Para acompanhar a inovação tecnológica e as exigências constantes do mercado e da sociedade, as nossas organizações precisam tanto da disponibilidade de tecnologias e instrumentos, como da capacitação das pessoas para a adaptação de procedimentos.
Investir de forma consciente e estratégica, nas interações de pessoas e equipas em contexto cooperativo, é alicerçar uma resposta adequada, dos/as profissionais, aos cenários altamente dinâmicos, e até imprevisíveis, que hoje são traçados. Este trabalho na comunicação organizacional não é mais uma escolha, mas um dos pilares para a sustentabilidade das organizações.

O que chamamos de Comunicação Organizacional?
Construída e desenvolvida na estrutura cooperativa, a comunicação organizacional é a vivência efetiva, das pessoas, no seu dia a dia profissional. Define a própria natureza das relações de trabalho, das dinâmicas das equipas e formas de liderança, das práticas de engagement e gestão de expectativas.
Podemos afirmar, sob este prisma, que a comunicação organizacional é o reflexo, no quotidiano, da própria cultura e identidade organizacional.
Principais Desafios para uma Comunicação Organizacional Estratégica e Sugestão de Boas Práticas
A comunicação organizacional como um fator crítico para o sucesso é hoje amplamente reconhecida, mas a sua integração efetiva é difícil e complexa.
Vamos elencar alguns dos elementos desafiantes que encontramos, de uma forma transversal, nas organizações, bem como algumas propostas de intervenção e sugestões de boas práticas.
a) Partilhar o propósito e as prioridades de ação, com todos e todas: a identidade da organização deve sair dos sites oficiais e relatórios cooperativos e integrar de forma efetiva o quotidiano das organizações. Esta partilha não deve ser um ato isolado e unidirecional, mas deve ser pensada de forma integrada e continuada em eventos interativos e dinâmicos como reuniões, palestras, discussão em plenário, teambuilding, dinâmicas de grupos, workshops, etc.
b) Garantir um ambiente de trabalho seguro, para uma comunicação efetiva: para além da segurança física, que é fundamental, as dinâmicas das equipas devem assegurar a segurança mental, psicológica e emocional, para que as pessoas possam assumir uma postura assertiva. Reforçar a confiança e a transparência dos comportamentos, e refutar interações pouco claras e agendas ocultas, deve ser um princípio de ação.
c) Cultivar o exercício de lideranças confiantes e inspiradoras: as lideranças têm um papel fundamental como facilitadoras de uma comunicação positiva e eficaz. As organizações, como um todo, devem incentivar os/as líderes a assumir a gestão de pessoas como uma prioridade, no sentido de cultivar a confiança e a positividade, dentro das equipas. O desenvolvimento contínuo das lideranças, na área das Soft Skills, é um pré-requisito para a superação deste desafio.

d) Incorporar o feedback, assertivo, na essência da comunicação organizacional: em linha com os elementos já apresentados, a cultura do feedback tem de ser pensada de forma integrada. Valorizar as práticas do elogio sincero e assumir as críticas construtivas como forma de crescimento deve fazer parte da estrutura da organização, nas interações formais e informais, e de forma vertical, horizontal e transversal. Mais uma vez, garantir as competências (técnicas e psicossociais) para dar e receber feedback de forma positiva e empática requer formação específica e disponibilidade real para a mudança.
e) Incentivar o desenvolvimento contínuo e uma postura profissional autocrítica, numa perspetiva de melhoria contínua: como elemento aglutinador de todos os aspetos (inclusive aqueles desafios que ficaram de fora desta partilha), realçamos a importância de comunicação organizacional destacar, de forma integrada, o desenvolvimento do/a colaboradora/a, enquanto pessoa, enquanto profissional, e enquanto parte integrante da sua equipa e organização. Assumir estratégias de valorização de uma postura pró-ativa, autónoma, responsável e colaborativa, de cada profissional, na sua relação com o (conteúdo e o contexto de) trabalho, é fundamental para garantir não só uma comunicação eficiente, como a efetividade e qualidade de vida das pessoas, nas organizações.

Os elementos desafiantes apresentados pretendem contribuir para uma reflexão crítica dos/as profissionais e lançar algumas propostas de intervenção para uma comunicação organizacional ética, transparente e humana, que valoriza a diversidade e o pensamento criativo. Só esta comunicação estratégica e integrada permitirá incorporar a inovação tecnológica de forma efetiva, e impulsionar o verdadeiro potencial das tecnologias no sucesso das pessoas, e das organizações.
Autora: Sofia Barros Basto, Formadora e Consultora em Desenvolvimento Comportamental e Soft Skills