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5 Vantagens de apostar na certificação profissional em TI

A questão que se coloca é simples: porque é que eu ou a minha organização devemos apostar em Certificações em TI?

Em 2020 a empresa de recursos humanos xPT, que contabiliza os anúncios de emprego disponíveis nos principais portais nacionais, concluiu a existência de um intervalo entre 14 a 19 mil vagas por preencher no sector das Tecnologias de Informação. 

Estes dados não são uma novidade, confirmam apenas a tendência que já era uma realidade antes da pandemia. Em anos anteriores e consistentemente diversos estudos apontavam para uma falta de profissionais qualificados para responder às necessidades das empresas, com números compreendidos entre os 800 mil a um milhão. 

Em 2020 e 2021 há um agravamento deste cenário devido à crise provocada pela Covid 19, que acelerou e concentrou os projetos de transformação digital das organizações. Apesar de conscientes da sua inevitabilidade, as organizações não consideraram esta mudança anunciada como uma prioridade. Não estavam por isso preparadas quando perceberam que a digitalização dos seus processos e serviços seria a única solução para a coesão das suas equipas internas, manutenção de relações com clientes e fornecedores, garantia de continuação e aquisição de novos negócios, enfim, para garantir a sua sobrevivência.

Vantagens da certificação profissional em TI

Há diferentes fatores que contribuem para a valorização dos profissionais e das empresas no nosso mercado. Por um lado, temos os talentos que procuram distinguir-se dos seus pares através da demonstração efetiva da sua qualidade e das suas competências; por outro, as organizações que querem evoluir e destacar-se junto dos seus clientes, demonstrando a excelência dos seus serviços e a apresentação de resultados positivos.

A obtenção ou detenção de profissionais com certificações nas principais competências técnicas, de especialização e comportamentais ganham por isso grande destaque.

1. Aumento de competitividade da organização no mercado

É inegavelmente valioso para as empresas dotar os seus colaboradores de competências certificadas. A organização fica diferenciada entre as demais, dado que os seus talentos aprofundam e complementam a sua formação e conhecimentos segundo padrões internacionais. Com especialistas qualificados em diferentes matérias, há ainda um aumento da produtividade e do desempenho, os resultados globais crescem e a organização ganha maior poder competitivo.

2. Fator decisivo para contratações

Num estudo realizado pela CompTIA a mais de 400 empresas, é revelado que a decisão de contratação de novos colaboradores para as áreas de IT é baseada nas Certificações que estes possuem.

91% dos empregadores acreditam que as certificações em TI desempenham um papel fundamental no seu processo de Recrutamento e que são um forte indicador de sucesso das contratações efetuadas com base neste critério.

93% das organizações afirmam que encontrar profissionais com o perfil adequado para preencher as suas vagas na área das TI é um enorme desafio.

3. Prova de qualidade dos conhecimentos adquiridos

Após o usual investimento numa ação formativa para adquirir novos conhecimentos ou atualizar competências, obter a respetiva certificação é uma forma de comprovar, sobretudo, o rigor com que os conhecimentos foram efetivamente adquiridos. O mesmo estudo referido acima diz-nos que 95% das organizações sente maior segurança na contratação de profissionais certificados, uma vez que estas atestam a qualidade dos conhecimentos que possuem para exercer as suas funções.

4. Aumento na retenção de talento

O sentimento de “realização pessoal” refere-se ao desejo que as pessoas têm de uma realização significativa, por exemplo, ao sentirem que dominam competências profissionais, possuem auto-confiança, controlam a sua vida e querem atingir horizontes sempre mais longínquos ou que correspondam aos seus ideais.

No entanto, as organizações nem sempre reconhecem esta necessidade aos seus colaboradores e, quando não o fazem, isso pode causar-lhes frustrações. Faz sentido identificar estas pessoas fortemente motivadas e garantir que recebem os desafios e a formação continuada de que precisam para se manterem investidos nos seus projetos. Os colaboradores que estão satisfeitos são mais leais e a probabilidade de procurarem outras oportunidades é menor. Evita por isso a procura sempre difícil por substitutos, que demoram sempre algum tempo a adaptar-se ao trabalho e à equipa. E por falar em equipa, estes recursos contagiam ainda os seus colegas com a sua boa disposição e sentimento positivo com a organização, provocando uma sensação de bem-estar generalizada.

5. Evolução, reconhecimento e credibilidade

Por fim, e em linha com as vantagens anteriormente citadas, a certificação em TI promove a melhoria dos resultados individuais e globais.

No estudo IT Skills and Salary Report, mais de metade dos profissionais que têm certificações dizem que a qualidade do seu trabalho aumentou e 15% refere que comete menos erros.

Desta forma, os profissionais não só vêem o seu percurso reconhecido, diferenciando-se dos pares pela qualidade dos resultados, assim como esse aumento de competências e know-how eleva a performance dos projetos em que se encontram inseridos. Assistimos assim a um aumento da qualidade dos serviços prestados pelas suas entidades empregadoras, o que atrai mais clientes e melhores colaboradores.

Como se obtêm certificações?

Para testar conhecimentos e obter certificações sobre competências adquiridas existem centros de exames, certificados também eles para o efeito.

O centro de exames da Olisipo é certificado pela Pearson Vue, a maior entidade a nível mundial de acreditações tecnológicas, o que nos permite realizar exames de certificação da grande maioria dos fabricantes de software.

De modo a determinar quais as certificações mais indicadas, aquelas que pretende obter ou em que pretende certificar elementos da sua equipa, é importante avaliar pré-requisitos e eventuais necessidades de formação complementar. A equipa Olisipo está disponível para indicar, esclarecer e apresentar as soluções que mais se adequam às suas necessidades, projetos de evolução e crescimento organizacional. Em conjunto, analisamos as diferentes opções e definimos os passos seguintes.

Caso tenha já identificado quais os exames a realizar, contacte-nos para o agendamento. 

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Equipa Opinião

Promoção para além da (in)competência

O Principio de Peter já não engana ninguém: cada vez menos as empresas promovem os seus quadros com base no bom trabalho anterior e cada vez mais procuram garantir que o promovido oferece o mínimo de garantia de sucesso no cargo para que está a ser escolhido.

Assim como é cada vez mais comum ver líderes em direcções que não são as suas áreas de formação ou competência. A competência não perdeu importância, mas outros valores estão a ganhar relevância no algoritmo de escolha de parceiros de liderança e responsabilidade.

Aprender com a equipa

O espírito de equipa é solidariedade em ação. Mas é também sede de aprendizagem, porque há sempre algo a aprender com cada elemento da equipa e algo a acrescentar com os nossos conhecimentos.

“Sozinhos, vamos rápido. Juntos, vamos longe” é uma máxima que orienta o trabalho há muito nas organizações mais bem sucedidas. E esta lição serve tanto para colaboradores como para chefias e team leaders, que devem organizar o trabalho e orientar a equipa sempre com uma visão de entre ajuda, ao mesmo nível, com abertura e postura transparente.

Devemos aproveitar todas as oportunidades para colaborar com quem precisa, transmitindo o que sabemos e expandindo esses mesmos conhecimentos. É uma tarefa fora da nossa equipa? Um projeto fora da zona de conforto? Um desafio em contra relógio? Então abraça-se com o entusiasmo de quem vê o mar pela primeira vez e segue-se sem receio.

Ir mais além

Mostrar disponibilidade é muito importante para nos posicionarmos para outras responsabilidades. Ficarmo-nos pelas nossas funções não leva os outros a perceber que podemos ser a resposta em outros cargos, limitando a evolução e o aproveitar de outras oportunidades profissionais.

A formação contínua e a atitude humilde de quem admite não saber tudo mas vai à procura de respostas é outra característica muito valiosa na escolha de alguém para promover. Porque podemos não saber como vai conseguir responder aos novos desafios mas sabemos que quando confrontada com um desafio vai à procura de solução e de ajuda, vai aprender para conseguir responder e não apenas sacudir ou adiar resolver o problema.

Uma daquelas máximas óbvias da vida aplica-se muito bem quando estamos a falar da nossa carreira… se é verdade que o trabalho extra e duro não garante uma promoção é mais que garantido que não o fazer só pode levar à estagnação. Por isso trabalhar muito e bem é de longe a melhor estratégia para sermos reconhecidos, mesmo que nem sempre o sejamos e nem sempre a escolha do promovido seja justa.

Promover até à incompetência?

O princípio de Peter diz-nos que um profissional será promovido até à sua incompetência, ou seja, até encontrar o seu calcanhar de Aquiles. E como se trabalha a partir daí? É aqui que precisamos de virar este dilema ao contrário: se na nossa área de conhecimento iremos, inevitavelmente, esbarrar com a nossa própria incompetência na matéria, então a estratégia passa por dar resposta a mais do que é nossa responsabilidade.

Sermos bons em mais do que uma coisa e assumirmos responsabilidades para além das nossas competências são, ao mesmo tempo, formas de assegurar à chefia que não somos um “Peter”, já que dominamos várias matérias e estamos disponíveis para resolver problemas e aprender. E assim também eles não estão a fazer uma escolha “cega” quando nos promovem, baseada simplesmente naquela que é a nossa capacidade/função atual.

A promoção acertada

É muito habitual a crítica aos “lambe-botas” e aos chefes que escolhem pessoas aparentemente incompetentes para funções de topo, mas há mais para além daquilo que é visível. A responsabilidade da escolha e a importância de uma boa delegação é uma preocupação enorme para um chefe que quer promover alguém na equipa.

Quando escolhemos a nossa equipa não o fazemos para ser simpáticos ou pagar favores, promover pela antiguidade ou outra qualquer razão, não nos ajuda na nossa tarefa, não nos ajuda a atingir mais resultados nem tão pouco nos descansa para nos podermos focar e dedicar a outros temas.

A promoção serve o principal objectivo de partilhar responsabilidade e nos rodearmos de quem nos ajude a chegar onde sozinhos não conseguimos. Promover alguém deverá então surgir da necessidade de ter outra cabeça a chefiar os assuntos que temos em mãos, a dar resposta às dificuldades e desafios que surgem, a acrescentar capacidade produtiva a nós mesmos. 

Nesse sentido, sempre procurei incentivar e promover não aqueles que são bons nas suas funções mas aqueles que me garantem sucesso nas novas funções e mais que isso que se disponibilizam, de forma consistente, para ajudar os outros e me ajudar a mim.

Uma das principais características que procuro em alguém para ser promovido é a capacidade de aprender com o erro, ao invés de fugir dele e ignorar o potencial de aprendizagem que oferece. Alguém que agarra os problemas “pelos cornos” e que não se importa de errar ao tentar responder a um desafio. Mais que isso, alguém que está disposto a assumir a responsabilidade de resolver problemas causados por outros.

Eu preciso de alguém que esteja disponível para resolver qualquer problema e não apenas os que ele próprio causou.  Essa é de longe, para mim, a característica mais importante das pessoas que escolho para a minha equipa: que se foquem nas respostas em vez de na análise das culpas.

Confiar e ensinar

A confiança é essencial na escolha de alguém para a nossa equipa. Nós precisamos de nos rodear de pessoas em quem confiamos, que não nos vão “cortar as pernas” ou boicotar para servir interesses pessoais em detrimento da equipa.

Por isso, a honestidade deve ser sempre premiada em detrimento dos “Yes man” que nos respondem sempre aquilo que queremos ouvir, em vez de nos porem em causa e nos ajudarem a tomar as decisões certas.

Ninguém gosta de ser contrariado, ouvir que fez algo mal ou que está a decidir algo errado. Mas muito pior é percebermos que o fizemos e quem estava ao nosso lado não nos avisou para tal, não nos disse a verdade – com receio de reprimendas ou simplesmente porque não tem essas competências fundamentais de questionar as coisas e liderar os outros.

Os chefes também precisam de crescer e de aprender, e só o fazem através dos ensinamentos dos outros. Sabe sempre bem ao nosso ego levar umas “palmadinhas nas costas”, mas para nos acompanhar para a vida e em momentos difíceis precisamos de alguém que nos diga de forma genuína o que pensa e o que estamos a fazer de errado.

Só através da sinceridade e crítica podemos crescer e ser melhores profissionais, sendo isto válido para qualquer profissional independentemente da sua posição hierárquica na empresa. Quem chefia deve procurar, por um lado valorizar competências para liderança e estar atento a potenciais por desenvolver e, por outro, estar disposto a aprender também com quem escolher para essa posição, aceitando e dando as boas vindas às críticas.

Honestidade, lealdade, disponibilidade e humildade são valores cada vez mais relevantes na escolha de alguém a promover, sobretudo se for alguém para trabalhar directamente connosco e com quem pretendemos partilhar responsabilidades, problemas e sucessos.

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Opinião

A dimensão da equipa ideal

A gestão de colaboradores pode ser otimizada através da dimensão da equipa, embora em certos casos isso não possa ser totalmente controlado ou previsto. Mas será que há um número certo?

Há quem defenda que 7 é o “número mágico” no que toca à quantidade de elementos dentro de uma equipa. Não vou tão longe ao definir um número certo, mas sem dúvida que há uma dimensão ideal no grupo de trabalho que o team leader tem a seu cargo.

Dimensão da equipa

O estratega de marketing Seth Godin tem uma visão curiosa e realista do assunto. Diz precisamente que para entender como uma equipa se meteu em problemas devemos olhar para o número de membros que a compõem. Coincidência? De todo, porque de facto a dimensão da equipa é determinante para os seus resultados.

A expressão “três é uma multidão” (do inglês “three is a crowd”) não se aplica, de todo, ao trabalho em equipas. Um grupo de apenas três pessoas é demasiado pequeno para trazer a variedade necessária, os pontos de vista diferentes, o confronto de ideias e, por isso, a evolução da equipa. Há pouca diversidade de competências e, por isso, o seu desenvolvimento está limitado.

Por outro lado, uma equipa de grandes dimensões traz a difícil tarefa de gerir de forma individual e com atenção cada colaborador. Nestes casos, em equipas com mais de 9 pessoas, rapidamente se perde o contacto mais pessoal e se verifica como a competição evolui para níveis pouco saudáveis…

Na tentativa de se destacarem entre um grupo tão grande, os elementos da equipa podem tornar-se mais individualistas, olhando apenas para o seu esforço e próprio benefício. Perde-se o espírito de união e coesão, que tanto contribui para os bons resultados dos colaboradores e da organização.

O efeito de Ringelmann é muito claro sobre a dimensão da equipa. Segundo este princípio, adicionar infinitamente mais pessoas a uma equipa não aumenta a sua performance, muito pelo contrário. O aumento de produtividade é uma linha curva que, dependendo de factores relacionados com o contexto da equipa, atinge o seu pico máximo de produtividade quando as equipas têm 6 elementos.

Resolver o problema

Surge então uma questão: como escalamos um negócio se não devemos ter mais de 7 pessoas por equipa?

A resposta é simples: multiplicando as equipas.

Se uma aplicação demora 1 ano a fazer com 5 programadores, para concluirmos em 6 meses não serve duplicar a equipa, o que precisamos fazer é dividir as tarefas ao meio e entregar cada parte a cada equipa de 5.

Assim, a minha recomendação para a dimensão da equipa fica entre os 5 e os 7 elementos. Por um lado, é um número suficiente para garantir a troca de conhecimentos e aprendizagem em conjunto. Por outro, o grupo não se dispersa nem perde contacto mais individualizado com o team leader.

Impacto na gestão

Nos diversos projetos e experiências por onde passei, pude observar como a quantidade de elementos na equipa influencia o trabalho de todos – team leader incluído.

Um grande grupo traz dificuldades a nível da gestão, desvalorizando a atenção individualizada. Numa equipa de grandes dimensões, torna-se complicado para o team leader atender a cada questão, dificuldade ou assunto de forma personalizada.

Vemos isto, por exemplo, nas escolas. As turmas com cerca de 30 alunos, a cargo de um só professor, trazem inúmeras dificuldades, a começar pela atenção que é dada a cada aluno.

Da mesma maneira, as equipas são prejudicadas quando há um grupo demasiado grande para gerir. Cerca de 90% do tempo do chefe de equipa é passado a comunicar com os colegas, sendo 20% desse tempo ocupado a resolver conflitos e dificuldades.

As virtudes e pontos fortes de cada um podem não ser aproveitados totalmente, os pontos fracos não são colmatados ou atendidos. Por consequência também os resultados globais sofrem, uma vez que os individuais são descurados.

Por isso mesmo, Seth Godin dá-nos três razões para manter a equipa reduzida:

  • simplificar a coordenação – o trabalho e os resultados são mais rápidos;
  • potenciar a aprendizagem – menos complexidade na formação inicial para desenvolver as tarefas;
  • melhorar o período de lançamento dos resultados – processos de gestão e acompanhamento da equipa ficam simplificados.

Com uma equipa mais pequena é possível o team leader combinar potencialidades da melhor forma, organizar tarefas que tirem o máximo partido das capacidades individuais e criar os desafios certos tendo em conta os conhecimentos de cada um.

Quanto melhor se conhecer cada elemento da equipa, melhores serão os resultados no conjunto. Para isso, é preciso dedicar tempo aos colaboradores e atenção no dia a dia ao trabalho de cada um, assim como ouvir e solucionar dificuldades que surjam.

Ao mesmo tempo, o próprio team leader ganha outras skills de gestão individual, expande métodos de trabalho, alarga conhecimentos, melhora a forma de colaborar e gerir os colaboradores.

A dimensão da equipa impacta a performance dos seus elementos e do seu team leader, pesando nos resultados globais. Dentro do possível, deveremos manter essa dimensão ágil para conseguir aproveitar as capacidades técnicas de cada colaborador e atender às especificidades de cada indivíduo. Seja a curto, médio ou longo prazo, a organização só tem a ganhar com isso.

Créditos imagem: Roberta Mancino, Giovanni Silvestri, Andrey Karr, Luca Tondelli, and Maurizio Di Palma. Photo by Noah Banhson. Credits: Roberto Cavalli

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Opinião

Just like herding cats: os perfis diferentes numa equipa

A ideia à partida faz tremer qualquer gestor ou chefe de equipa. Gerir perfis diferentes dentro de uma equipa é um desafio que traz dificuldades, conflitos e questões. Mas é também o segredo para o crescimento e resultados excecionais.

Há uns anos cruzei-me com o conceito curioso de “Herding Cats” (ou pastorear gatos) a partir de um anúncio publicitário de uma empresa que geria uma série de matérias diferentes e, aparentemente, inconciliáveis.

Porque a ideia de pastorear gado é tranquila, mas já alguém pensou no desafio de o fazer com gatos? Todos com personalidades vincadas e distintas, que não acatam ordens e que dispersam para qualquer lado, são um rebanho difícil. E quem conseguir concretizar essa tarefa hercúlea tem um verdadeiro dom.

Passa-se o mesmo nas nossas equipas, onde os perfis técnicos podem ser semelhantes mas as personalidades nunca o serão totalmente. E nem convém que assim seja, porque a equipa só tem a ganhar com a variedade trazida por cada elemento.

O mito das almas gémeas

Enquanto team leaders ou gestores, queremos construir uma equipa o mais coesa possível, onde aproveitamos ao máximo as capacidades, talentos e conhecimentos dos nossos colegas. Queremos mostrar ótimos resultados, mantendo a equipa próxima, num espírito de entreajuda e colaboração. 

Numa primeira experiência podemos correr o risco de achar que isso só é possível se todos os elementos da equipa forem iguais, a nível de personalidade, gostos e métodos de trabalho. Mas de que forma pode haver trocas de conhecimentos e pontos de vista se os colaboradores são tão parecidos? O que podem, realmente, uns acrescentar que outros não saibam já?

É natural que queiramos fomentar o melhor ambiente de trabalho possível, encontrando pessoas com personalidades semelhantes (e que aprovamos) para compor a equipa. No entanto, a médio prazo percebemos que isso não traz a riqueza de conhecimentos, o confronto de ideias e os resultados inovadores que procurávamos inicialmente. Para isso é preciso que os elementos da equipa sejam diferentes, tenham experiências de vida diferentes, visões e opiniões diferentes, conhecimentos e competências diferentes, no fundo que se complementem. 

Procurar o complemento

Se à primeira vista ter pessoas tão diferentes numa equipa parece uma dor de cabeça, devem mudar os óculos com que olham para este desafio.

De que forma esperamos aprender se trazemos perspetivas, pontos de vista, métodos de trabalho e organização sempre iguais? Numa discussão não há, realmente, novidade. Pode haver um ou outro novo detalhe, mas nada que traga de facto mudança ou disrupção.

É na diferença e no choque que reside o crescimento, a evolução da equipa e os resultados mais inovadores no trabalho. Por isso, abandonem a zona de conforto e procurem acrescentar perfis diferentes `às vossas equipas. Ao mesmo tempo, este desafio traz também crescimento à própria chefia: pode ser difícil gerir tanta diferença e lidar com o conflito que surge do individualismo. 

Nesses momentos, mais que nunca, é importante recordar que se colabora para o mesmo propósito, mas esta mensagem deve ser reforçada individualmente, tendo em conta as particularidades de cada colaborador. Assim, mais facilmente se explica o propósito e a mais valia de cada elemento numa equipa, trabalhando para a coesão.

Devemos procurar perfis diferentes, a nível comportamental, para a organização. Só assim conseguimos complementar conhecimentos, ideias, projetos, iniciativas, ver o que antes não víamos. Uma equipa com perfis variados cresce junta.

Não queremos almas gémeas, porque aí reside a previsibilidade e a estagnação. Queremos antes um “bando de gatos”, cada um com a sua personalidade, forma de estar e de trabalhar. Será o grupo mais desafiante e também aquele com maior potencial.

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Opinião RH

Desafios presentes e futuros no mercado de fornecimento de RH

No rescaldo da distinção da Olisipo nos Melhores Fornecedores RH 2020, a revista PESSOAS convidou-nos a escrever sobre os desafios do presente e do futuro. Estas são as respostas do Bernardo Mota, COO da Olisipo, com base na nossa experiência e nas tendências observadas e não em futurologia.

Os maiores desafios atuais do mercado de fornecimento de recursos humanos

De forma simples e directa: responder à crescente procura e garantir a retenção dos quadros. Já não é uma novidade o enorme desequilíbrio entre oferta e procura no mercado de profissionais de TI em Portugal. Este gap provoca não só uma enorme pressão no processo de pesquisa e selecção mas também na retenção dos quadros a custos controlados para as empresas.

Se uma das respostas óbvias passa pelo aumento de investimento em universidades e escolas técnicas, na Olisipo achamos que outra vertente será claramente a reconversão de carreiras, até pelo natural processo de eliminação de profissões decorrentes da evolução tecnológica.

Neste sentido o mercado de formação também terá de se adaptar a esta velocidade e objectivo, alterando os seus cursos de modo a aproveitar as competências existentes para as complementar de modo a responder aos perfis técnicos mais requisitados pelo mercado. No fundo é seguir no mercado da formação a mesma tendência de usar metodologias agile que se está a observar na gestão de empresas.

E os próximos 5 a 10 anos?

Muito diferentes, tendo em conta o ritmo do desenvolvimento tecnológico e da forma como tem mudado as organizações. O conceito de trabalho remoto, deslocalizado e descentralizado é uma tendência que se está a afirmar e que poderá ainda levar o seu tempo a ser expressiva, mas será tão ou mais transformadora do que outros exemplos que observámos nos últimos anos. As empresas vão poupar em instalações e os funcionários em deslocações. Vamos perder interação entre equipas mas ganhar qualidade de vida. Vamos trocar alguma cooperação por grandes ganhos de produtividade.

Para as empresas de outsourcing nas áreas das tecnologias, o mercado vai continuar a crescer graças às operações de nearshore, ou seja, graças a clientes longe do sítio onde vivem e trabalham os seus técnicos. Aliás, é o crescimento acentuado do mercado de nearshore que vai acabar por forçar o mercado em geral a adoptar a tendência do trabalho remoto, pois é exatamente dessa forma, com a deslocalização de equipas, que o mercado vai poder continuar a crescer…

Finalmente, relativamente a profissões e perfis, tudo aponta para o reforço da procura nas vertentes da Inteligência Artificial; Serviços Cloud e Automação.

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Opinião

A liderança não é só para sábios

Num mundo de elevada produtividade e inovação constante, é crescente a pressão sobre a chefia e a liderança de equipas. Frequentemente me vejo na obrigação de explicar a diferença entre os dois papéis e serve este artigo o mesmo objectivo. 

Não tenho como garantido que esteja certo. Trata-se apenas daquilo em que acredito e agradeço ouvir pontos de vista diferentes ou sugestões de aperfeiçoamento na abordagem.

Diferença entre chefia e liderança

Um chefe para mim tem um papel muito administrativo, é MESMO a base da pirâmide invertida: o principal papel que tem é o de dar suporte à sua equipa, fazer tudo o que puder para facilitar o trabalho, dar as ferramentas e definir os procedimentos que melhor servem à sua produtividade. Depois “sai da frente” para deixar a equipa trabalhar no dia-a-dia, embora muito disponível para ajudar sempre que surgirem dúvidas, problemas ou seja necessário tomar uma decisão urgente.

Já um líder não tem de todo de ser chefe, nem tão pouco ser único por equipa. Qualquer um pode e deve assumir um papel de liderança dentro de uma equipa. Servem os lideres para motivar colegas, para se chegarem à frente nos desafios e para não deixarem ninguém para trás.

Chegar a chefe é simples, tal como é referido no princípio da Incompetência de Peter, que reconhece como num sistema hierárquico todos são promovidos até encontrarem a sua incompetência. Basta fazer um bom trabalho e esperar, pois algum dia chegará a promoção e a responsabilidade acrescida de responder pelos resultados de uma equipa.

Por outro lado, ser líder parece ter assumido um papel de exagerado destaque, em que a maioria tem vergonha de se rever como tal e ser chamado como tal. E é assim porque hoje se assume que um chefe é um ser autoritário e controlador e um líder um ser perfeito. Na minha opinião nenhum destes preconceitos faz sentido.

A gestão do futuro

Já lá vão os tempos de chefes autoritários, afinal o mercado de trabalho é hoje muito aberto e diversificado, ninguém tem de trabalhar para uma besta. Também já não faz sentido o papel controlador que se lhes atribui: se não confiamos nas pessoas da nossa equipa, então algo foi mal feito anteriormente – ou na identificação das pessoas certas para a equipa, ou no equilíbrio entre a autonomia e responsabilidade que lhes foi passada.

Já no lado dos líderes o problema parece ter a ver exactamente com essa carga enorme que o título traz consigo. Não só se espera que um líder seja perfeito como o seja permanentemente. 

Mas a imperfeição é uma característica fundamental de um bom líder: porque comete erros como qualquer mortal, é incompetente como qualquer profissional, também se desmotiva e desanima como qualquer pessoa. E é com todos esses defeitos que tem a humildade de aprender a ser melhor colega e consegue ter a empatia necessária para ajudar e reconhecer o valor dos outros.

Os líderes não se designam nem se auto-elegem, nem têm de o ser de forma permanente e eterna. Todos somos líderes em alguns momentos, todos assumimos papéis de liderança espontânea e momentânea sobre alguém ou dentro de alguma equipa. E era muito bom que tal acontecesse de forma assumida para que a vergonha e o pedestal deixassem de estar agarrados a esse estatuto.

Reconhecer a liderança

Drew Dudley explica muito bem este papel no vídeo abaixo, mas também salienta outro aspecto interessante do papel de um líder, que se prende com a normal e saudável despreocupação destes em relação ao reconhecimento. 

É verdade que ninguém deve ser líder motivado pelo agradecimento dos outros, mas é igualmente relevante perceber como poucas pessoas reconhecem os momentos em que alguém, por algum motivo, foi líder e chave para alguma situação na sua vida.

Para mim, essa falta de reconhecimento tem dois grandes problemas. Primeiro, tal como Dudley afirma, não ajuda a desmistificar o estatuto. Não temos de ser todos Gandhi ou Madre Teresa. Se ser líder ou ter uma atitude de líder fosse mais reconhecido, talvez as pessoas não tivessem tanta vergonha em assumir esse papel tão importante. 

Segundo, se não agradecemos esses atos de liderança, pequenos ou grandes, então o “líder” não vai perceber a importância que teve junto de nós e quão certa foi aquela atitude. Abre-se a porta a que, numa próxima oportunidade, se acanhe devido à incerteza de estar a ajudar ou a piorar a vida dos outros.

Separar as funções

No meu entender, é simples resolvermos isto: separamos as funções de chefe e líder, assumimos que os líderes são tão ou mais importantes para uma equipa do que um chefe e passamos, sem demasiada carga, a reconhecer e agradecer os gestos de liderança.

É precisamente assim que funciona, por exemplo, uma equipa de futebol. Ao treinador cabe o papel de escolher a equipa, definir a tática e observar o seu cumprimento durante o jogo, ele é o responsável máximo da equipa. Mas é ao capitão, capitães ou até a todos os jogadores, que cabe o papel de lideres em campo. De motivar os colegas, de ir em seu socorro quando têm problemas, de nos juntarmos a eles nas celebrações e no reconhecimento de um bom trabalho.

Ainda no futebol temos um bom exemplo disso. Cristiano Ronaldo é um líder incontestável em campo, mas não é o chefe, não é o maestro, nem tão pouco o responsável pela equipa. Mas faz toda a diferença quando está presente e a importância que tem é claramente reconhecida por todos.

Embora pareça simples, esta mudança de mentalidade e diferenciação entre chefes e líderes tarda em acontecer. O mundo evolui muito rapidamente mas, por alguma razão, as organizações e as pessoas mantêm essa obrigação de um chefe ter de ser um bom líder e o comum dos mortais nunca ter reconhecimento pelos seus gestos de liderança.

Já é tempo de as equipas nomearem o elemento facilitador e analítico como chefe e passarem a reconhecer a importância de todos terem pequenos momentos de liderança, devidamente reconhecida.

Deixo por isso o desafio. Assumam-se como os líderes que são e agradeçam os gestos de liderança que os outros tiveram sobre a vossa vida. Reconheçam e falem das atitude que, por qualquer razão, fizeram diferença positiva na vossa vida: os responsáveis merecem saber da importância que tiveram.

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Inovação Opinião

Parar é morrer: as empresas precisam de estar sempre a inovar

Se há lições a tirar em momentos desafiantes como o que atravessamos, o facto de que é preciso inovar constantemente parece-me ser uma das mais relevantes. Sobretudo nas empresas há que manter esta máxima sempre presente, ou a empresa corre o risco de estagnar e/ou desaparecer.

Historicamente, não são os mais fortes que sobrevivem mas os que melhor se adaptam às alterações. E isto aplica-se a gestores, a empresas, a líderes, a mercados, a comuns mortais…

Quando a Apple lançou o iPhone em 2005, a reação de Steve Balmer, CEO da Microsoft, foi de gozo: “500 dólares, sem teclado? É um desperdício de dinheiro e nunca vai funcionar”

Mais de uma década depois, os modelos de iPhone continuam a competir no topo do mercado de smartphones.

Este é apenas um dos milhares exemplos que vêm provar como o mercado se altera – e como só quem se adapta resiste. Haverá outros tantos exemplos perdidos para sempre na história, que nos mostram como a resistência à mudança ou fraca capacidade de adaptação não trazem mais que a morte dos negócios e empresas.

Os desafios no mercado são inúmeros:

  • Startups que proliferam e desafiam padrões;
  • Competidores que se reinventam e forçam mudanças nos modelos de negócio;
  • Gigantes que ameaçam “engolem” os mais pequenos;
  • Mercados inteiros que entram em auto-destruição através de guerras de preços
  • Governos e/ou reguladores que alteram significativamente as “regras do jogo”
  • Consumidores com novas necessidades que exigem novos produtos e serviços de maior qualidade.

Por isso, desengane-se quem acha que manter o negócio ao longo dos tempos é apenas uma questão de dinheiro e resiliência. É claro que isso ajuda, mas o segredo está numa mente crítica com capacidade para prever situações, criar soluções e adaptar-se tanto à mudança como às adversidades.

A importância de testar e falhar

Se o plano A falha, não é só preciso um plano B mas muitos outros. Com muitas experiências vamos “afinando a máquina”, conseguimos corrigir o que ficou mal e testar novas soluções.

Os processos de inovação não são necessariamente maus quando falham, mas é preciso que falhem tão rápido quanto possível, para rapidamente se aprender com o erro e repetir o processo de pensar, testar e instaurar novas ideias.

Quando nos parece que encontramos uma ideia que resulta, não paramos o processo de inovação, simplesmente viramos o foco para outra área, um novo produto, mercado ou modelo de negócio.

O responsável pela inovação

O papel que a inovação ganha nos dias de hoje, à luz do que vivemos, é tão relevante que não deve ser nem entregue ao CEO nem dividido pelas chefias intermédias. As organizações devem procurar identificar alguém que, transversalmente por toda a empresa, trabalhe com todas as chefias. O objetivo é promover essa cultura tão ágil quanto possível, que fomente a criatividade, as experiências, e que não permita que o medo de errar se torne castrador.

  • Analisar de forma transversal a cultura interna de trabalho e o mercado onde a empresa opera;
  • Promover e premiar experiências (e erros);
  • Incentivar mudanças organizacionais e de métodos de trabalho;
  • Garantir a comunicação interna de modo a manter toda a equipa informada e alinhada.

Para a empresa que instaura uma verdadeira cultura de inovação, qualquer momento de disrupção será acolhido como um novo desafio a conquistar, uma oportunidade de inventar algo novo e não como uma adversidade ameaçadora.

Independente de a empresa estar bem ou mal, qualquer altura é o momento certo para inovar. Se está a atravessar um mau período, a sua reinvenção é a bóia de salvação; é preciso tentar algo diferente do feito até ali e que não resulta mais. Se estiver ótima, então é a altura ideal para testar novos processos, aproveitando a “folga” que tem e conquistando a mudança.

Afinal como diz Tom Peters: “Estão demasiadas coisas a acontecer demasiado depressa para o remediado ter sucesso”.

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Opinião

Em que medida a pandemia impeliu, de facto, a disrupção tecnológica?

A pandemia trouxe de facto enormes desafios e incertezas às empresas e instituições, não só obrigou a uma adaptação extraordinariamente rápida como empurrou muitos negócios para facturação zero de um dia para o outro. Nesta crise o futuro não aparece como uma boia de salvação mas sim como uma gigante catarata onde, sem sabermos quando e em que dimensão, todos vamos cair.

Se em alguns casos, o layoff, a redução de pessoal ou mesmo o fecho de atividade poderá ter sido a única opção, a maioria das empresas procurou responder ao desafio e apostar na sobrevivência, investindo na adaptação e reinvenção do seu negócio, na forma como operam e gerem os seus negócios e stakeholders.

O tratamento de documentos, as transacções monetárias, os contactos sociais, as reuniões e quase todos os ciclos de venda foram alterados por esta pandemia. Foi uma verdadeira “wakeup call” que obrigou todos os gestores a modernizarem-se para digitalizar o que ainda tinham em papel, ou passar para a internet o que ainda era feito de forma presencial. Em muitos casos essa tranformação já se previa como o futuro mas ninguém esperava que fosse tão cedo e muitos não estavam preparados para ter de o fazer tão forçada e rapidamente.

A tecnologia apareceu assim como a grande ferramenta de adaptação e é hoje ainda mais relevante para o funcionamento e crescimento de qualquer organização. Ainda falta perceber quanto tempo vai durar esta pandemia, ou se vai sequer terminar, porque quanto mais tivermos afastados fisicamente dos outros, dos papéis, das reuniões e das deslocações, mais vamos ter de recorrer à tecnologia para alterar os processos e a forma como trabalhamos.

A tecnologia foi e continuará a ser a grande ferramenta da inovação e quanto mais for explorada maior serão as oportunidades para as organizações. Mas a base de sustentação, ou o valor supremo de qualquer organização, continuará a ser as Pessoas, como disse Henry Ford: “Se me tirarem as fábricas mas deixarem as pessoas, rapidamente construirei novas e melhores instalações, mas se me tirarem as pessoas todo o meu negócio acabou”. Por isso, perante uma grande crise as empresas com bom-senso nunca abdicarão das suas pessoas, porque elas vão continuar a ser o maior elemento diferenciador da recuperação e crescimento.

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Utilizar perfis para saber a eficácia da formação

Uma das perguntas mais desafiantes a ser respondida pelos profissionais responsáveis pelo desenvolvimento profissional dos seus colaboradores é: “Como sabemos a eficácia do projeto de formação que implementámos? Funcionou?”

Esta questão é antiga e um tópico de extrema importância, numa altura em que, cada vez mais, o papel dos Recursos Humanos se torna fulcral a este nível, face às exigências crescentes de um mercado em rápida evolução.

Todos os projetos de desenvolvimento de competências, começam com o estabelecimento de metas e objetivos de desempenho. Afinal, se não souber o que pretende alcançar, como saberá se o conseguiu? Embora saibamos que a melhor prática é tornar estas metas mensuráveis, precisamos de ter a certeza de vinculá-las aos resultados do negócio. Comece por responder a estas principais perguntas:

·     Quais os comportamentos que queremos mudar?

·     O que está a acontecer agora? (seja específico; o que observa?)

·     Como pode ser medido? (seja específico; que metas quantificáveis pode recolher e analisar?)

·     Como poderemos saber se o que planeámos teve sucesso? Existem métricas quantificáveis?

Se souber o que precisa de alcançar, será que também saberá como identificar a diferença de resultados, consoante o público-alvo? É frequente utilizarmos perfis de público-alvo quando desenhamos o nosso levantamento de necessidades. Contudo, devido a constrangimentos de tempo, de orçamento ou outras restrições com que nos deparamos, procuramos eficiências e sobreposições e tentamos criar uma experiência partilhada que abranja a maioria das necessidades dos colaboradores.

No entanto, se as necessidades do seu público-alvo diferem, é importante analisar e olhar para os resultados de igual forma. Uma maneira de fazer isto, é criando perfis.

Por exemplo, no âmbito de uma formação comportamental, ao utilizar perfis para análise, poderá agrupar os formandos e analisar os seus dados a um nível mais aprofundado. Desta forma, conseguirá acompanhar e medir as mudanças de mentalidade ocorridas. Este processo requer ir além da definição padrão de “função” e pensar sobre como os alunos vão interagir com o conteúdo e como poderão fazer mudanças significativas e duradouras, resultantes da sua experiência de aprendizagem.

Aqui estão três etapas para avaliar a eficácia da formação, utilizando perfis:

1.    Crie perfis adequados de público-alvo

Os perfis definem como o público se vai interessar pelo conteúdo. Por exemplo, vamos usar a motivação como perfil de organização de uma qualquer ação de formação:

  • Empreendedor: esta pessoa está entusiasmada, envolvida, ansiosa para aprender e disposta a partilhar feedback.
  • Hesitante, mas envolvido: esta pessoa não tem muito bem a certeza sobre os objetivos da formação, sobre o que é esperado em relação a si, ou sobre o que lhe está a ser pedido. Contudo, está disposta a tentar e espera resultados imediatos, que a levem a uma mudança duradoura e sustentada.
  • Resistente: esta pessoa não está animada nem recetiva ao projeto. Necessita que lhe lembrem frequentemente quais os resultados expectáveis e os objetivos a atingir.

Agrupar os colaboradores desta forma não é totalmente científico, pois é baseado nas suas percepções relativas à motivação das suas pessoas. Contudo, ninguém conhecerá melhor a sua organização. Considere por isso o que funciona para o seu ecossistema e os resultados que deseja alcançar com os projetos de formação que pretende realizar.

Esta segmentação poderá assim ajudar a analisar até que ponto conseguiu mudar uma mentalidade ou um conjunto de comportamentos-chave.

2.    Crie Questionários

Os questionários permitem recolher as melhores informações de uma amostra representativa de cada perfil. Comece com conjuntos de perguntas que se aplicam a todos os grupos; em seguida, comece a detalhar as questões, para ver onde há semelhanças e diferenças na forma como os colaboradores adotaram e aplicaram as novas competências.

Utilizando a definição de perfis como um guia, poderá aumentar ainda mais a especificidade das suas medições, para uma compreensão mais aprofundada dos seus colaboradores. Por exemplo, poderá testar a precisão, relevância e usabilidade do projeto de formação, logo, a sua eficácia. Usando um exemplo, digamos que tenha criado, ou pedido a um fornecedor, um curso para ajudar os líderes a adotarem práticas de diversidade e inclusão para fechar as lacunas conhecidas na organização a este nível.

3.    Teste

Escreva perguntas que captem cada ponto principal e considere utilizar uma escala de 1 (discordo totalmente) a 5 (concordo totalmente).

  • Precisão: Quão exata foi a informação partilhada?
  1. Foi claro que há uma necessidade de mudança na nossa organização.
  2. Estou preparado para partilhar o conhecimento adquirido com a minha equipa, para que vejam a necessidade dessa mudança.
  • Relevância: Qual a relevância da experiência de formação para as necessidades do negócio, em constante mudança?
  1. Obtive neste curso novos conhecimentos/competências ou diferentes formas de pensar
  2. Houve recurso à prática de competências úteis
  3. Consigo perceber como as ferramentas partilhadas se encaixam na nova forma em que precisamos de trabalhar
  4. Posso aplicar no meu trabalho o que aprendi, imediatamente.
  • Usabilidade: A experiência de formação foi bem construída e fácil de seguir?
  1. O curso foi interessante e captou a minha atenção
  2. Conseguirei aplicar facilmente o que aprendi
  3.  Recomendaria este curso a outros colegas

Assim que conhece os diversos perfis dos seus colaboradores (empreendedor, hesitante,mas envolvido ou resistente) é possível criar metas de base para cada tipo e estimar a quantidade de alterações esperada.

E, se não tiver orçamento para anál­­­ises detalhadas, mas quiser uma avaliação antes e depois de realizar o seu projeto de formação, para ver até onde mudou a agulha?

Considere fazer estas três perguntas:

·     Quão motivado está para adquirir esta nova competência?

·     Quão confiante está de que pode fazer o que é esperado?

·     Quão pronto está para aplicar estas novas competências no fluxo do seu trabalho diário?

Qual é a sua opinião? O que acrescentaria? Como costuma medir a eficácia da formação na sua organização?

Artigo original (Linkedin)

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Formação

Pensar a Formação

Comparando a maneira como a formação profissional é, hoje em dia, encarada pelas empresas com a forma como isso acontecia há seis ou sete anos, concluímos que evoluiu pouco.

Será talvez uma afirmação polémica, mas na sua essência, e é a isso que me refiro, o modo como as empresas seleccionam os seus fornecedores e como, a nível interno, os cursos são escolhidos pelos colaboradores ou pelas suas chefias, não sofreu grandes alterações.

Tradicionalmente, efectua-se anualmente ou semestralmente um levantamento de necessidades que depois dá origem ao plano de formação. Ao longo do ano vão, eventualmente, surgindo necessidades acrescidas, as chamadas urgências que surgem por qualquer imposição ou necessidade do negócio e a gestão do plano vai sendo adaptada, fazendo-se um cruzamento mais ou menos regular entre aquilo que estava previsto, aquilo que é efectivamente necessário e o orçamento ainda disponível.

Os orçamentos para formação nas empresas, pelo contrário, mudaram muito, analisando o mesmo período. Com a crise financeira de 2008 e os impactos conhecidos, em cascata, que acabou por ter na economia e nas empresas portuguesas, os orçamentos emagreceram visivelmente e as preocupações com a formação e as necessidades dos colaboradores a este nível, passaram para segundo plano. É frequente ouvir-se dizer que quando começa a haver constrangimentos orçamentais, “a formação é das primeiras coisas a cortar.”

Assiste-se assim a um desfasamento real entre a teoria e a prática. Se questionarmos qualquer responsável de Recursos Humanos ou mesmo um gestor ou responsável de qualquer empresa, a resposta será a de que a formação dos colaboradores é essencial, sem dúvida algo de importância extrema. Contudo, não é verdadeiramente isto que se verifica na altura de definir prioridades e executar orçamentos.

Independentemente deste facto, e mesmo que o orçamento seja pequeno ou menor do que o habitual, a questão é efectivamente a da forma como este é gerido. Porque pode, verdadeiramente, fazer-se mais com menos ou até mesmo mais com mais sem necessariamente dar menos, como nas ciências matemáticas. E aqui depende do “plano”. Qual é, como responsável de RH ou de formação, o seu plano? Gastar o menos possível? Utilizar a “prata da casa”? Apertar com os fornecedores? Ganha sempre o preço mais baixo? Interessa-lhe apenas cumprir a legislação e ministrar as 35 horas obrigatórias? É possível criar valor se o plano for este? Acredita que o impacto deste plano trará resultados, melhorias visíveis nos seus colaboradores? Qual é o seu ROI?

Então como fazemos?

Bem, o plano começa muito mais atrás. Algumas questões que podemos começar por fazer são, por exemplo: Como é que posso fazer crescer os meus colaboradores tendo em conta a estratégia da minha empresa? Quais os departamentos e pessoas centrais da minha organização ou equipa? Que formação profissional têm efectuado? Está alinhada com a sua função e os objectivos que a minha organização tem para essa pessoa? Onde é que estará essa pessoa ou onde é expectável que esteja, em termos de evolução profissional, daqui a 3 anos? A formação pode ajudar?

Outra questão prende-se com o tipo de formação que vou querer oferecer. Em sala? Pode ser, mas se estamos a considerar a área de soft skills, que tal algo disruptivo, que cause verdadeiro impacto? Não peça propostas aos seus fornecedores, peça ideias. Muitas vezes a melhor solução não é a mais cara, é a melhor ideia.

Se estamos a considerar formações técnicas, podemos pensar em algo totalmente customizado e personalizado às necessidades dos colaboradores. Talvez não seja preciso fazer um qualquer curso de A a Z e afinal o que é mesmo preciso é fazer três, só que os colaboradores já sabem algumas coisas, trabalham nelas todos os dias; bem trabalhado, analisando detalhadamente as necessidades e os planos de sessão, conseguimos fazer apenas um curso desses três que pensámos serem precisos na totalidade.

Em tempos como os que correm, é preciso ser criativo, trabalhar mais e melhor e essa exigência pede-se a todos os intervenientes no processo. Contudo, estou em crer que desta forma os resultados serão também mais positivos. A formação precisa de ser pensada porque muitas vezes aquilo que daí resulta é aquela pequena-grande diferença que tem impacto no cliente. É portanto esse o pedido que lhe deixo: Pense a Formação e vista-a de novo.