Iniciar um novo desafio profissional em teletrabalho

Tempo de Leitura: 7 minutos

Aproximando-nos do fim de 2022, será possível ignorar a óbvia tendência que é a procura pelo teletrabalho? Deverão as empresas aceitar que esta realidade veio para ficar e é já considerada um perk tão importante como o valor salarial? Começar um novo emprego total ou parcialmente à distância é um desafio interessante para muitos.

Abraçar um novo desafio profissional, seja em que molde for, já é por si só uma experiência avassaladora para muitos de nós. Uma nova realidade, novos colegas, novas rotinas, é algo que exige uma enorme capacidade de encaixe, e, para que tudo corra bem, uma disposição positiva e aberta.

Tal como abordámos neste artigo, as palavras “remote” ou “regime híbrido” têm-se tornado fiéis companheiros nos últimos dois anos. No início da pandemia, fomos forçados a trocar a empresa pelo escritório lá de casa (ou a mesa de jantar, o sofá, etc.) e abandonar a deslocação diária por obrigação e receio pela nossa saúde. Mas nem todos querem voltar às “old ways”.

O lado positivo

Para além de podermos trabalhar com os nossos cães ou gatos ao colo, esta nova flexibilidade trouxe-nos variados benefícios: permite-nos a capacidade de estar mais focados, de perder menos tempo em deslocações, de poder trabalhar confortavelmente em casa, no restaurante, no jardim, no bar da praia, para além de considerar e serem considerados para empresas ou clientes numa região até então inacessível.

O lado negativo

Mas claro que nem tudo é um mar de rosas. Se por um lado podemos estar no conforto e silêncio do nosso “home office”, por outro lado há interações que nos fazem falta. Seja a pausa do café a meio da manhã para saber o que o colega achou do novo episódio de House of the Dragon, seja um copo à saída do trabalho, ou uma mera piada partilhada enquanto se tiram fotocópias (ainda se tiram fotocópias, certo?), a verdade é que provavelmente vamos ter de fazer um maior esforço inicial para lidar com a falta desta interação pessoal a que estávamos habituados.

Para além disso, muitos de nós tiveram de aprender a ter mais disciplina e autocontrolo. É fácil ceder a distrações que nos rodeiam e que não existem num escritório tradicional.

Outro fator negativo que podemos encontrar é que as nossas casas provavelmente não foram pensadas tendo em conta um local de trabalho full-time. Desde transformar quartos de hóspedes em home offices saídos do pinterest até montar o “estaminé” na mesa de jantar, todos tivemos de adaptar a nossa casa ao novo modo de vida profissional.

O lado pessoal

Para Lucas Souza, que neste momento trabalha em regime full remote, o facto de poder trabalhar a partir de casa poupa-lhe quase 3 horas por dia que sente que pode aplicar de forma muito mais produtiva, do que tivesse de se deslocar até ao escritório.

“No local onde vivo, no Brasil, os transportes não são os melhores, e perderia entre 1h30 e 2h em deslocações para cada lado, até chegar no emprego”.

Lucas Souza

Lucas sente, no entanto, uma maior distância da equipa do que anteriormente.

Paulo Moraes fala-nos também da sua experiência. Desde o início da pandemia COVID-19, quando foi forçado a trabalhar a partir de casa, que Paulo percebeu que este regime lhe traria muitos benefícios.

“Esta flexibilidade do home office permite-me estar com a minha família de manhã antes de iniciar o trabalho. Isto era algo que nunca seria possível com um trabalho tradicional (…)”

Paulo Moraes

Paulo conta-nos sobre a mudança dos arredores de Lisboa para uma pacata freguesia em Viana do Castelo. O próprio diz que foi um dos fatores mais importantes na sua escolha de abraçar um novo projeto profissional.

Cláudia Pereira conta-nos que já passou por vários regimes de teletrabalho. No início da pandemia, todos fomos “forçados” a trabalhar a 100% a partir de casa, e foi assim que conheceu todos os colegas da equipa que tem atualmente. Em Abril de 2022, instaurou-se o regime híbrido e o formato passou a ser um mês em casa e um mês no escritório. Pouco tempo depois, o regime mudou novamente:

“A nível de produtividade, acho que não faço nem mais nem menos, faço o trabalho conforme me compete, mas gosto muito do meu silêncio e de estar focada no trabalho e por isso em teletrabalho isso acaba por fluir de uma maneira melhor.”

Cláudia Pereira

Lucas Landim, que trabalha com a Olisipo desde 2018 e em full-remote desde Janeiro 2022 conta-nos que para ele, um dos pontos mais importantes deste modo de trabalho e vida é mesmo o desgaste que não sente, quando não tem de se deslocar até ao trabalho.

Apesar disso, sente que, ao trabalhar 100% a partir de casa,

“acabo por perder um pouco o entrosamento com os colegas de trabalho, embora tenhamos as ferramentas de comunicação que usamos bastante para trocar ideias e experiências, essas conversas mais informais diminuem em full-remote“.

Lucas Landim

Tiago Sobral, que pertence à equipa Olisipo desde Março, reforça que a experiência tem sido bastante agradável e que planeia continuar a trabalhar neste regime nos próximos anos. O facto de poder trabalhar a partir de casa a maior parte do seu tempo, deslocando-se apenas 1 dia por semana ao cliente, foi sem dúvida um dos maiores perks que o fez querer trabalhar com a Olisipo.

“Eu vivo no interior, para ir para o trabalho tenho de ter viatura própria, é a única opção. Se quisesse aproveitar o tempo da comuta para outras coisas, não poderia fazê-lo. Se tivesse de me deslocar todos os dias até ao cliente, teria de mudar toda a minha vida para outra cidade, teria outros custos que neste momento não sou obrigado a considerar, e até poderia deixar de considerar boas oportunidades por esse motivo”.

Tiago Sobral

“Um atrito inicial nesta situação é a questão de gestão, ou seja, se as pessoas não estão presentes no escritório, não estão a trabalhar. Para mim é um mito, penso que independentemente de onde estejam, é perfeitamente perceptível se as pessoas fazem ou não o seu trabalho. Mas é uma situação que se ultrapassa, pois há reuniões todos os dias, o trabalho é feito, rapidamente se aplicaram metodologias para melhor acompanhar o que cada um faz, e o trabalho aparece feito à mesma, apenas com mais liberdade e agilidade.”

Tiago Sobral

“Não dispenso as vantagens da formação presencial, há ali uma dinâmica diferente e mais pessoal com o formador, mas já existem muitos recursos online, já desde antes da pandemia, que muitas coisas eram online. Há até vezes que há formadores incríveis mas que estão no estrangeiro e não há a possibilidade de virem cá presencialmente, com o online deixa de haver esse problema”.

Tiago Sobral

Sugestões para uma adaptação mais fácil

Para que tenhas (ainda) mais sucesso no teu novo regime de trabalho, seja ele remoto ou híbrido, deixamos-te algumas sugestões para te adaptares mais facilmente a uma vida de “working from home”:

Agenda pequenas conversas e check-ins com a equipa (Olá, SCRUM!)

Uma das coisas mais difíceis ao começar numa nova empresa é que cada organização tem uma cultura própria. E essa cultura é muitas vezes composta de metas e normas “silenciosas” e muitas vezes a equipa tem a sua própria linguagem, e nem sempre se apercebe que quem está fora pode não compreender ou integrar-se facilmente. Essa linguagem normalmente aprende-se por meio de interações quotidianas com colegas, tradicionalmente no escritório.

Em circunstâncias normais, essas interações são uma parte natural de estar no escritório mas em remote, terão de ser criadas de forma diferente. Para além das reuniões iniciais de onboarding, tenta reunir-te com os teus colegas regularmente. Usa essas conversas como uma oportunidade para tirar dúvidas sobre os teus projetos, e para saber um pouco mais sobre o que cada um dos colegas faz.

Marcar pequenas conversas com a equipa com alguma regularidade ajuda a que te mantenhas dentro de tudo o que se passa, não sejas “esquecido” como membro da equipa. Conversas por vídeo também ajudam a que conheças melhor as pessoas, e não tenhas de jogar um jogo de “quem é quem” no futuro.

Aqui, a comunicação interna da empresa ganha nova relevância. Em remote, a comunicação flui com menos naturalidade, por isso as empresas têm de dar uma nova abordagem à comunicação interna, de forma oficializada. Se antes podiam esperar que as coisas fluíssem rapidamente através dos corredores, agora têm a oportunidade e a obrigação de centralizar a comunicação e manter toda a equipa com o mesmo nível de informação.

Não tenhas medo de pedir ajuda

No escritório, é mais provável que os colegas se apercebam se estás mais tenso ou com um problema difícil. À distância, e até mesmo numa videochamada, é mais difícil de detectar. Em caso de dúvida, pede ajuda. O mais provável é que haja sempre pelo menos uma pessoa disposta a ajudar. Um estudo da Prof. Vanessa Bohns da Universidade de Cornell sugere que as pessoas geralmente estão muito mais dispostas a ajudar do que pensamos.

Participa nos eventos da empresa

Que melhor forma de melhorar a relação com os colegas, fazer networking, e divertir-te ao mesmo tempo? Para além do teambuilding e da diversão, os eventos de empresa permitem-te perceber com quem trabalhas e comunicas mais facilmente, e que outros colegas poderão precisar de um approach diferente. Mas nem é preciso ficares à espera da empresa, organiza os teus próprios encontros presenciais com os teus pares e vê a diferença.

Tens alguma experiência pessoal ou sugestão que queiras partilhar? Envia-nos um e-mail ou mete conversa nas redes sociais, queremos saber de tudo sobre as vossas experiências em teletrabalho.

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