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De startup para startup: Os seus conselhos para o futuro

Foi em novembro que Lisboa recebeu a maior conferência tecnológica do mundo, contando com mais de 1000 oradores que procuraram inspirar e influenciar empreendedores de todo o mundo. Agora que já dissemos adeus à Web Summit 2017, há quem já esteja com os olhos postos na próxima, principalmente as startups.

Enquanto estivemos pelo evento, falámos com algumas startups que nos deram o seu testemunho e aceitaram o desafio de aconselhar os “startupers” que vão ocupar o seu lugar no próximo ano.

Nós sabemos: começar um negócio do zero é assustador e, nesta fase, qualquer pedaço de sabedoria vale ouro. Por isso mesmo, deixamos-te aqui os truques e conselhos destes empreendedores que te vão guiar pelo intimidante mundo das startups.

André Dias chegou à Web Summit pela Snapcity, a app que liga os turistas a quem conhece a cidade melhor que ninguém, os locais. Da sua experiência com o mundo das startups, André já aprendeu que só tem uma oportunidade para causar uma boa primeira impressão: “Preparem bem todas as vossas formas de comunicação: pitches, cartões de visita, etc, porque na vida real tudo acontece muito rápido e nada na apresentação pode falhar”. Mas fazer um bom trabalho de casa não é suficiente: “Muitas vezes, as startups têm muita pressa em mostrar-se ao mundo e encontrar clientes e investidores. Tenham calma, definam bem a vossa ideia, produto e objetivos antes de se aventurarem num evento como a Web Summit, por exemplo”.

Foi isso que aconteceu a Luís Quintella, Co-Founder da Biti, uma “caixinha mágica” que é uma plataforma de conteúdos para os mais pequenos se divertirem e aprenderem de forma segura e perto das pessoas que gostam. No ano passado, a empresa também marcou presença na conferência, mas Luís considera que foi cedo demais: “O produto ainda não estava bem consolidado e não tínhamos metas concretas a alcançar. Na altura, isso dificultou a nossa comunicação com quem nos abordava”. Este ano, acredita que entraram com o pé direito e aconselha os próximos startupers a manterem a mente aberta: “O objetivo de fazer contactos não é só angariar capital. O contacto com pessoas de países e culturas diferentes abre-te horizontes para novas e ideias criativas. E estar rodeado destas pessoas permite-te receber feedback muito valioso sobre o teu produto.”

Já Boštjan Namurš (Meepoint) encoraja todos os startupers a soltarem o seu lado social: “Eventos de networking não são os únicos sítios onde deves fazer network. Tenta perceber onde vão as pessoas com quem queres falar e junta-te a elas. Às vezes é mais fácil criar empatia com alguém fora do ambiente “business”. E nunca sabes onde vais encontrar o teu parceiro de negócios ideal, por isso sai, conhece pessoas novas e diverte-te também”.

Alex Devoto (Lvlfi) e Joséphine Robert (Step Up Air) sabem que planear com antecedência é a chave para criar boas oportunidades de networking. “Quando vens de longe só para estar num sítio durante uns dias, não te podes dar ao luxo de cair de paraquedas. Se sabes que aquela pessoa vai estar no evento em que tu vais participar, tenta falar com ela antes. De outra forma, talvez nunca nunca se cheguem a cruzar”, conta Joséphine. Já Alex afirma que chegou a contactar mais de 200 pessoas previamente, só para ter a oportunidade de fazer o seu pitch ao vivo: “Não tenhas medo de ser chato, (risos) afinal de contas, acabei por conseguir a atenção de algumas pessoas e era esse o meu objectivo.”

Se por um lado é importante procurar as melhores oportunidades, também é preciso não perder a motivação quando não as conseguimos encontrar. Ivan Mrvos (Include Itd) atenta para “não teres as expectativas demasiado altas” ao contactares com alguém que possa estar interessado na tua ideia e Ziv Kalderon (Type IV) aconselha a teres consciência que “não és um príncipe encantado e os investidores não vão correr atrás de ti”.

Juan Almanza (Solutek B2B) confessa que quando contactou potenciais investidores, recebeu algumas reações que desanimariam qualquer um.  “Haverá sempre pessoas que não percebem o teu produto, mas isso não significa que ele não tem valor. Tens de te preparar para as perguntas mais difíceis e ter uma resposta na ponta da língua”, encoraja, “Mas não sejas teimoso, às vezes tens de confiar em quem é mais experiente do que tu. Se souberes aceitar as críticas, estas poderão ajudar-te a melhorar o teu produto no futuro”.

Por isso mesmo, Joren Wachter (Eventify) encoraja todos os futuros empreendedores a encarar todos os momentos como momentos de aprendizagem: “Fiquei um pouco assoberbado com a dimensão da Web Summit e não tenho a certeza se aproveitei ao máximo. Apesar disso, gosto de me lembrar que tudo isto é uma escola. Já perdi a conta da quantidade de vezes que repeti o meu pitch. Acredito que o último terá sido um pouco melhor que o primeiro!”

Felix Hemmerling (Univize) não quis perder a oportunidade de receber conselhos sobre como sobreviver no mundo das startups de vários experts que já passaram pelo mesmo caminho: “Senti que foi um privilégio poder falar com alguém que entende aquilo que estamos a passar. Ouvi muitas boas sugestões que vou tentar pôr em prática quando voltar para casa. Se estiveres na Web Summit para o ano, coloca as sessões Mentor Hours no topo das tuas prioridades.” Mas aconselha também a levar estas sessões para fora do evento. “Muitas vezes pensamos que sabemos tudo e a verdade é que somos ignorantes em tanta coisa. Quer dizer, até o Bill Gates tem um mentor! Então para nós, enquanto startups, é incrível poder contar com alguém que tem a experiência que tu ainda não possuis.”

E encontrar um mentor não tem de ser um bicho-de-sete-cabeças. Podes encontrar inspiração nas pessoas mais improváveis, como nestes jovens empreendedores que te quiseram ajudar com os seus melhores conselhos.

Mas enquanto muitos afirmam ter segredos infalíveis, é certo que não existem fórmulas mágicas para o sucesso. “Ter sucesso” tem um significado muito distinto para cada um. No entanto, existe uma coisa que todas as pessoas bem-sucedidas têm em comum.

Para que percebas o que é, deixamos-te um último conselho. Este é de um empreendedor que criou a sua pequena startup tecnológica a partir de uma garagem: “Estou convencido que o que separa os empreendedores bem-sucedidos dos não sucedidos é pura perseverança.” O seu nome era Steve Jobs.

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DevOps: Uma nova profissão que veio para ficar

Historicamente, já assistimos a várias pequenas ondas de inovação que abalaram a indústria das TI. Tipicamente, estas ondas focam-se na Infraestrutura; Arquitetura Aplicacional ou nos Processos/Métodos. O que começamos a assistir agora, e que é radicalmente diferente, é ao aparecimento de uma onda que engloba todas estas áreas ao mesmo tempo. É este o verdadeiro motivo pelos quais os chavões “Transformação Digital” e “Disrupção Digital nas Empresas” estão na ordem do dia.

O que é, afinal, DevOps? 

DevOps é um acrónimo de Development and Operations e dá nome a uma cultura de trabalho em TI que promove uma estreita colaboração entre os profissionais destas duas áreas para conseguir uma entrega de valor ao negócio muito mais rápida e constante, baseada nos princípios de Continuous Delivery e Continuous Integration.

Tradicionalmente, a área de Desenvolvimento e a de Exploração e Operações têm tido objetivos diferentes, o que derivava numa ineficiente entrega de valor ao negócio como departamento TIC.

Aparecendo em 2008 e rapidamente adotado por empresas tecnológicas de primeiro nível, a aplicação de DevOps tem demonstrado reduções de até 50 vezes nos tempos de entrega de software, assim como implementações 30 vezes mais frequentes e uma taxa de êxito na gestão da mudança 60 vezes maior do que numa organização tradicional. Organizações como a Netflix, Spotify e Facebook estão a revolucionar o mundo das TI ao implementar, com sucesso, princípios de DevOps.

Resumindo, DevOps é um salto de rutura na organização tradicional de um departamento de TI e requer um foco especial sobre as pessoas/utilizadores, porque os seus princípios vêm do Scrum e do Lean IT®.

Formação DevOps em Portugal 

A formação para a área de DevOps em Portugal está ainda a dar os primeiros passos. Ser um profissional certificado em DevOps é dizer claramente ao mercado “eu quero estar na frente”.

A Olisipo lançou em 2017 o curso DevOps Fundamentals, um exclusivo em Portugal potenciado através de uma parceria com a DASA (DevOps Agile Skills Association). Esta associação americana é a maior comunidade aberta de DevOps do mundo e é responsável por desenhar os melhores percursos formativos do mercado para a área.

Esta formação da Olisipo é o ponto de partida para um profissional ou uma organização iniciarem a sua jornada DevOps. A melhoria dos fluxos de trabalho e implementações mais rápidas, começam com uma compreensão dos conceitos básicos de DevOps por qualquer pessoa envolvida numa equipa de Agile e / ou DevOps. Independente do fabricante, gera interesse e sensibiliza para a necessidade de conhecimentos e desenvolvimento de competências nesta área, promovendo uma Certificação open source e garantindo a qualidade da formação para o mercado através de um programa de qualificação lógico.

Conheça o programa DevOps Fundamentals – DASA (DevOps Agile Skills Association). 

O Modelo DevOps veio para ficar 

Os especialistas estão convencidos que o DevOps se vai tornar no modelo para todo o desenvolvimento IT muito em breve. Não só já existem provas dadas disso mesmo, como a metodologia DevOps também se irá alargar a outras indústrias, como forma de desenhar e desenvolver novos produtos e serviços. Estes são os principais motivos:

– O desenvolvimento de produtos é focado no utilizador

Quantas vezes nos perguntamos “mas quem é que programou este software?” ou afirmamos “niguém vai usar este software/funcionalidade…”. Pois é, o DevOps envolve os utilizadores finais nas decisões desde o primeiro momento, definido o produto no seu core.

– Já não podemos esperar que os programadores saibam de tudo e resolvam tudo

Há um problema intrínseco ao desenvolvimento de software: só pode ser feito por programadores. No entanto, muitas vezes os programadores não são o utilizador final, nem podem dominar a área onde o software irá ser aplicado. A mesma coisa se aplica em projetos IT multidisciplinares e o DevOps veio resolver este problema, poupando muitas horas e dores de cabeça aos programadores e às organizações. 

– Aumenta os níveis de sucesso para a organização

Por todas as razões anteriormente apontadas, o DevOps resulta em projetos que passam a funcionar melhor do que nunca. Existem muitas estórias catastróficas de soluções que nunca foram adotadas ou foram um fracasso, provocando prejuízos às empresas. DevOps não é apenas uma nova forma de trabalhar, é uma evolução numa indústria que percebeu que muitos dos erros cometidos no passado se deveram à falta de proximidade entre os profissionais e os utilizadores finais e quanto mais depressa os aproximarmos, melhor para todos nós.

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Inovação

O futuro da tecnologia está além do olho humano

Passamos uma boa parte do nosso tempo a ler as expressões faciais das pessoas à nossa volta, ainda que involuntariamente. Somos capazes de enviar e interpretar sinais, como um sorriso falso ou uma expressão rígida de desconforto.

Nos últimos tempos, os computadores têm-se tornado incrivelmente bons a interpretar esta complexa forma de comunicação e a reconhecer e identificar rostos humanos. A MIT Technology Review já apontou os sistemas de reconhecimento facial como uma das tecnologias mais revolucionárias de 2017, capaz de afetar toda a economia e política do mundo nos próximos anos.

A tecnologia está a espalhar-se rapidamente na China, especialmente na área da vigilância mas também em termos de conveniência. A tecnologia não é propriamente nova mas só agora se tornou confiável o suficiente para efetuar operações de risco com mais segurança, como transações bancárias.

Na semana passada, a gigante chinesa Alibaba introduziu um sistema de pagamento inovador na cadeia de restauração KFC que já permite deixar a carteira em casa. Para comprar um balde de frango frito basta agora sorrir para um ecrã. O sistema precisa apenas de dois segundos para verificar a identidade da pessoa e consegue identificá-la quer esta esteja com maquilhagem, peruca ou qualquer outro tipo de acessório. O consumidor precisa ainda de introduzir o seu número de telemóvel, como forma de garantir uma segurança extra – não vá existir um sósia nosso do outro lado do mundo.

Quando a notícia surgiu, a pergunta que imediatamente se impôs foi: quão seguro é? A Ant Financial integrou um algoritmo que se certifica que a câmara não está a ser enganada perante uma fotografia ou vídeo (pois é capaz de identificar sombras e outros traços) e assegura que o sistema é, de facto, seguro.

A tecnologia “Smile to Pay” está em fase de testes na cidade de Hangzhou mas a perspectiva é que, se tudo correr bem, será introduzido em muitos mais estabelecimentos nos próximos tempos.

O que podemos esperar desta tecnologia no futuro?

Para já, o reconhecimento facial já ganhou adeptos nas mais variadas áreas, desde o setor bancário à medicina. Hoje, já é possível utilizar o reconhecimento facial para identificar condições médicas, através de traços faciais característicos de certas doenças difíceis de identificar. Também existem campus universitários e escritórios que utilizam esta tecnologia para conceder o acesso às instalações. Estações de comboios e aeroportos também estão a aderir, como a China Southern Airlines, que permite agora aos seus passageiros embarcar no avião sem bilhete. No futuro, poderemos ter câmaras à entrada de lojas para nos apresentar promoções e descontos personalizados.

Esta tecnologia está a ganhar popularidade, até nas áreas mais inesperadas. Por exemplo, já existem cerca de 30 igrejas no mundo que utilizam o software Churchix para controlar a assiduidade dos seus fiéis em eventos religiosos.

Em Macau, cerca de mil caixas multibanco têm instalado o sistema para os portadores de cartões UnionPay. Para já serve apenas para reforçar a confirmação da identidade do portador mas, quem sabe, no futuro poderá ser o único factor de autenticação para levantar dinheiro.

Os benefícios poderão ser extraordinários a nível de segurança: qualquer local com este tipo de tecnologia instalada pode controlar mais facilmente a presença de criminosos, predadores sexuais e até terroristas nas suas instalações. Também pode ser útil para apanhar infratores em flagrante, como esta cidade que identifica os pedestres que tentam atravessar a passadeira no sinal vermelho – a sua foto é então divulgada num ecrã gigante e  ainda têm direito a multa.

Mas ao olharmos para as potencialidades desta tecnologia, também é fácil apercebermo-nos do seu potencial para criar conflitos. Uma câmara apontada à nossa cara poderá revelar muito sobre nós – muitas vezes, mais do que gostaríamos de partilhar.

Investigadores da Universidade de Stanford desenvolveram um software de inteligência artificial que é capaz de prever a orientação sexual de uma pessoa, através de uma simples fotografia do seu rosto. O algoritmo conseguiu identificar se um homem era homossexual 81% das vezes, sendo mais bem-sucedido que o olho humano, que acertou 61% das vezes.

Este uso do reconhecimento facial poderá ser potencialmente perigoso em países e culturas onde a homossexualidade é ilegal e poderá ser utilizada para perseguir e cometer crimes de ódio.

Outras formas de discriminação também poderão ser levadas a cabo, como empregadores a filtrarem os seus candidatos com base na sua etnia e traços de beleza ou inteligência. Até bares noturnos e estádios desportivos poderão impedir a entrada de indivíduos com rostos que revelem uma ameaça de violência.

Os avanços na tecnologia de reconhecimento facial darão às empresas a possibilidade de lucrar com a utilização dos nossos dados biométricos, o que traz à superfície inúmeros problemas a nível de segurança e invasão de privacidade. O Facebook utiliza um programa chamado DeepFace para identificar o nosso rosto em fotos dos nossos amigos (com uma taxa precisão de 97%) e tanto a Alphabet Inc. (da qual a Google é subsidiária) como a Apple já possuem tecnologia similar.

Isto significa estas empresas já estão a reunir este tipo de dados sobre a nossa identidade e poderiam eventualmente vendê-los a outras empresas interessadas. Por exemplo, o Facebook poderia obter fotografias de pessoas que estiverem presentes num evento de exibição de drones e depois utilizar o reconhecimento facial para lhes apresentar anúncios de empresas que comercializam drones.

É aqui que os governos serão obrigados a intervir, sendo que a União Europeia já impôs regulações para proteger os seus cidadãos (que entrarão em vigor já em 2018), ao decretar que a utilização dos dados biométricos de cada indivíduo requerem o seu consentimento directo.

Mas este tema ainda é um “buraco negro” na legislação atual pois será realmente possível impedir que sejamos filmados contra a nossa vontade? E se sim, durante quanto tempo? À medida que os wearable devices ganham popularidade, a nossa privacidade será cada vez mais difícil de controlar. As câmaras estarão constantemente à nossa volta – nos óculos, relógios e roupa daqueles que nos rodeiam.

Estamos perante mais uma revolução tecnológica, capaz de influenciar a natureza das interações sociais do futuro e alterar por completo a forma como comunicamos com as empresas e uns com os outros. A utilização de dispositivos de reconhecimento facial avança de forma inevitável, independentemente dos riscos e benefícios desta tecnologia.

Serão estes sistemas realmente seguros? E, em caso de ataque informático, quão graves serão as suas consequências para os utilizadores? Estas são algumas perguntas que apenas terão resposta no futuro, mas uma é coisa é certa: os sistemas de reconhecimento facial vieram para ficar e não vale a pena fazer cara de poucos amigos porque a mudança vem aí.

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Inovação

Blockchain: O que é e como vai revolucionar o mundo

Muitos já ouviram falar do BitCoin, a criptomoeda que serve para fazer pagamentos através da internet.  Mas poucos estão familiarizados com o blockchain, a tecnologia que está por trás do bitcoin. E mesmo que já tenhas ouvido falar, é provável que ainda precises de perceber melhor como funciona.

O que é, afinal, o Blockchain?

Quando enviamos um ficheiro a outra pessoa, como uma imagem ou um documento, não estamos a enviar o original, mas sim, uma cópia desse ficheiro. Quando falamos de dinheiro, ações, obrigações, contratos e até votos é crucial que a informação enviada seja a original e única (ou poderíamos fazer compras infinitas com “cópias” do nosso dinheiro).

Por outro lado, problemas com a segurança e privacidade existem desde que a internet foi inventada. E por isso, este tipo de transações e negócios online requerem sempre um pouco de “fé” na legitimidade da operação e no destinatário.

É por isso que, hoje, dependemos totalmente de grandes intermediários, como bancos, governos e empresas de crédito, para construírem uma base de confiança nestas operações. São estes intermediários que garantem que os intervenientes não são uma fraude e as trocas de informação são autênticas.

Mas todo este sistema tem apresentado algumas falhas:

  • É centralizado nestes intermediários, o que significa que é um sistema mais fácil de corromper para hackers.
  • É demorado, pois tem de atravessar todo o sistema e os seus intervenientes até a informação chegar ao seu destino.
  • Não é acessível a todos, ou seja, não consegue abranger pessoas que não estejam dentro do sistema (por exemplo, alguém que não tenha uma conta bancária).

É aqui que surge o blockchain (em português significa algo como “cadeia de blocos”): uma espécie de registo contabilístico global, onde todo o tipo de informação pode ser armazenado, movido e gerido sem qualquer tipo de intermediário. Em vez de existir um administrador central – como acontece nos bancos e governos – todos os registos são distribuídos numa rede global de computadores, sincronizados através da internet e visíveis para qualquer pessoa dentro da rede.

E como é que isto funciona?

  1. Assim que ocorre uma transacção digital, esta é publicada globalmente em milhões de computadores.
  2. Depois, é agrupada num “bloco” encriptado, juntamente com todas as transações que ocorreram nos últimos 10 minutos.
  3. É neste momento os “miners” entram em cena. Os miners são membros da rede que validam as transacções que estão dentro dentro destes blocos através da resolução de problemas de programação complexos.
  4. O primeiro miner a completar a tarefa e validar o bloco, recebe uma recompensa (por exemplo, bitcoins).
  5. O bloco que acabou de ser validado leva então uma espécie de carimbo digital e é ligado ao bloco anterior, criando uma cadeia de blocos ordenados cronologicamente.
  6. Toda essa cadeia é atualizada constantemente para garantir que todos os membros estão a aceder ao mesmo registo.

Assim, pela primeira vez, as pessoas podem fazer transações diretas entre si (peer to peer) com confiança e a um custo muito menor, onde a segurança é garantida através da colaboração, criptografia e programação inteligente do sistema.

E porque é este método mais seguro que os sistemas informáticos de hoje? Ora, se alguém quisesse piratear um bloco, teria de desencriptar também todos os blocos anteriores a esse, em milhões de computadores, em simultâneo – algo praticamente impossível.

É fácil perceber o impacto que esta tecnologia poderá ter para a área dos serviços financeiros. Mas, apesar de ser sempre frequentemente associada ao Bitcoin, as mudanças que esta tecnologia pode trazer vão muito para além da cripto-moeda:

  1. Contratos inteligentes

Os smart contracts vão tornar os contratos em papel uma coisa do século passado. Aqui falamos de um contrato que se controla sozinho: lida com a aplicação, gestão, desempenho e pagamento que foi acordado entre duas pessoas. A tradicional assinatura a caneta na folha de papel será substituída por uma palavra-passe específica, determinada por cada uma das partes. Tudo isto promete fazer cair todos custos de contratação e processamento de pagamentos no futuro.

  1. Reconhecer o trabalho dos músicos

No mundo da música, não é segredo que os artistas são constantemente explorados por parte das grandes editoras discográficas e serviços de streaming (como o Spotify). Cada um destes intermediários tira uma parte dos lucros, com os músicos a situar-se tipicamente no fundo da cadeia, ficando apenas com as “sobras”. Agora, há empresas (como a Mycelia) que se baseiam no Blockchain para criar músicas inteligentes com smart contracts incorporados que permitem aos artistas vender diretamente aos consumidores. Isto significa que as royalties e os acordos de licenciamento são executados instantaneamente, garantindo que os músicos são pagos em primeiro lugar. Mas as boas notícias para os artistas não acabam aqui:

  1. Proteger a propriedade intelectual

Escritores, músicos, fotógrafos, engenheiros, designers, arquitetos e todo o tipo de autores enfrentam hoje o maior desafio da era da Internet: a pirataria digital. A tecnologia blockchain cria uma plataforma para estes autores receberem o valor daquilo que criam. Por exemplo, a Ascribe, uma startup que funciona com base no blockchain, permite aos artistas fazer upload da sua arte, “carimbá-la” como sendo a versão original e transferi-la de colecção em colecção, sem perder o controlo do seu trabalho.

  1. Mais comunicação, mais privacidade

Hoje em dia, estar constantemente ligado às redes sociais já não é uma opção, mas quase um requisito para sobreviver na sociedade. O problema é que sempre que criamos um perfil nestas plataformas acabamos por ter de “vender” os nossos dados a estas grandes empresas. O blockchain pode eliminar por completo estes intermediários, permitindo a cada utilizador ter o seu próprio perfil, criado e controlado por si.

  1. Adeus pobreza?

É verdade, o blockchain está a abrir a porta a novos modelos de negócio, mas, para os países mais pobres, pode fazer muito mais que isso. Abrir uma conta bancária, fazer transferências para familiares no estrangeiro, pagar seguros de vida e de saúde… Tudo isto poderá ser feito de forma mais segura, mais barata e livre de fraudes.

Mas podemos ir mais além. Hoje, 1,5 mil milhões de pessoas no mundo não têm um documento que comprove a sua identidade. Sem documentos, não têm acesso a cuidados de saúde, educação e emprego estável. Felizmente, organizações como a ID2020 e a BitNation já estão a criar sistemas de identificação baseados no blockchain que podem ajudar a travar este ciclo.

Vai mesmo revolucionar o mundo?

Já vimos que o bitcoin é a apenas a ponta do iceberg: há cerca de 700 outras aplicações para o blockchain no futuro.

Muitos acreditam que terá o potencial para revolucionar, não só a forma como usamos a internet, mas também a economia, os governos e a sociedade em que vivemos.

O blockchain, como inovação altamente disruptiva, promete mudar o mundo como hoje o conhecemos.

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Inovação Opinião

Elon Musk – Quem é afinal o homem que nos quer levar a Marte?

Elon, uma criança diferente

Quem o conheceu na infância sabe que sempre foi um rapaz peculiar. Um pequeno prodígio, já com grandes ideias, embora tímido e cabisbaixo. Desde cedo um entusiasta da ficção científica e dos computadores, sempre com um livro debaixo do braço. É desta forma que muitos se recordam dele no passado. “Elon fechava-se dentro da sua mente e percebia-se que estava noutro mundo. Ainda hoje faz isso” relembra a mãe – Maye Musk – no recente livro que relata a vida do empreendedor. E hoje, é fácil perceber que uma mente tão ousada só poderia ter nascido de uma criança tão fora do comum.

Mas a infância de Elon não foi fácil. Nasceu na África do Sul em 1971, na era do Apartheid. Desde cedo, foi atormentado pelos seus colegas e não era incomum sair da escola com um olho negro ou o nariz partido. Em casa, a situação não era melhor. O pai de Elon, autoritário e emocionalmente abusivo, obrigava os filhos a estudar por horas a fio, sem que se pudessem sequer mover ou falar. A violência física e psicológica fez parte da vida de Elon até à adolescência, mas isso não o inibiu: sempre foi um rapaz de grandes sonhos e opiniões firmes acerca do mundo que o rodeava. Não é por acaso que vendeu a sua primeira invenção – um videojogo que ele mesmo programou – com apenas 11 anos.  

Em busca de um sonho na América

Aos 17 anos, partiu para o Canadá onde concluiu duas licenciaturas simultaneamente – em Física e Economia. Seguiu para os E.U.A e foi aceite num doutoramento em Física Aplicada na Universidade de Stanford. Bastaram apenas 2 dias para Elon desistir e seguir o seu sonho de conquistar o mundo da internet. Aos 23 anos, ele e o irmão fundaram a Zip2, algo parecido com umas páginas amarelas digitais que criava um diretório navegável de empresas com mapas. Mesmo quando ninguém quis comprar o serviço, Elon não desistiu. O seu esforço compensou quando a empresa foi comprada pela Compaq/Alta Vista/CMGi em 1999 por 307 milhões de dólares.

Por esta altura, Elon era um milionário em Silicon Valley, o sonho de muitos com a sua idade. Mas o sonho dele era outro: queria mudar o mundo – como poderia parar por ali? Pouco tempo depois, investiu 12 milhões de dólares da sua fortuna pessoal para criar a X.com, uma startup de serviços financeiros. Hoje é melhor conhecida como Paypal, empresa com a qual se fundiu mais tarde. Quando o Ebay comprou a Paypal, Musk recebeu uma generosa quantia de 250 milhões de dólares. Com esta fortuna, Elon já tinha fundos suficientes para seguir um dos seus maiores sonhos. E foi assim que decidiu aventurar-se nas estrelas – literalmente.

O sonho: salvar a vida na Terra e partir para outro planeta

Engana-se quem pensa que ele anda com a cabeça na lua – Elon Musk vive com a cabeça em Marte. Em 2001, viajou até à Rússia para comprar um foguetão. Mas os russos olharam-no com desdém e voltou para a América de mãos vazias. Eis que teve uma epifania: construir o seu próprio foguetão por uma fracção do preço das outras empresas. Se em criança passou dias de cabeça enfiada em bandas desenhadas, desta vez, passou meses rodeado de dezenas de livros de engenharia espacial para tentar perceber a fundo uma indústria na qual não tinha qualquer experiência. Num velho armazém, Elon reuniu ex-talentos da NASA, United Launch Alliance (o seu atual rival) e outras empresas para começar a sua startup de tecnologia de exploração espacial – a SpaceX.

Musk assegura que até 2024 será enviada a sua primeira missão tripulada até Marte – embora a tripulação só chegue ao planeta um ano depois, dada a distância que o separa da Terra. Porém, Elon não criou a SpaceX apenas para se aventurar no espaço. “Se quisesse ir à estação espacial poderia simplesmente comprar um bilhete. A SpaceX foi criada para expandir a vida além da Terra.” – explica: “Uma missão a Marte não altera fundamentalmente o futuro da humanidade. O objetivo é criar lá uma colónia auto-sustentável.”

Mas Elon não tem apenas sonhos além-fronteiras, também quer salvar o nosso planeta. Contrariar o aquecimento global e impulsionar as energias renováveis tem sido uma meta a longo prazo para o empreendedor.

Por isso, quando a Tesla Motors precisou de um grande investidor para construir o seu primeiro veículo elétrico, apenas um nome lhes passou pela cabeça: Elon Musk. Com um investimento de 6.5 milhões de dólares, Musk tornou-se no maior investidor da Tesla e CEO da empresa. Juntamente com os primos, também criou a SolarCity, que é hoje a maior fornecedora de painéis solares nos E.U.A.

Um olhar sobre a família Musk

Elon conheceu Justine, uma jovem aspirante a escritora, na universidade. Determinado e persistente, impôs como missão pessoal conquistá-la. Acabou por ser bem-sucedido e casaram em 2000, mas a lua-de-mel esteve longe de ser tranquila: Elon teve uma experiência de quase-morte quando voltou do Brasil com malária. Sobre o sucedido, comentou: “Esta é a minha lição por ter ido de férias: as férias são fatais.”

Na altura em que o casal teve o seu primeiro filho em 2002, também sofreu o maior desgosto das suas vidas quando Nevada faleceu tragicamente de síndrome de morte súbita com apenas 10 semanas. Elon sofreu em silêncio e refugiou-se no seu trabalho, dedicando-se a 100% às suas empresas. No entanto, Elon e Justine acabaram por ter mais 5 filhos, todos eles rapazes.

Revoltado contra o sistema de ensino tradicional, Musk até criou a sua própria escola para os filhos que pretende desconstruir os métodos escolares atuais. Nesta escola não há avaliações ou turmas, e os alunos aprendem de acordo com as suas capacidades e interesses – uma abordagem inédita mas previsível para alguém como Elon Musk.

Empenhado em ser o pai que nunca teve, dedica muito tempo aos filhos. Mas às vezes incomoda-o que nunca tenham sofrido como ele: Elon acredita que foi isso que lhe deu a força e determinação para vencer na vida.

O verdadeiro Homem de Ferro

Não foi por acaso que Elon Musk serviu de inspiração para Robert Downey Jr, ator que personifica o Homem de Ferro no grande ecrã. Quando a crise rompeu em 2008, tudo parecia ir de mal a pior para o magnata: a Tesla Motors dificilmente sobrevivia com o pouco dinheiro que lhe sobrava. A SpaceX incorria em enormes gastos enquanto se preparava para lançar o seu primeiro foguetão. E o azar de Elon não acabava por aí pois ainda se viu no meio de um processo de divórcio.

Para salvar a pele de ambas as empresas, Musk entrou em modo “super-herói” e tomou medidas extremas: fez cortes drásticos nos custos e até vendeu os seus bens pessoais para investir tudo o que tinha. Por esta altura, Elon trabalhava 100 horas por semana e impôs este ritmo alucinante a todos os seus funcionários, fazendo-os dormir em cima das secretárias quando a exaustão se instalava.

Elon pode ser exigente e intimidante, mas também mostra ser um verdadeiro líder: escreveu uma carta pessoal a cada funcionário da Tesla a agradecer o seu notável trabalho, explicando como poderia melhorar no futuro. Dolly Singh, ex-funcionária da SpaceX, também afirmou: “Acho que a maioria de nós o teria seguido até às portas do inferno de óleo bronzeador na mão” – recordando as suas incríveis capacidades de liderança durante a crise.

A SpaceX falhou consecutivamente todas as tentativas de lançamento do seu primeiro foguetão. Questionando-o se alguma vez pensou em desistir, Elon respondeu numa entrevista: “Nunca. Porque eu nunca desisto. Teria de estar morto ou completamente incapacitado para isso”. E 6 anos depois, foi possível concretizar este milagre da ciência moderna quando, pela primeira vez, o lançamento do Falcon 1 foi um sucesso.

Hoje, a Tesla é uma das marcas de carros mais valiosas do mundo. E a SpaceX continua a testar os limites da tecnologia aero-espacial. Apesar de ter arriscado tudo, Elon tem agora uma fortuna avaliada em 10 biliões de dólares – mas o dinheiro nunca foi a sua meta. Desde criança, sempre quis criar um impacto positivo no mundo. E é inegável o quão relevante tem sido a sua pegada até agora.

Uma visão ambiciosa para o futuro

A Tesla quer acelerar a saída da humanidade dos combustíveis fósseis. O novo plano a 10 anos da empresa parece ambicioso mas Musk garante que é possível: painéis solares nos tetos dos carros, viajar em piloto-automático enquanto lemos um livro e fazer dinheiro enquanto não utilizamos o carro ao torná-lo numa espécie de táxi automático – são tudo ideias que Musk pretende pôr em prática.

Com a futura abertura da Gigafactory – a monstruosa fábrica com um tamanho equivalente a 95 campos de futebol –  a Tesla já não quer ser só uma fábrica de carros. É aqui que vai fabricar as suas próprias baterias elétricas movidas a energia solar e a compra da SolarCity este ano foi o primeiro passo para a concretização deste plano.

Mas quem pensou que as invenções de Musk acabavam por aqui, que se prepare. Elon quer revolucionar o espaço e tornar o turismo espacial uma realidade. Quer revolucionar os transportes, ao criar um shuttle de alta-velocidade, capaz de viajar a 1300 km/h. Quer revolucionar a Internet, trazendo wi-fi aos pontos mais remotos do planeta. Quer revolucionar os carros e fazer com que todos se abasteçam apenas com o poder da eletricidade.

Elon Musk quer revolucionar o mundo. Se é apenas um sonhador utópico de ideias excêntricas ou um génio que irá mudar o percurso da humanidade, o tempo dirá.

Mas uma coisa é certa: ainda vamos ouvir falar muito de Elon Musk.

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Formação Inovação

Segurança Informática – Olisipo traz certificação Cybersec First Responder para Portugal

O crime informático já representa um dos maiores negócios do mundo e é expectável que cada vez mais pessoas continuem a tirar proveito das falhas e vulnerabilidades dos sistemas informáticos das empresas.

1 em cada 5 empresas irá sofrer roubo de dados nos próximos dois anos, prevê o Ponemon Institute. E o custo real deste tipo de ataques é preocupante para as empresas. Não apenas pelos encargos com a reparação/investigação do problema, mas também pelos custos associados à perda de clientes insatisfeitos, esforços de relações públicas e publicidade que atenuem a má reputação e aquisição de novos clientes.

A par deste problema e do alto risco associado ao mesmo, muitas organizações já utilizam diferentes tecnologias concebidas para proteger os seus sistemas de informação. Embora muitas destas soluções sejam altamente avançadas, qualquer sistema tem as suas falhas. É necessário procurar especialistas capazes de monitorizar e gerir este tipo de tecnologias para que a segurança proporcionada pelas mesmas seja eficaz e otimizada ao máximo.

A certificação CyberSafe – CyberSec First Responder (CFR)

Profissionais da área da segurança informática lidam com desafios que se tornam mais complexos de dia para dia. A tecnologia evolui, tal como os métodos utilizados pelos hackers. A obtenção de novas certificações na área pode ser um passo importante para acompanhar os constantes avanços neste setor.

É neste sentido que a Olisipo decidiu introduzir uma oferta de formação exclusiva em Portugal: a certificação CyberSec First Responder. O curso prepara os participantes para ser a primeira linha de defesa contra cyber-attacks que podem ter consequências custosas a nível de tempo e recursos para qualquer organização.

Esta certificação capacita os profissionais para analisar ameaças, assegurar redes, gerir incidentes e utilizar outras competências de segurança fundamentais para proteger sistemas de informação, antes, durante e após um ataque. O curso promove o domínio de todas as vertentes da segurança informática, desde a configuração de uma infraestrutura segura à auditoria. E porque o objetivo é diminuir a lacuna entre o momento em que um ataque ocorre e quando é detetado, o curso adota uma abordagem proactiva que ensina a agir rapidamente a partir do momento em que existe uma falha de segurança.

O CFR introduz uma experiência de formação diferenciadora ao proporcionar um ambiente de laboratório imersivo, atividades práticas e adaptadas ao mundo real e uma plataforma de aprendizagem digital com conteúdos completos que preparam o profissional para fortalecer imediatamente a cibersegurança das suas organizações.

A quem se destina o programa?

O curso é destinado a profissionais de sistemas de informação que desempenham funções na área do desenvolvimento, gestão e execução de capacidades de segurança para sistemas e redes. É recomendável a experiência mínima de 2 anos na área das tecnologias de segurança de redes de computadores.