A Web Summit pode ser uma oportunidade de ouro para alavancar o potencial de inovação em Portugal. Mas para isso há que desenhar uma estratégia que tire partido da presença em Lisboa de milhares de pessoas que estão no centro da inovação em todo o mundo para disseminar esse conhecimento por todo o País. Não há tempo a perder!
Caríssimos, não estarei a dizer mentira nenhuma ao concluir que a ideia de trazer um evento como a Web Summit para Portugal se enquadrou numa estratégia clara de promoção do país, mas sobretudo de promoção da cidade de Lisboa como um local privilegiado para organização de grandes eventos internacionais, como de resto já o provou por diversas vezes.
A Web Summit tem a particularidade de se enquadrar perfeitamente na vontade nacional de tirar partido da onda de inovação e empreendedorismo que varre o mundo em que hoje vivemos.
São esperados cerca de 50.000 visitantes, mais de 1.000 investidores, centenas de speakers e estrelas internacionais do mundo da tecnologia, do entrepreneurship, e da inovação. O crème de la crème da indústria tecnológica vai estar então reunido no Pavilhão Atlântico, de 7 a 10 de Novembro. Por lá vão passar também, com grande dose de certeza, todos os nossos governantes para ver e serem vistos e permitir as habituais recolhas de imagens para a comunicação social. Vai ser sem dúvida um acontecimento marcante.
Mas, e perdoem-me os mais entusiasmados, a questão que julgo que deve ser colocada é: como é que podemos usar este magnífico evento para impulsionar a nossa capacidade de inovação? Estou certo de que essa não é, seguramente, a preocupação dos organizadores do evento. Estes estarão focados essencialmente no sucesso do mesmo. Contudo, essa deveria ser a preocupação central dos nossos governantes. Porquê? Porque essa é a essência de bem governar – aproveitar as oportunidades internas e externas para impulsionar a concretização dos nossos objectivos nacionais. Nem mais. Que melhor ocasião do que um evento com a grandeza do Web Summit para alavancarmos o nosso potencial de inovação?
Acredito que muita coisa podia ser feita nesse sentido. E é por isso que aqui deixo uma sugestão concreta.
Chegarão a Lisboa largas centenas de pessoas extremamente interessantes. Vejamos: empreendedores de sucesso, investidores, cientistas, inventores, engenheiros, pensadores, criativos, estrategas, CEOs e outros mais. Muitos deles são, com toda a certeza, pessoas que gostam de partilhar a sua experiência e o seu saber com quem tem interesse em ouvir. Estou absolutamente certo de que muitos deles aceitariam com muito agrado ficar em Portugal por mais um ou dois dias, para poderem intervir em conferências em várias universidades portuguesas.
Que melhor oportunidade para que estas pessoas, seres humanos iguais a qualquer um de nós, possam partilhar com os nossos estudantes e professores as suas ideias e visões da realidade com a qual lidam diariamente. Isso sim teria sido um acontecimento extraordinário.
Podermos organizar algumas dezenas de intervenções em universidades espalhadas de Norte a Sul do País. Mostrar o que fazemos, o que queremos fazer e pedir conselhos a quem trabalha realmente nas áreas para as quais estes jovens se estão a formar. Vejam as médias nacionais deste ano. As Engenharias destronaram a Medicina como o curso com a nota final de entrada mais alta. Isto diz muito daquilo que podemos fazer com este potencial humano que temos em mãos. Mas nem tudo está perdido.
A Web Summit ainda fica por Lisboa durante mais 2 anos, o que significa que estamos perfeitamente a tempo de aproveitar esta oportunidade incrível para o nosso país.
Mas para que isso não passe apenas de uma ideia bem-intencionada seria necessário criar desde já um grupo de trabalho que, com antecedência e em estreita colaboração com os organizadores do Web Summit, dinamize e ajude a levar essa onda de conhecimento às nossas universidades.
Esta é a minha sugestão. Para o evento deste ano já não vai ser possível, mas temos um ano inteiro pela frente para preparar tudo e fazer com que isto possa ser uma realidade já em 2017.