Se há lições a tirar em momentos desafiantes como o que atravessamos, o facto de que é preciso inovar constantemente parece-me ser uma das mais relevantes. Sobretudo nas empresas há que manter esta máxima sempre presente, ou a empresa corre o risco de estagnar e/ou desaparecer.
Historicamente, não são os mais fortes que sobrevivem mas os que melhor se adaptam às alterações. E isto aplica-se a gestores, a empresas, a líderes, a mercados, a comuns mortais…
Quando a Apple lançou o iPhone em 2005, a reação de Steve Balmer, CEO da Microsoft, foi de gozo: “500 dólares, sem teclado? É um desperdício de dinheiro e nunca vai funcionar”
Mais de uma década depois, os modelos de iPhone continuam a competir no topo do mercado de smartphones.
Este é apenas um dos milhares exemplos que vêm provar como o mercado se altera – e como só quem se adapta resiste. Haverá outros tantos exemplos perdidos para sempre na história, que nos mostram como a resistência à mudança ou fraca capacidade de adaptação não trazem mais que a morte dos negócios e empresas.
Os desafios no mercado são inúmeros:
- Startups que proliferam e desafiam padrões;
- Competidores que se reinventam e forçam mudanças nos modelos de negócio;
- Gigantes que ameaçam “engolem” os mais pequenos;
- Mercados inteiros que entram em auto-destruição através de guerras de preços
- Governos e/ou reguladores que alteram significativamente as “regras do jogo”
- Consumidores com novas necessidades que exigem novos produtos e serviços de maior qualidade.
Por isso, desengane-se quem acha que manter o negócio ao longo dos tempos é apenas uma questão de dinheiro e resiliência. É claro que isso ajuda, mas o segredo está numa mente crítica com capacidade para prever situações, criar soluções e adaptar-se tanto à mudança como às adversidades.
A importância de testar e falhar
Se o plano A falha, não é só preciso um plano B mas muitos outros. Com muitas experiências vamos “afinando a máquina”, conseguimos corrigir o que ficou mal e testar novas soluções.
Os processos de inovação não são necessariamente maus quando falham, mas é preciso que falhem tão rápido quanto possível, para rapidamente se aprender com o erro e repetir o processo de pensar, testar e instaurar novas ideias.
Quando nos parece que encontramos uma ideia que resulta, não paramos o processo de inovação, simplesmente viramos o foco para outra área, um novo produto, mercado ou modelo de negócio.
O responsável pela inovação
O papel que a inovação ganha nos dias de hoje, à luz do que vivemos, é tão relevante que não deve ser nem entregue ao CEO nem dividido pelas chefias intermédias. As organizações devem procurar identificar alguém que, transversalmente por toda a empresa, trabalhe com todas as chefias. O objetivo é promover essa cultura tão ágil quanto possível, que fomente a criatividade, as experiências, e que não permita que o medo de errar se torne castrador.
- Analisar de forma transversal a cultura interna de trabalho e o mercado onde a empresa opera;
- Promover e premiar experiências (e erros);
- Incentivar mudanças organizacionais e de métodos de trabalho;
- Garantir a comunicação interna de modo a manter toda a equipa informada e alinhada.
Para a empresa que instaura uma verdadeira cultura de inovação, qualquer momento de disrupção será acolhido como um novo desafio a conquistar, uma oportunidade de inventar algo novo e não como uma adversidade ameaçadora.
Independente de a empresa estar bem ou mal, qualquer altura é o momento certo para inovar. Se está a atravessar um mau período, a sua reinvenção é a bóia de salvação; é preciso tentar algo diferente do feito até ali e que não resulta mais. Se estiver ótima, então é a altura ideal para testar novos processos, aproveitando a “folga” que tem e conquistando a mudança.
Afinal como diz Tom Peters: “Estão demasiadas coisas a acontecer demasiado depressa para o remediado ter sucesso”.