Categorias
Inovação Uncategorized

2024 e mais além: As tendências tecnológicas que definirão o caminho do progresso empresarial

À medida que nos aproximamos do ano de 2024, é crucial estar atento às tendências tecnológicas que irão moldar o cenário empresarial e influenciar a forma como conduzimos os nossos negócios.

A Gartner e outros players têm feito recentemente algumas predições algo audazes para o mundo tecnológico em 2024 – desde a IA generativa democratizada, à priorização das plataformas de Cloud, ao desenvolvimento com auxílio de IA, à tecnologia sustentável, etc.

“As disrupções tecnológicas e incertezas socioeconómicas requerem uma proatividade em agir de forma audaz e estrategicamente aumentar a resiliência nas respostas ad-hoc”, comenta Bart Willemsen, vice-presidente e analista na Gartner, num relatório recente. “Os líderes em IT estão numa posição única para construir estrategicamente um ‘roadmap’ onde os investimentos na área da tecnologia ajudam a sustentabilidade do negócio, no meio de tantas inseguranças e pressões no mercado”.

Gastos mundiais com TI a chegar aos 5,14 biliões de dólares

Prevê-se que em 2024, se gastem cerca de 5,14 biliões (trillions, em inglês), um crescimento dos 4,72 biliões estimados para este ano de 2023, traduzindo-se num aumento anual de quase 4 por cento. Os mercados tecnológicos que se prevê que rendam mais faturação são os serviços, software e serviços de comunicações.

distribuição do budget de TI em 2024
Distribuição do budget de TI em 2024 (fonte: Spiceworks Ziff Davis)

Chris Howard, da Gartner, partilha que os executivos devem avaliar os impactos e benefícios das tendências tecnológicas estratégicas no próximo ano:

“A IA (generativa e de outros tipos) oferece novas oportunidades e lidera várias tendências. Mas retirar valor palpável do uso duradouro da IA requer um approach disciplinado à adopção generalizada da tecnologia, combinado com uma especial atenção aos riscos.”

Chris Howard, vice-presidente e analista na Gartner

Automatização no dia-a-dia com a ajuda da IA Generativa

  • Conforme a IA generativa se torna cada vez mais integrada nas nossas aplicações no dia-a-dia, desde motores de pesquisa a software de escritório, pacotes de design e ferramentas de comunicação, os utilizadores começam a finalmente aceitar o seu potencial;
  • A IA generativa funciona como um assistente pessoal super inteligente, melhorando a eficiência, a produtividade e rapidez. Ao confiarmos nela para desempenhar tarefas rotineiras como recolha de informação, agendamentos, gestão de compliance e estruturação de projetos, os utilizadores têm assim mais tempo para tirar partido das suas skills únicas e insubstituíveis;
  • Esta mudança de realidade permite mais criatividade, explorar novas ideias, pensamento original e conexões humanas relevantes e com valor. Com os desafios no que toca à ética e regulamentação ainda por resolver, 2024 será o ano em que o impacto transformativo da IA generativa se tornará evidente para todos.

IA Generativa democratizada

IA Generativa democratizada
Fonte: Gartner

A IA generativa está a tornar-se democratizada pela convergência de modelos massivamente pré-treinados, cloud computing e open-source, fazendo com que estes modelos fiquem disponíveis a profissionais em todo o mundo.

Até 2026, prevê-se que mais de 80% das empresas tenham APIs e modelos com IA generativa, e/ou tenham implementado aplicações compatíveis com IA generativa em ambientes de produção, comparando com menos de 5% em 2023.

As aplicações em IA generativa podem tornar vastas fontes de informação — internas e externas — acessíveis e disponíveis para utilizadores profissionais. Isto significa que a rápida adopção da IA generativa irá democratizar significativamente o conhecimento e as capacidades dentro das empresas. “Grandes modelos de linguagem permitem às empresas conectar-se com os seus colaboradores com conhecimentos num estilo conversacional com uma forte compreensão semântica”, comenta a equipa da Gartner.

AI Trust, Gestão do Risco e Segurança

AI Trust, gestão do risco e segurança
Fonte: Gartner

Até 2026, prevê-se que empresas que apliquem controlos de AI Trust, Risco e Segurança irão aumentar a precisão da sua tomada de decisões, ao eliminar até 80% da informação com falhas e menos fidedigna.

A democratização do acesso à Inteligência Artificial tornou a necessidade pela Gestão de AI Trust, Risco e Segurança ainda mais urgente e clara. Sem proteções, acredita-se que os modelos de IA podem rapidamente dar aso a efeitos negativos que podem sair fora de controlo, sobrepondo-se a quaisquer ganhos de performance e na sociedade que a IA eventualmente permita.

A Gestão de AI Trust, Risco e Segurança permite ferramentas para ModelOps, proteção proativa de dados, segurança específica de IA, monitorização de modelos — incluindo monitorização de data drift ou resultados imprevistos — bem como controlo de riscos de inputs e outputs para modelos e aplicações a terceiros.

Desenvolvimento ‘AI-Augmented’

Desenvolvimento AI-Augmented
Fonte: geniusee.com

A Gartner define o desenvolvimento ‘AI-augmented’ como o uso de tecnologias IA como a IA generativa e Machine Learning, para auxiliar os engenheiros de software no desenho, coding e testing de aplicações.

A engenharia de software com o auxílio da IA melhora a produtividade dos developers e permite às equipas de desenvolvimento responder à crescente procura por software no mercado.

“Estas ferramentas de desenvolvimento embutidas de IA permitem aos engenheiros de software passar menos tempo a escrever código, para que se possam dedicar mais a atividades estratégicas como o design e a composição de aplicações apelativas”, comenta Gartner.

Desenvolvimento ciber-resiliente

A framework da ciber-resiliência
Fonte: Economic Forum & Accenture

A ciber-resiliência vai tornar-se uma das tendências tecnológicas proeminentes em tecnologias de negócio e de consumidor ao longo do ano de 2024.

  • O foco estende-se para além da cibersegurança para incluir medidas de recuperação e continuidade de negócio, face a circunstâncias imprevistas. Procedimentos de trabalho remoto asseguram a funcionalidade do negócio quando localizações físicas se encontrem inacessíveis.
  • A automatização de ciber-defesa através da Inteligência Artificial e do Machine Learning, frameworks integradas que fundem medidas de segurança com protocolos de continuidade, e a a consciência da engenharia social e uma estratégia proativa de RP contribuem para uma estratégia complexa e compreensiva de ciber-resiliência.

Conforme as ciber-ameaças se tornam cada vez mais sofisticadas, a competição para desenvolver novas soluções que incorporem tecnologias inovadoras como a IA só se intensificam.

Computação Quântica

Computação quãntica - Tendências Tecnológicas 2024
Central Computer Processor digital technology and innovations

2024 marca a transição da computação quântica de “buzz” para benefícios tangíveis.

  • Os computadores quânticos retiram propriedades únicas da física quântica, como o entrelaçamento quântico (quantum entanglement) e superposição, para realizar vastos cálculos simultaneamente.
  • Quantum bits (qubits) podem existir em vários estados, permitindo computações complexas que vão para além das limitações dos computadores tradicionais.
  • Os primeiros adoptantes (early adopters) da tecnologia quântica incluem bancos e organizações de serviços financeiros que procuram melhorar sistemas IA para a detecção de fraudes, gestão do risco e negociação de alta frequência.

Tecnologia biométrica

Fonte: Shutterstock

De acordo com um inquérito recente a especialistas de segurança, 72 por cento das empresas pretendem transitar do uso de passwords tradicionais até 2025.

Isto resultará no desenvolvimento de novos serviços de autorização para o reconhecimento facial, de voz, íris, mãos, e assinaturas.

Em 2024, a computação quântica irá encontrar aplicações em campos em que a computação é particularmente importante, como a descoberta de medicamentos, sequenciamento de genoma, criptografia, meteorologia, ciência de materiais, optimização de sistemas complexos e busca por vida extraterrestre.

Plataformas de Cloud

Fonte: spiceworks.com

Até 2027, a Gartner prevê que mais de 70 por cento das empresas irão utilizar plataformas de cloud nas suas indústrias para acelerar as suas iniciativas empresariais, uma subida enorme comparando com os 15% em 2023.

Estas plataformas Cloud abordam resultados relevantes para o negócio ao combinar serviços SaaS, PaaS e IaaS subjacentes numa única oferta de produto com capacidades compostas. “Estas normalmente incluem uma estrutura de dados do setor, uma biblioteca de pacotes de recursos de negócios, ferramentas de composição e outras inovações da plataforma”.

Assim sendo, as plataformas cloud industriais são propostas personalizadas de cloud, específicas para uma indústria em particular, e que podem ser ainda mais customizadas para as necessidades do cliente.

Convergência “figital”

Fonte: futuristspeaker.com

O real e o digital estão a tornar-se cada vez mais interligados e inseparáveis. Tecnologias como a realidade aumentada (AR), realidade virtual (VR) e a internet imersiva estão a quebrar barreiras entre o mundo físico e os domínios digitais onde passamos cada vez mais do nosso tempo.

Mais do que nunca, existimos como avatars digitais dentro de ambientes virtuais. Isto aplica-se na vida profissional, onde colaboramos remotamente através de plataformas como o Zoom, Teams ou Slack; e na vida pessoal e recreativa, onde o online gaming e os esports são mais populares que nunca. Usamos apps sociais como o TikTok e Instagram para criar espaços virtuais onde partilhamos momentos da nossa vida “real” – cuidadosamente curada e filtrada para criar personalidades digitais que se tornam os nossos “eus” virtuais.

Em diversas indústrias, vemos este conceito emergir no formato de “gémeo digital” – uma representação virtual de um objeto, sistema ou processo real. Pode ser tão simples quanto um componente individual ou tão complexo como uma cidade inteira ou até mesmo um ecossistema. Mais importante, o gémeo digital é criado através de dados capturados do seu correspondente no mundo real. Avanços no campo da ciência genómica significam que podemos traduzir a essência fundamental da vida em código digital, que por sua vez pode ser manipulado e reconstruído no mundo real, com o objetivo de criar novos medicamentos e erradicar doenças.

Em 2024, vamos continuar a ver cada vez menos distinção entre o mundo real e o virtual. Isto quer dizer que o digital está cada vez mais realista, e o real a tornar-se tão flexível quanto o digital.

Tecnologia sustentável

Tecnologia sustentável -  - Tendências Tecnológicas 2024
Fonte: bioenergyconsult.com

A tecnologia sustentável vai continuar a ocupar o centro do palco em 2024, enquanto os países e corporações continuam a trabalhar para chegar aos seus compromissos net-zero. Ao mesmo tempo, todos nós vamos continuar a tirar partido da tecnologia para minimizar os nossos impactos pessoais no ambiente.

Este tipo de tendências tecnológicas incluem formas mais amigas do ambiente de fazer coisas que já fazíamos antes: carros, bicicletas e transportes públicos elétricos vão continuar a aumentar a sua percentagem de presença no mercado. Existem também novas soluções para problemas ambientais, como a captura e armazenamento de carbono, bem como energias verdes e renováveis. A economia circular irá tornar-se um conceito particularmente importante quando a durabilidade, reciclabilidade e reutilizabilidade se tornam fatores decisivos na fase do design dos produtos. E mais: o mundo tech irá abraçar ainda mais ideias, como o green cloud computing, onde as infraestruturas e serviços priorizam a redução do consumo de energia e emissões de carbono e apps sustentáveis nos ajudam a viver de forma mais amiga do ambiente.

Alguns dos desafios para os developers e utilizadores da tecnologia sustentável em 2024 incluem a necessidade de desenvolver métodos sustentáveis e éticos de sourcing e extração de materiais para a construção de dispositivos, a procura por infraestruturas criada pela mudança de hábitos de consumo (como a adopção de veículos elétricos) e a potencial disparidade entre diferentes grupos geográficos e/ou socioeconómicos no seu acesso a alternativas verdes. Também nos tornamos cada vez mais conscientes da existência do greenwashing – esforços superficiais com o objetivo único de gerar publicidade positiva à volta de uma empresa ou tecnologia em particular.

Força de trabalho conectada aumentada

ACWF -  - Tendências Tecnológicas 2024

A força de trabalho conectada aumentada (em inglês: augmented-connected workforce ou ACWF) é uma estratégia de optimização do valor derivado da força de trabalho humana.

A necessidade de acelerar e escalar o talento trouxe-nos esta tendência. A ACWF irá utilizar aplicações inteligentes e análise à força de trabalho para dar contexto e orientação diários, para melhorar a experiência dos profissionais, bem como o seu bem-estar e capacidade de desenvolver as suas próprias skills. Ao mesmo tempo, a ACWF potencia resultados de negócio e impactos positivos para stakeholders essenciais.

Até 2027, 25% dos CIOs irão utilizar iniciativas de força de trabalho conectada aumentada para reduzir o “time to competency” (o tempo gasto a dar formação a profissionais ou grupos de profissionais não-especializados com as skills, conhecimentos e confiança para aplicar no dia-a-dia) em 50% para funções essenciais, prevê a Gartner.

Clientes não-humanos

machine customers - Tendências Tecnológicas 2024
Fonte: aerospacemanufacturinganddesign.com

A Gartner define os clientes não-humanos (ou machine customers) como atores económicos não-humanos que podem negociar de forma autónoma e comprar bens e serviços em troca de pagamento.

Até 2028, 15 mil milhões de produtos conectados irão existir com o potencial de se comportarem como clientes, com outros milhares de milhões a seguirem-se em anos conseguintes.

“Esta tendência crescente será a fonte de biliões de dólares em receitas até 2030 e tornar-se-á eventualmente ainda mais significativa do que o comércio digital” diz a Gartner.

Considerações estratégias para este tipo de tendências tecnológicas deverão incluir oportunidades de facilitar estes algoritmos e dispositivos, ou criar ainda novos clientes não-humanos.

Gestão de exposição a ameaças contínuas

as fases do CTEM - Gestão da exposição a ameaças contínuas - Tendências Tecnológicas 2024
Fonte: resmo.com

A gestão de exposição a ameaças contínuas (em inglês: continuous threat exposure management ou CTEM) é um approach pragmático e sistémico que permite às organizações avaliar a acessibilidade, exposição e explorabilidade dos assets físicos e digitais de uma empresa, de forma contínua e consistente.

“Alinhar os escopos de avaliação e remediação do CTEM com vetores de ameaças ou projetos de negócios, em vez de um componente de infraestrutura, traz à tona não apenas as vulnerabilidades, mas também ameaças incorrigíveis”, informa a Gartner.

Até 2026, a Gartner prevê que as organizações que priorizam os seus investimentos em segurança com base num programa CTEM verão uma redução de dois terços nas violações de segurança.

Edge Computing e Processamento Distribuído

Edge computing - Tendências Tecnológicas 2024
Fonte: blog.cronapp.io

O Edge Computing, que envolve o processamento de dados próximo à sua fonte, ganhará importância à medida que a necessidade por baixa latência e maior eficiência se intensificar. Esta tecnologia será fundamental para aplicações como IoT e realidade aumentada.

Preparando-se para o Futuro

Em Portugal, assim como em todo o mundo, a adesão a estas tendências tecnológicas será crucial para manter a competitividade no mercado de TI. É essencial investir em capacitação e desenvolvimento de habilidades para aproveitar ao máximo estas inovações.

Ao nos prepararmos para 2024 e além, é imperativo que estejamos abertos à mudança e prontos para abraçar novas tecnologias. Aqueles que se adaptam e inovam estarão na vanguarda do progresso empresarial.

Na Olisipo, estamos ansiosos para enfrentar e conjunto com os nossos mais de 600 colaboradores os desafios e oportunidades que o futuro nos reserva, e moldar o cenário tecnológico em Portugal.

Categorias
Formação Opinião RH Uncategorized

Como pedir um aumento salarial: Guia Prático

Começamos este artigo com uma pergunta simples. Já alguma vez pediste um aumento? Se não, porquê?

Pode haver vários motivos para muitos profissionais não verem o seu salário aumentado, mas um deles é certamente o simples facto de nunca o pedirem.

É verdade que todas as empresas procuram melhorar a sua sustentabilidade financeira e portanto os seus lucros, mas, erradamente, muitas empresas não oferecem aumentos automáticos ou espontâneos aos seus trabalhadores.

No entanto, as empresas estão cada vez mais sensíveis para a retenção dos seus trabalhadores, pois sabem que são o seu maior ativo e é cada vez mais difícil encontrar no mercado os profissionais com as qualificações certas para o seu contexto. Também o custo de substituir e formar um profissional com menos senioridade é altamente elevado.

Todos, certamente, já ouvimos alguma história sobre um colega, amigo ou familiar que foi finalmente aumentado porque fez um ultimato “que se ia embora”, ou até a história de alguém que acabou por mudar de emprego porque nunca chegou a confrontar o seu chefe sobre injustiça do seu salário. Ambos são situações extremas que revelam falta de preparação para lidar com este tema. Seguem as nossas dicas para pedir um aumento:

Conseguir um aumento: dá o primeiro passo!

As chefias vivem num constante dilema no equilíbrio entre os interesses da organização, os dos seus sócios/acionistas e os interesses dos trabalhadores. Se, por um lado, uma chefia sabe que tem de investir para ter bons trabalhadores, por outro está obrigado a cumprir um orçamento e por isso limitar os seus custos. Cabe ao trabalhador defender os seus direitos e, sobretudo, saber defender a sua posição, saber qual o valor que acrescenta à organização e qual o salário que considera justo para as funções que desempenha. Mas já vamos aos exemplos concretos. Antes de falarmos do Como, Quando e qual o Valor do pedido de um aumento, é importante clarificar algumas definições-chave:

1. Salário mensal ou anual‍

Antes de entrares em qualquer discussão salarial, é essencial que esclareças se a conversa é em valores mensais ou anuais, brutos ou líquidos. É importante que todas as partes estejam na mesma página, de modo a evitar possíveis desentendimentos ou confusões. É igualmente importante perceber que um aumento salarial para o trabalhador representa sempre um valor superior para a organização, devido aos impostos e descontos. É por isso que deves saber defender o teu pedido de aumento e, não, o aumento da prestação da casa não é uma justificação válida, porque isso afeta toda a gente, incluindo o teu chefe.

2.  Salário bruto versus salário líquido

Visto que muito provavelmente serás tu quem diz quanto é que deveria estar a receber, é crucial teres em consideração o salário bruto e o salário líquido. Utiliza ferramentas online como a Calculadora de salário líquido do Doutor Finanças e o próprio portal das finanças para saber o quanto, em termos líquidos, é que se irá traduzir determinado aumento bruto no teu salário. Dependendo do teu escalão de IRS, a percentagem varia, e isso também poderá afetar o teu salário líquido.

Relembrando: o salário base bruto é aquele que está previsto no contrato de trabalho; já o salário líquido é o que se recebe após os descontos de IRS e Segurança Social (SS).

Por vezes, um contrato de trabalho prevê algumas rubricas que podem estar isentas de IRS, SS, ou ambos, entre elas:

  • Seguro de saúde
  • Subsídio de alimentação
  • Vales Sociais de infância e/ou educação para os filhos
  • Passe de transportes públicos
  • Plafond de despesas
  • Sponsoring das telecomunicações que tens em casa
  • Ginásio
  • Telemóvel e outros acessórios de telecomunicações
  • Etc.

Discutir este tipo de benefícios flexíveis e isentos de impostos com a tua chefia pode ser uma boa forma de compor o teu salário, sem teres de descontar ou pagar mais taxas.

Mas, e que argumentos devo apresentar?

pedir um aumento - qque argumentos usar

Muitas pessoas apresentam os aumentos no custo de vida como argumento para “precisarem” de aumento. Isto é exatamente o que não deves fazer. Se “a vida está difícil” para ti, também o está para a empresa, e os custos para a mesma também aumentaram, bem como para o teu chefe. O aumento do custo de vida é igual para todos e isso não significa que todos sejam aumentados por consequência.

Deves focar-te, não em porque é que queres ou precisas do aumento, mas sim porque é que o mereces.

Procura responder a cada um destas perguntas e prepara a tua argumentação:

O teu salário atual encontra-se abaixo da média para a tua posição e experiência?

Utiliza ferramentas como a Glassdoor, Teamlyzer ou Reddit para saberes quais são os valores médios dentro da tua área e função. É perfeitamente viável apresentar esta justificação se reunires todos os requisitos, junto de uma performance positiva, claro. Fala com os teus colegas, com os teus pares, ausculta o mercado se for preciso. Podes também perguntá-lo diretamente à tua chefia.

Tens um novo grau académico? Isso é algo que pode ser valorizado pela empresa?

Existem muitas empresas que valorizam a posse de um grau académico. Por exemplo, se desde que entraste na empresa conseguiste terminar a tua licenciatura, mestrado, pós-graduação ou doutoramento, poderá ser um forte reforço na justificação de pedido de aumento salarial. Caso seja algo importante para a empresa, a tua qualificação é sempre um argumento válido para acrescentares valor à organização. Não obstante, para muitas empresas e chefias, certificações e formações específicas, participação em projetos internos ou externos ou qualquer outro tipo de aquisição de conhecimentos e competências são sempre de valorizar e por vezes mais importantes que um grau académico.

Há quanto tempo foi o teu último aumento?

Este tópico nem sempre é consensual, pois há profissionais que alegam que deverás pedir um aumento todos os anos, mas se sofreste uma atualização ou aumento há poucos meses, provavelmente não será a melhor altura para pedir novamente um aumento. Fizeste uma evolução positiva no último ano? Aumentaste a produtividade? Estás mais integrado na equipa e tens tido um contributo cada vez mais impactante nos últimos 12 meses? Então o fator tempo pode ser útil.

Tens feito formações relevantes e valiosas recentemente? Obtiveste alguma certificação técnica?

Consolidar os teus conhecimentos com formações e certificações tem certamente muito peso no teu valor como profissional, especialmente para quem trabalha na área de IT, em que as certificações técnicas são altamente valorizadas. Se desde o teu último aumento ou desde a tua entrada na empresa investiste o teu tempo para te tornares melhor no teu trabalho, deves sem dúvida usar este argumento.

Tens recebido feedback positivo pelos colegas ou pela chefia?

Faz um esforço por te lembrares (aponta, se necessário) de casos específicos onde tenhas recebido feedback particularmente positivo. Este tipo de validação e reconhecimento não são normalmente feitos em vão. Mesmo que o feedback não tenha sido verbalizado, relembra-te dos momentos de sucesso no teu trabalho, aquele problema que resolveste, aquele “fogo” que foste tu a apagar, aquele extra mile que mais ninguém se chegou à frente para fazer a não ser tu.

Tens recebido avaliações regulares positivas?

Ter um track record de avaliações positivas e cumprimento de todos os objetivos é quase um must para dizer “eu mereço um aumento”. Tem isto em consideração. Se o teu desempenho for intocável, então tens contigo um dos argumentos mais fortes.

Tens ido além das expectativas e requisitos das tuas funções?

Se manténs uma postura de fazer apenas o “estritamente necessário” – e tens direito de o fazer – é importante reconhecer que será mais difícil mereceres um aumento. Faz por demonstrar que estás disponível para dar 110%, 120% quando é necessário. Não te esqueças que assinaste um contrato de trabalho e que o valor estipulado foi considerado justo para as tuas funções. Se queres ganhar mais lembra-te que às vezes também é preciso mostrar e fazer mais. Se já fazes mais do que o combinado quando assinaste o contrato, então já tens mais um argumento do teu lado.

És um verdadeiro membro da equipa?

Se és uma pessoa de confiança: trabalhas com vários departamentos, resolves problemas, ajudas as pessoas, és consistente e honesto, então és uma mais-valia para a organização.

Tomas a iniciativa?

Se estás comprometido com o sucesso da empresa, não precisas que te digam o que fazer, tens autonomia e perguntas às pessoas à tua volta como podes ajudar.

Demonstras responsabilidade?

Demonstrar que assumes responsabilidades, mesmo quando a “culpa” do problema não é tua, e que, quando te dão um desafio, o agarras e lhe dás resposta dentro do prazo e com a qualidade esperada, é uma garantia que, ao ser promovido ou aumentado, vais dar um retorno à empresa equivalente a esse mesmo aumento. Colocando-te agora no papel do empregador: se a empresa vai pagar mais, também vai esperar mais, se não acreditar nesse potencial de maior produtividade então será mais difícil fazer a aposta de pagar mais ao colaborador.

Trabalho numa empresa de Outsourcing, e agora?

Mochila Olisipo - CSS to my HTML

Se trabalhas numa empresa de outsourcing e estás a prestar serviço a um cliente, então sabes que é uma relação mais complexa. Mas não é por isso que se torna mais difícil pedir e justificar um aumento.

Se a tua empresa de Outsourcing é um mero intermediário e só faz o antiquado “body shopping”, talvez esteja na altura de mudares de ares. Se, por outro lado, a tua empresa de Outsourcing tem um verdadeiro interesse na tua carreira, se te acompanha regularmente, se te destacou um Talent Manager, se te dá as ferramentas necessárias para trabalhar, esforça-se para te dar formação contínua, se tem em atenção a justiça do teu salário relativamente à média do mercado e se faz pressão junto do cliente para pagar mais pelos teus serviços, então tens na tua empresa um parceiro para negociar.

O teu Talent Manager deve ser a primeira pessoa com quem deves confidenciar sobre a tua insatisfação salarial. Essa é a pessoa indicada para te aconselhar e te revelar informações importantes sobre o cliente e que te vão ajudar a negociar, incluindo algumas das dicas que já leste neste artigo. Quanto mais informação partilhares com o teu Talent Manager, mais ferramentas este terá para, em teu nome, incentivar a empresa-cliente a pagar mais.

Também é o Talent Manager, em nome da empresa de Outsourcing, que poderá saber se a empresa tem algum espaço de manobra para alterar a sua margem de lucro, para te aumentar, no caso do cliente não poder fazê-lo neste momento. Tudo isto é um pouco variável, pois haverá empresas que não partilham esse tipo de informação por necessidade de salvaguardar a negociação entre empresas.

Quando pedir o aumento?

pedir um aumento - quando pedir

Sobre o timing, deves ter em atenção se a empresa vive um momento de crescimento, ou estagnação. Empresas que passem momentos de fragilidade financeira mais dificilmente estarão prontas para distribuir aumentos pela equipa. Por outro lado, se sabes que a empresa bate recordes de faturação e tem um crescimento saudável, podes usar este momento para abordar o assunto.

O momento específico na tua carreira também é importante para saber quando pedir um aumento. Tenta abordar o tema depois de entregar um projeto importante, ou quando a empresa te passa mais responsabilidade; ou no momento da avaliação de desempenho trimestral/semestral/anual. Nestes momentos, a tua chefia direta, para além do teu manager, está a olhar para ti mais individualmente e, portanto, está mais sensível para os teus argumentos.

Quanto pedir?

pedir um aumento - Quanto pedir

Se o tema da conversa é pedir um aumento, tens obrigatoriamente de ter um número em mente. O “não” está sempre garantido e precisas de uma base negocial. Tal como pesquisaste para saber se o valor que recebes atualmente é abaixo de mercado ou não, deverás conseguir identificar um valor que faça sentido relativamente à tua posição e experiência. Podes, por exemplo, fazer o exercício com percentagem para chegar a valores concretos. A inflação, por exemplo, é um valor de referência sempre consensual.

DICA: usa este simulador para calcular o custo total para a empresa. É importante também perceberes o impacto financeiro de um aumento para a empresa. É aqui que tens de usar argumentos válidos para a empresa conseguir justificar este custo acrescido.

Como pedir?

Pesquisaste o que tinhas a pesquisar, estás pronto para marcar a conversa!

Aproveita uma reunião de feedback periódica ou marca uma reunião por tua iniciativa. Garante que é uma reunião formal e não apenas uma conversa de corredor ou de café.

Faz o trabalho de casa

Visto que és tu quem, à priori, abordou o tema de aumento, deves fazer o trabalho de casa antes da reunião. Reúne toda a informação necessária que já mencionámos em cima: desde os valores médios de salários no mercado, a resultados que tenhas cumprido e ultrapassado, a feedbacks específicos que tenhas recebido, a comparação com a performance ou salário dos teus colegas, até às formações e certificações que tenhas completado, traz contigo uma lista de todos os teus argumentos (usa exemplos específicos), a tua munição para o aumento.

A contra-proposta

Mesmo depois de apresentares os teus argumentos, e se te dizem que não? Ora, podes sempre apresentar uma contraproposta. Se pediste um aumento de 10% mas só conseguem ir até 5%, porque não negociar para além do salário? Por exemplo:

  • Pede que te paguem uma formação/certificação que tens em vista;
  • Pede um lugar de estacionamento no escritório;
  • Pede um horário mais flexível e trabalhar alguns dias a partir de casa;
  • Pede para receber ações da empresa (se a empresa tiver essa estrutura/política);
  • Pede um prémio financeiro, que não representa um custo fixo para a empresa;
  • Pede um equipamento que te faça falta.

Muitas vezes pensamos apenas no valor monetário e esquecemo-nos de que existem outros benefícios que nos são úteis, que nos podem facilitar a vida (e a conta bancária) e que para a empresa têm um custo mais reduzido e com menos compromisso.

Pedir um aumento não deve ser um bicho de sete cabeças, mas também não deve ser visto como um dado adquirido. Deves ganhar competências de auto-análise constante, saber argumentar, saber o teu valor, estar a par dos comportamentos do mercado e, quando sentires que está na altura de pedir uma atualização do teu salário, estar preparado para apresentar as tuas razões para tal, e consegui-lo.

E agora, um exercício para ti:

pedir um aumento - TPC
  1. Analisa o teu salário atual e os valores de mercado para a tua posição e experiência.
  2. Quando foi o teu último aumento?
  3. Como analisas o teu desempenho até agora? Tens argumentos relacionados com o trabalho para pedir um aumento?
  4. Se fosses teu chefe, aumentavas-te?

Tira as tuas conclusões e, se fizer sentido, tens neste artigo todas as ferramentas para preparar uma estratégia para um reconhecimento financeiro mais justo.

Tens mais alguma dica sobre este tópico? Uma história de sucesso (ou insucesso) para partilhar? Conta-nos tudo nos comentários ou para diana.pimentel@olisipo.pt .