamente com a minha mulher enquanto os nossos filhos frequentam um ‘retiro’ onde possam em vez de estar apenas de férias aprender novas skills ligadas à natureza”.

Êxodo urbano e transformação rural

Em estreita ligação com a transformação de estilos de vida, vamos assistir à revitalização de zonas rurais e interiores. Com o desenvolvimento da tecnologia apropriada ao trabalho remoto, surgirá a hipótese de sair das cidades – até aqui, locais quase exclusivos para a grande maioria do mercado de trabalho.

Bastará que se preencham as necessidades tecnológicas essenciais à comunicação e trabalho remoto para se trabalhar e produzir noutros ambientes. Desta forma vamos assistir ao proliferar de “novos estilos de vida, novas formas de trabalhar e também novas formas de viver”.

Áreas rurais que até aqui sofriam com desertificação vão ver chegar maior número de população, que procurará outras vantagens que não encontra nas cidades. Será necessário garantir uma série de infraestruturas nestes novos locais de trabalho remoto, o que, por sua vez, irá trazer novos desenvolvimentos em diversos aspetos e setores.

Maior personalização da oferta

A tecnologia abre uma série de novas opções de criação, transformação e personalização de experiências. Cada vez mais “as pessoas querem sentir que os produtos e as marcas respondem diretamente às suas necessidades como ser humano e não que nos encaixem em produtos genéricos de mass market”.

Os consumidores estão mais exigentes e as marcas devem estar atentas a isso mesmo, utilizando opções assentes em tecnologia para desenvolver algo à medida. As respostas e a oferta no mercado deverão ter em conta a singularidade de cada consumidor, para captar de forma mais eficaz a sua atenção e interesse.

É preciso desenvolver estratégias e utilizar ferramentas que permitam conhecer os consumidores de forma mais detalhada. Só assim se torna possível desenvolver produtos que correspondam às suas necessidades e expetativas, de forma personalizada.

Dados, dados, dados

Na perspetiva da personalização da oferta, surgirá de forma mais acentuada a relevância dos dados. Tocha diz que apesar de não serem uma nova tendência, estão a ser potenciados com a inovação tecnológica a que temos assistido.

Há uma necessidade cada vez maior de recolher o máximo de dados e detalhes possíveis sobre os consumidores. Com estas informações vai ser possível que marcas e empresas criem ofertas de forma mais certeira para o seu target. Além disso, obtendo com antecedência os dados essenciais, consegue testar-se desde logo a relevância e hipóteses de sucesso do produto.

“Trabalhar em cima de dados vai-nos permitir melhorar todas as facetas das nossas vidas. Desde melhores produtos e serviços a melhor educação, trabalho, saúde”. A oferta e as soluções disponíveis caminham para se tornarem mais precisas e relevantes, já que terão em conta informações precisas sobre os consumidores reveladas a partir da análise e do cruzamento de uma série de dados.

Crescimento de negócios de nicho

A era da generalização parece estar a terminar, ou pelo menos a perder contra as ofertas personalizadas. Nesta linha, veremos desenvolver-se de forma muito rápida negócios de nicho, que se focam num produto muito específico para um público muito específico – e daí advém o seu sucesso.

Há inúmeras ferramentas, muitas delas gratuitas, que permitem neste momento que qualquer pessoa crie o seu negócio de Nicho, como nos diz Tocha. A aceleração da tecnologia virá permitir “criar negócios simples, muitas vezes geridos por 1 ou 2 pessoas, que conseguem almejar chegar aos seus clientes a nível global, clientes esses que serão cada vez mais de nicho”.

O foco não estará na expansão a clientes com diversos interesses, mas antes no desenvolvimento de um só produto, de forma aprofundada, certeira e de alta qualidade. Estes produtos de nicho vão interessar a clientes muito específicos, que procuram ofertas num mercado especializado e até exclusivo, reduzindo a dispersão de recursos e oferta em diversas direções.

Sem necessidade de espaço físico porque o digital e o remoto vivem um desenvolvimento suficiente para suportar os processos de venda, nascerá a hipótese de criar e expandir um negócio sem despesas maiores. Segundo as previsões de Tocha, “vamos assistir a uma explosão deste tipo de pequenos negócios online que faturam 3k, 5k, 10k mês e com custos baixíssimos para os seus fundadores, permitindo-lhes viver apenas desses negócios”.

eSports a crescer

Mesmo antes da pandemia, previa-se que 2020 fosse um ano de grande boom para a modalidade jogos online, e assim foi. O ano 2021 não será diferente e continuará a registar-se um grande desenvolvimento nesta área.

Por um lado, as principais marcas de hardware dedicadas a jogos estão a apostar largamente na qualidade das consolas. Por outro, a atenção dada a aspetos técnicos e de grafismo será também melhorada com o desenvolvimento tecnológico verificado.

Há mais jogadores a aderir à modalidade e crescem também as horas de jogo, exigindo mais aos fabricantes e às marcas. A par disso e de forma a acompanhar este crescimento, assistimos à criação ou desenvolvimento de redes sociais, plataformas e canais dedicados essencialmente aos eSports.

É o caso da Twitch ou do Discord, plataformas de comunicação e stream que viram um crescimento exponencial no último ano graças aos eSports. Atrave´s destas, gamers e amigos fazem jogos em direto e interagem live com o seu público. Em simultâneo, criam-se fóruns e canais de chat para diversos temas à volta dos jogos, dicas essenciais, tendências e notícias e dinamização de uma série de atividades.

A relevância do Discord é tanta que correm rumores que a Microsoft se prepara para, em 2021, fazer uma proposta milionária para a sua aquisição. Além da atração do público e das possibilidades de chegar a outras audiências, há um grande potencial para desenvolver as tecnologias Microsoft e conquistar espaço no mercado:

  • irá operar nos serviços de cloud Azure, da Microsoft, e aumentar as suas vendas de forma exponencial;
  • poderá concretizar a integração na consola X-box, que a Microsoft já potencia com o X-box Game Pass;
  • ganhará espaço no mercado de eSports e gaming e assumir uma posição forte contra as concorrentes como a PlaySation.

Moda digitalizada

As restrições à presença física em lojas tem trazido grandes desafios à indústria da moda e retalhistas. A pensar na experiência à distância, algumas marcas já estão a desenvolver opções alicerçadas no digital.

The Fabricant, Farfetch, Gucci são algumas das marcas a liderar esta digitalização. Em 2021, veremos crescer uma panóplia de inovações e também a generalização destas a outras marcas.

Florescimento da Green Tech

Se 2020 foi o ano de lutar contra o coronavírus a nível mundial, 2021 será o ano de lutar pelo ambiente no planeta. A pandemia veio despoletar uma série de boas ações a favor do clima, tanto a nível individual como legal, político e tecnológico.

Prevê-se que as tecnologias vão ter um papel de grande relevo no contributo neste campo. Além de potenciarem soluções efetivas para o setor das energias alternativas, irão influenciar também o comportamento de consumidores e produtores.

Um estudo do World Economic Forum destaca mesmo como as tecnologias digitais vão permitir reduzir as emissões de carbono em 15% a começar já este ano! Por exemplo, só o uso de Inteligência Artificial numa série de locais e serviços vai influenciar positivamente esse corte, já que contribuirá para que:

  • o consumo energético de Data Centers seja mais eficiente;
  • a previsão de produção de energias renováveis seja mais rigorosa;
  • as cidades sejam mais “inteligentes” com a otimização de transportes e de aparelhos para o estudo da qualidade do ar;

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Equipa Opinião

Promoção para além da (in)competência

O Principio de Peter já não engana ninguém: cada vez menos as empresas promovem os seus quadros com base no bom trabalho anterior e cada vez mais procuram garantir que o promovido oferece o mínimo de garantia de sucesso no cargo para que está a ser escolhido.

Assim como é cada vez mais comum ver líderes em direcções que não são as suas áreas de formação ou competência. A competência não perdeu importância, mas outros valores estão a ganhar relevância no algoritmo de escolha de parceiros de liderança e responsabilidade.

Aprender com a equipa

O espírito de equipa é solidariedade em ação. Mas é também sede de aprendizagem, porque há sempre algo a aprender com cada elemento da equipa e algo a acrescentar com os nossos conhecimentos.

“Sozinhos, vamos rápido. Juntos, vamos longe” é uma máxima que orienta o trabalho há muito nas organizações mais bem sucedidas. E esta lição serve tanto para colaboradores como para chefias e team leaders, que devem organizar o trabalho e orientar a equipa sempre com uma visão de entre ajuda, ao mesmo nível, com abertura e postura transparente.

Devemos aproveitar todas as oportunidades para colaborar com quem precisa, transmitindo o que sabemos e expandindo esses mesmos conhecimentos. É uma tarefa fora da nossa equipa? Um projeto fora da zona de conforto? Um desafio em contra relógio? Então abraça-se com o entusiasmo de quem vê o mar pela primeira vez e segue-se sem receio.

Ir mais além

Mostrar disponibilidade é muito importante para nos posicionarmos para outras responsabilidades. Ficarmo-nos pelas nossas funções não leva os outros a perceber que podemos ser a resposta em outros cargos, limitando a evolução e o aproveitar de outras oportunidades profissionais.

A formação contínua e a atitude humilde de quem admite não saber tudo mas vai à procura de respostas é outra característica muito valiosa na escolha de alguém para promover. Porque podemos não saber como vai conseguir responder aos novos desafios mas sabemos que quando confrontada com um desafio vai à procura de solução e de ajuda, vai aprender para conseguir responder e não apenas sacudir ou adiar resolver o problema.

Uma daquelas máximas óbvias da vida aplica-se muito bem quando estamos a falar da nossa carreira… se é verdade que o trabalho extra e duro não garante uma promoção é mais que garantido que não o fazer só pode levar à estagnação. Por isso trabalhar muito e bem é de longe a melhor estratégia para sermos reconhecidos, mesmo que nem sempre o sejamos e nem sempre a escolha do promovido seja justa.

Promover até à incompetência?

O princípio de Peter diz-nos que um profissional será promovido até à sua incompetência, ou seja, até encontrar o seu calcanhar de Aquiles. E como se trabalha a partir daí? É aqui que precisamos de virar este dilema ao contrário: se na nossa área de conhecimento iremos, inevitavelmente, esbarrar com a nossa própria incompetência na matéria, então a estratégia passa por dar resposta a mais do que é nossa responsabilidade.

Sermos bons em mais do que uma coisa e assumirmos responsabilidades para além das nossas competências são, ao mesmo tempo, formas de assegurar à chefia que não somos um “Peter”, já que dominamos várias matérias e estamos disponíveis para resolver problemas e aprender. E assim também eles não estão a fazer uma escolha “cega” quando nos promovem, baseada simplesmente naquela que é a nossa capacidade/função atual.

A promoção acertada

É muito habitual a crítica aos “lambe-botas” e aos chefes que escolhem pessoas aparentemente incompetentes para funções de topo, mas há mais para além daquilo que é visível. A responsabilidade da escolha e a importância de uma boa delegação é uma preocupação enorme para um chefe que quer promover alguém na equipa.

Quando escolhemos a nossa equipa não o fazemos para ser simpáticos ou pagar favores, promover pela antiguidade ou outra qualquer razão, não nos ajuda na nossa tarefa, não nos ajuda a atingir mais resultados nem tão pouco nos descansa para nos podermos focar e dedicar a outros temas.

A promoção serve o principal objectivo de partilhar responsabilidade e nos rodearmos de quem nos ajude a chegar onde sozinhos não conseguimos. Promover alguém deverá então surgir da necessidade de ter outra cabeça a chefiar os assuntos que temos em mãos, a dar resposta às dificuldades e desafios que surgem, a acrescentar capacidade produtiva a nós mesmos. 

Nesse sentido, sempre procurei incentivar e promover não aqueles que são bons nas suas funções mas aqueles que me garantem sucesso nas novas funções e mais que isso que se disponibilizam, de forma consistente, para ajudar os outros e me ajudar a mim.

Uma das principais características que procuro em alguém para ser promovido é a capacidade de aprender com o erro, ao invés de fugir dele e ignorar o potencial de aprendizagem que oferece. Alguém que agarra os problemas “pelos cornos” e que não se importa de errar ao tentar responder a um desafio. Mais que isso, alguém que está disposto a assumir a responsabilidade de resolver problemas causados por outros.

Eu preciso de alguém que esteja disponível para resolver qualquer problema e não apenas os que ele próprio causou.  Essa é de longe, para mim, a característica mais importante das pessoas que escolho para a minha equipa: que se foquem nas respostas em vez de na análise das culpas.

Confiar e ensinar

A confiança é essencial na escolha de alguém para a nossa equipa. Nós precisamos de nos rodear de pessoas em quem confiamos, que não nos vão “cortar as pernas” ou boicotar para servir interesses pessoais em detrimento da equipa.

Por isso, a honestidade deve ser sempre premiada em detrimento dos “Yes man” que nos respondem sempre aquilo que queremos ouvir, em vez de nos porem em causa e nos ajudarem a tomar as decisões certas.

Ninguém gosta de ser contrariado, ouvir que fez algo mal ou que está a decidir algo errado. Mas muito pior é percebermos que o fizemos e quem estava ao nosso lado não nos avisou para tal, não nos disse a verdade – com receio de reprimendas ou simplesmente porque não tem essas competências fundamentais de questionar as coisas e liderar os outros.

Os chefes também precisam de crescer e de aprender, e só o fazem através dos ensinamentos dos outros. Sabe sempre bem ao nosso ego levar umas “palmadinhas nas costas”, mas para nos acompanhar para a vida e em momentos difíceis precisamos de alguém que nos diga de forma genuína o que pensa e o que estamos a fazer de errado.

Só através da sinceridade e crítica podemos crescer e ser melhores profissionais, sendo isto válido para qualquer profissional independentemente da sua posição hierárquica na empresa. Quem chefia deve procurar, por um lado valorizar competências para liderança e estar atento a potenciais por desenvolver e, por outro, estar disposto a aprender também com quem escolher para essa posição, aceitando e dando as boas vindas às críticas.

Honestidade, lealdade, disponibilidade e humildade são valores cada vez mais relevantes na escolha de alguém a promover, sobretudo se for alguém para trabalhar directamente connosco e com quem pretendemos partilhar responsabilidades, problemas e sucessos.