Duzentos dias depois e ao fim de quase 1800 rondas de licitações, o leilão da rede 5G em Portugal terminou dia 27 de Outubro, com uma receita final de 566,802 milhões de euros. Mas o que vai representar a implementação da nova rede para o país?
A transição tecnológica
Quando a rede 5G foi anunciada em Portugal, em 2018, previam-se algumas alterações na forma como se utilizavam diferentes tecnologias, com recurso a banda larga sem fios. Em 2019, as gigantes das telecomunicações entraram na corrida para a compra dos lotes que lhes iriam permitir fazer a distribuição da nova rede.
Entre as empresas que licitaram sobre os 58 lotes disponíveis para transmissão em 5G, a NOS, a Meo e a Vodafone foram as três que mais pagaram para adquirir um maior número de lotes. A elas juntam-se Nowo, Dense Air e DixaRobil, contando com uma concorrência histórica de seis operadoras no mercado da rede móvel.
A quantidade de concorrentes no setor das telecomunicações é um “passo histórico”, destaca João Cadete Matos, Presidente da Anacom (entidade reguladora). Com seis distribuidoras no mercado, o presidente refere que se beneficia consumidores e utilizadores.
No final, concluiu-se o leilão com um valor superior ao dobro do que a entidade reguladora previa. Agora, esse dinheiro será usado para a constituição de um novo Fundo para a Transição Digital.
Embora Portugal seja um dos últimos países da Europa a adotar a rede 5G, o que releva falhas no processo de leilão e decisão, este é um momento de grande relevância na transição tecnológica do país e que traz a possibilidade de acompanhar tendências digitais do futuro.
As potencialidades da rede 5G
Com a chegada da nova geração de rede móvel, há um grande salto em termos de inovação face ao 4G que utilizamos até ao momento. De acordo com o Portal 5g, há uma série de áreas e inovações que vão beneficiar com a adoção desta nova rede, como Agropecuária, Cidades Inteligentes, e-Saúde, Indústrias, Entretenimento e Energia.
As vantagens e mudanças agrupam-se em quatro grandes grupos:
Maior velocidade e capacidade da rede (enhanced Mobile Broadband)
Atingindo os 20 Gps no download e os 10 Gps no upload (dados UIT), o 5G traz um melhor desempenho e experiência à utilização que já fazemos da rede móvel (como jogar ou trabalhar online) e abre um novo leque de possibilidades (como vídeos em 3D).
Massificação da comunicação entre dispositivos (massive Machine-tType Communications)
A conectividade de aparelhos no que designamos de IoT vai ser melhorada de forma drástica. A rede 5G vai conseguir ligar um maior número de dispositivos e reduzir consequentemente a intervenção humana nessa conectividade.
Desta forma, será possível implementar cidades e casas inteligentes, melhorar a mobilidade automatizada e otimizar recursos energéticos.
Conectividade permanente e mais fiável (ultra Reliable Low-latency Communications)
A redução da latência na comunicação será uma das maiores transformações do 5G, que pretende chegar perto de 1 milissegundo (contra os atuais 35 a 52 milissegundos do 4G).
Com o aumento de velocidade será possível melhorar serviços de segurança e de transportes, beneficiar a área de cirurgia médica por controlo remoto, e até tornar processos industriais wireless.
Redes mais flexíveis e ajustadas aos serviços
Será possível implementar redes virtuais numa infraestrutura única (network slicing), mais flexível e ajustada aos serviços a disponibilizar. Pela eficiência dos investimentos na rede, promove-se inovação e desenvolvimento de novos negócios.
Até 2025 há diferentes metas e objetivos a alcançar na implementação do 5G em Portugal, incluíndo:
- Todas as Universidades e institutos politécnicos;
- Concelhos com mais de 50 mil habitantes;
- Linhas ferroviárias e metropolitanos;
- Centros de saúde em zonas de baixa densidade populacional;
- Portos comerciais, aeroportos e instalações militares.
Para todos os especialistas que queiram estar a par com as transformações, a formação assume uma grande importância na atualização e aprofundamento de conhecimentos. O curso de Fundamentos em Redes 5G é dedicado precisamente às novidades trazidas pela nova rede, preparando os profissionais para responder aos novos desafios e exigências.
Esta é uma transformação importante nas telecomunicações, tanto do ponto de vista técnico como tecnológico e social, e que deverá ser acompanhada de perto por parte de utilizadores, profissionais e organizações do setor.