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Ciber-segurança: nem a Saúde está a salvo

  • Ransomware

No ano passado, popularizaram-se os ataques onde os hackers impedem o acesso às bases de dados das empresas até ser pago um resgate através de uma moeda virtual, como o bitcoin. O sucesso que estes ataques tiveram em 2016 promete claramente que continuem a crescer este ano.

  • Venda de informação

O tráfico de dados vai aumentar através da comercialização de informação em fóruns de hackers a fim de melhorarem os seus ataques e obterem mais dados de alvos específicos.

  • Internet of Things

Ter todos os aparelhos ligados à Internet pode trazer muitas vantagens, mas também cria mais janelas abertas para alguém infiltrar-se na rede e roubar os nossos dados.

  • Terceiros (vendedores, parceiros, etc)

Todos os negócios e transacções através de terceiros representam um grande risco para as empresas. É que mesmo que esta invista fortemente na sua segurança, se algum dos seus parceiros for alvo de um ataque informático, as consequências poderão ser devastadoras para todos os envolvidos.

No entanto, há uma área que nos preocupa particularmente por estar vulnerável a todas estas ameaças. Há pouco tempo, todos pensávamos que os hospitais estariam a salvo de intenções maliciosas porque ninguém iria querer prejudicar os doentes. A verdade é que a área da saúde é o novo alvo dos hackers para 2017, afirma a Experian.

Mas porquê os hospitais?

  • Os seus dados são mais valiosos

Quando pensamos em grandes investimentos na área da segurança informática, pensamos imediatamente na indústria financeira ou tecnológica. É certo que estas empresas lidam com dados confidenciais, mas estes rapidamente se tornam inúteis, assim que a falha informática é descoberta e todos os códigos e passwords são alterados. Mas com informação médica, não podemos simplesmente “mudar a password” – os dados ficam comprometidos para sempre.

Pensem na quantidade de dados importantes que os hospitais guardam e como tudo gira em torno dessa mesma informação: sem eles, os hospitais não podem marcar consultas ou fazer procedimentos médicos. Para não falar dos processos judiciais que podem enfrentar quando os doentes descobrirem que as suas moradas, números de segurança social e historiais médicos foram roubados.

É por isso que o ransomware é para os hackers uma forma muito fácil de fazer dinheiro nesta área. É que quando há vidas em jogo, as pessoas agem rapidamente: a maioria dos hospitais decide pagar o resgate mais facilmente que outras empresas.

  • São “novatos” na cibersegurança

Há agora uma grande pressão sobre os hospitais para adoptar métodos de armazenamento mais modernos. Mas os hospitais ainda se estão a adaptar à digitalização dos seus dados e não tem havido um claro investimento na segurança destes dados. No ano passado, um grupo de hackers entrou nos servidores dos hospitais Banner Health, e conseguiu extrair dados pessoais, bancários e clínicos de 3.7 milhões de pessoas que estavam associadas ao hospital. Mas não é preciso ser um verdadeiro “cibercriminoso” para conseguir penetrar o sistema e essa é a parte assustadora. É incrivelmente fácil aceder aos dados de muitos equipamentos médicos já que muitos deles estão ligados a redes públicas.

  • Têm muita informação e não sabem como a controlar

Cada vez se tenta criar um sistema de saúde mais integrado e simples de aceder, o que quer dizer que os nossos dados são partilhados com cada vez mais entidades e fornecedores de equipamento médico. Para além disso, há cada vez mais máquinas ligadas à rede do hospital, o que deixa os nossos dados mais vulneráveis. Mas isso não é o pior: imaginem que esses equipamentos estão ligados ao paciente? Teoricamente, um hacker poderia alterar dosagens de medicamentos ou até desligar a máquina se assim o entendesse.

Então como é que não existe mais segurança?

Há dois grupos de pessoas que devem olhar para esta questão com atenção:

  • Os fornecedores de equipamentos de médicos

– que têm de testar e procurar vulnerabilidades nas máquinas antes de as venderem – hoje em dia ainda não existe muito controlo neste sentido.

  • A direção dos hospitais

– que deve assegurar que todos os seus equipamentos críticos estão ligados a uma rede segura e criar um conjunto de medidas e diretrizes de segurança que devem ser seguidas por todo os colaboradores. Para além disso, fazer backups dos seus dados é crucial para que os hackers deixem de ter tanto poder no momento em que pedem um resgate pela informação roubada.

Os hackers de hoje e os seus métodos são mais sofisticados do que pensamos. A pergunta já não é se – ou sequer quando – irá acontecer, mas sim se alguma vez iremos descobrir que os nossos dados foram roubados.

Os ataques informáticos na área da saúde vão continuar até a indústria ser capaz de assumir o controlo da enorme quantidade de informação que tem em mãos. Até lá, ninguém está a salvo.

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Certificados Digitais – Os perigos ocultos do mundo web

Já todos ouvimos notícias sobre a quebra de segurança da Yahoo, que espalhou informações pessoais de 1 bilião de utilizadores. Ou da cadeia de lojas Target, que colocou os dados dos cartões de crédito de milhões de pessoas nas mãos de ciber-criminosos.

Mas em 2011 ocorreu um ataque informático que muitos nunca ouviram falar. No entanto, foi tão importante que pôs em causa a forma como toda a infraestrutura da Internet funciona.

Tudo começou com um utilizador no Irão que não conseguiu fazer login na sua conta do Gmail. Este manifestou o problema no fórum de ajuda e, para sua surpresa, a Google fez rapidamente um comunicado de imprensa acerca da situação, colocando a culpa do problema numa empresa holandesa chamada DigiNotar. O governo holandês tomou imediatamente controlo da empresa e, pouco tempo depois, a DigiNotar faliu.

Mas como é que uma empresa da qual nunca ouvimos falar pode ser responsável por uma falha técnica da Google?

A DigiNotar é aquilo a que chamamos uma Autoridade de Certificação – ou CA (do inglês Certificate Authority). Isto significa que ela emite certificados virtuais para websites e softwares, garantindo que são seguros para navegar e fazer download. É nestas empresas que os browsers se apoiam para assegurar que a página que estamos a tentar abrir não é apenas um malware a tentar roubar os nossos dados de login, por exemplo.

Existem centenas de CAs, mas há algumas  – como a DigiNotar – em quem os browsers confiam automaticamente, por terem uma boa reputação no mercado. Estas CAs de “elite” têm autoridade para recomendar outras CAs intermediárias que, por sua vez, podem emitir certificados para qualquer website à sua escolha. A falta de transparência e controlo deste ecossistema tem, portanto, tudo para correr mal.

Para um hacker, as CAs são especialmente tentadoras: assumir o controlo da sua rede pode permitir a difusão de centenas de ameaças virtuais, como infetar computadores com malware e phishing. Por isso, para empresas como a DigiNotar, a segurança não só é importante, como é a própria razão para a sua existência.

A DigiNotar era uma das CAs de confiança do Google Chrome. E o escândalo ocorreu quando os hackers conseguiram entrar na rede da DigiNotar e começaram a emitir certificados digitais falsos. O website que o tal utilizador no Irão tentava aceder era apenas uma página falsa para a qual tinha sido redirecionado, desenhada para parecer exatamente igual ao Gmail. Porquê? Provavelmente para o governo do Irão – que já é conhecido por interferir com a atividade online – espiar a atividade de alguns cidadãos.

O que realmente salvou a Google foi o seu próprio browser – o Google Chrome. O browser não aceitava certificados desconhecidos para os seus próprios domínios, por isso, quando o utilizador iraniano tentou aceder a uma página falsa, a Google soube imediatamente que algo estava errado.

O caso DigiNotar foi um verdadeiro abrir de olhos para a indústria. A Certificate Authority Security Council já definiu novas medidas de segurança que estas empresas têm de cumprir para assegurar a proteção dos dados de todos os utilizadores.

Mas mudar todo este ecossistema não é particularmente fácil: As CAs lucram ao vender certificados e, por isso, querem vender o máximo possível. Por outro lado, os browsers competem entre si, e não querem estar constantemente a impedir os utilizadores de visitar websites que não são certificados.

A “febre” da rapidez e inovação na nossa sociedade está a conduzir as empresas em direção a novas formas de trabalhar e sistematizar a informação. Rápidos avanços na tecnologia e a constante pressão sobre as empresas para criar aplicações e serviços inovadores faz com que tenhamos de gerar cada vez mais certificados digitais e chaves encriptadas. Muitas empresas têm dificuldade em gerir tudo isto, já que algumas nem fazem ideia da quantidade de certificados que possuem para os seus domínios. E já percebemos que nem empresas como a Google estão livres deste caos.

Os certificados digitais são o pilar da segurança e privacidade na Internet. Colocar em perigo esta defesa é abrir uma porta para atacantes, que facilmente vão aproveitar estas fendas para esconder ameaças potencialmente desastrosas.

Por isso, da próxima vez que o seu browser lhe indicar que o website a que está a tentar aceder não tem um certificado SSL válido, pense duas vezes antes de prosseguir.

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Inovação Opinião

Elon Musk – Quem é afinal o homem que nos quer levar a Marte?

Elon, uma criança diferente

Quem o conheceu na infância sabe que sempre foi um rapaz peculiar. Um pequeno prodígio, já com grandes ideias, embora tímido e cabisbaixo. Desde cedo um entusiasta da ficção científica e dos computadores, sempre com um livro debaixo do braço. É desta forma que muitos se recordam dele no passado. “Elon fechava-se dentro da sua mente e percebia-se que estava noutro mundo. Ainda hoje faz isso” relembra a mãe – Maye Musk – no recente livro que relata a vida do empreendedor. E hoje, é fácil perceber que uma mente tão ousada só poderia ter nascido de uma criança tão fora do comum.

Mas a infância de Elon não foi fácil. Nasceu na África do Sul em 1971, na era do Apartheid. Desde cedo, foi atormentado pelos seus colegas e não era incomum sair da escola com um olho negro ou o nariz partido. Em casa, a situação não era melhor. O pai de Elon, autoritário e emocionalmente abusivo, obrigava os filhos a estudar por horas a fio, sem que se pudessem sequer mover ou falar. A violência física e psicológica fez parte da vida de Elon até à adolescência, mas isso não o inibiu: sempre foi um rapaz de grandes sonhos e opiniões firmes acerca do mundo que o rodeava. Não é por acaso que vendeu a sua primeira invenção – um videojogo que ele mesmo programou – com apenas 11 anos.  

Em busca de um sonho na América

Aos 17 anos, partiu para o Canadá onde concluiu duas licenciaturas simultaneamente – em Física e Economia. Seguiu para os E.U.A e foi aceite num doutoramento em Física Aplicada na Universidade de Stanford. Bastaram apenas 2 dias para Elon desistir e seguir o seu sonho de conquistar o mundo da internet. Aos 23 anos, ele e o irmão fundaram a Zip2, algo parecido com umas páginas amarelas digitais que criava um diretório navegável de empresas com mapas. Mesmo quando ninguém quis comprar o serviço, Elon não desistiu. O seu esforço compensou quando a empresa foi comprada pela Compaq/Alta Vista/CMGi em 1999 por 307 milhões de dólares.

Por esta altura, Elon era um milionário em Silicon Valley, o sonho de muitos com a sua idade. Mas o sonho dele era outro: queria mudar o mundo – como poderia parar por ali? Pouco tempo depois, investiu 12 milhões de dólares da sua fortuna pessoal para criar a X.com, uma startup de serviços financeiros. Hoje é melhor conhecida como Paypal, empresa com a qual se fundiu mais tarde. Quando o Ebay comprou a Paypal, Musk recebeu uma generosa quantia de 250 milhões de dólares. Com esta fortuna, Elon já tinha fundos suficientes para seguir um dos seus maiores sonhos. E foi assim que decidiu aventurar-se nas estrelas – literalmente.

O sonho: salvar a vida na Terra e partir para outro planeta

Engana-se quem pensa que ele anda com a cabeça na lua – Elon Musk vive com a cabeça em Marte. Em 2001, viajou até à Rússia para comprar um foguetão. Mas os russos olharam-no com desdém e voltou para a América de mãos vazias. Eis que teve uma epifania: construir o seu próprio foguetão por uma fracção do preço das outras empresas. Se em criança passou dias de cabeça enfiada em bandas desenhadas, desta vez, passou meses rodeado de dezenas de livros de engenharia espacial para tentar perceber a fundo uma indústria na qual não tinha qualquer experiência. Num velho armazém, Elon reuniu ex-talentos da NASA, United Launch Alliance (o seu atual rival) e outras empresas para começar a sua startup de tecnologia de exploração espacial – a SpaceX.

Musk assegura que até 2024 será enviada a sua primeira missão tripulada até Marte – embora a tripulação só chegue ao planeta um ano depois, dada a distância que o separa da Terra. Porém, Elon não criou a SpaceX apenas para se aventurar no espaço. “Se quisesse ir à estação espacial poderia simplesmente comprar um bilhete. A SpaceX foi criada para expandir a vida além da Terra.” – explica: “Uma missão a Marte não altera fundamentalmente o futuro da humanidade. O objetivo é criar lá uma colónia auto-sustentável.”

Mas Elon não tem apenas sonhos além-fronteiras, também quer salvar o nosso planeta. Contrariar o aquecimento global e impulsionar as energias renováveis tem sido uma meta a longo prazo para o empreendedor.

Por isso, quando a Tesla Motors precisou de um grande investidor para construir o seu primeiro veículo elétrico, apenas um nome lhes passou pela cabeça: Elon Musk. Com um investimento de 6.5 milhões de dólares, Musk tornou-se no maior investidor da Tesla e CEO da empresa. Juntamente com os primos, também criou a SolarCity, que é hoje a maior fornecedora de painéis solares nos E.U.A.

Um olhar sobre a família Musk

Elon conheceu Justine, uma jovem aspirante a escritora, na universidade. Determinado e persistente, impôs como missão pessoal conquistá-la. Acabou por ser bem-sucedido e casaram em 2000, mas a lua-de-mel esteve longe de ser tranquila: Elon teve uma experiência de quase-morte quando voltou do Brasil com malária. Sobre o sucedido, comentou: “Esta é a minha lição por ter ido de férias: as férias são fatais.”

Na altura em que o casal teve o seu primeiro filho em 2002, também sofreu o maior desgosto das suas vidas quando Nevada faleceu tragicamente de síndrome de morte súbita com apenas 10 semanas. Elon sofreu em silêncio e refugiou-se no seu trabalho, dedicando-se a 100% às suas empresas. No entanto, Elon e Justine acabaram por ter mais 5 filhos, todos eles rapazes.

Revoltado contra o sistema de ensino tradicional, Musk até criou a sua própria escola para os filhos que pretende desconstruir os métodos escolares atuais. Nesta escola não há avaliações ou turmas, e os alunos aprendem de acordo com as suas capacidades e interesses – uma abordagem inédita mas previsível para alguém como Elon Musk.

Empenhado em ser o pai que nunca teve, dedica muito tempo aos filhos. Mas às vezes incomoda-o que nunca tenham sofrido como ele: Elon acredita que foi isso que lhe deu a força e determinação para vencer na vida.

O verdadeiro Homem de Ferro

Não foi por acaso que Elon Musk serviu de inspiração para Robert Downey Jr, ator que personifica o Homem de Ferro no grande ecrã. Quando a crise rompeu em 2008, tudo parecia ir de mal a pior para o magnata: a Tesla Motors dificilmente sobrevivia com o pouco dinheiro que lhe sobrava. A SpaceX incorria em enormes gastos enquanto se preparava para lançar o seu primeiro foguetão. E o azar de Elon não acabava por aí pois ainda se viu no meio de um processo de divórcio.

Para salvar a pele de ambas as empresas, Musk entrou em modo “super-herói” e tomou medidas extremas: fez cortes drásticos nos custos e até vendeu os seus bens pessoais para investir tudo o que tinha. Por esta altura, Elon trabalhava 100 horas por semana e impôs este ritmo alucinante a todos os seus funcionários, fazendo-os dormir em cima das secretárias quando a exaustão se instalava.

Elon pode ser exigente e intimidante, mas também mostra ser um verdadeiro líder: escreveu uma carta pessoal a cada funcionário da Tesla a agradecer o seu notável trabalho, explicando como poderia melhorar no futuro. Dolly Singh, ex-funcionária da SpaceX, também afirmou: “Acho que a maioria de nós o teria seguido até às portas do inferno de óleo bronzeador na mão” – recordando as suas incríveis capacidades de liderança durante a crise.

A SpaceX falhou consecutivamente todas as tentativas de lançamento do seu primeiro foguetão. Questionando-o se alguma vez pensou em desistir, Elon respondeu numa entrevista: “Nunca. Porque eu nunca desisto. Teria de estar morto ou completamente incapacitado para isso”. E 6 anos depois, foi possível concretizar este milagre da ciência moderna quando, pela primeira vez, o lançamento do Falcon 1 foi um sucesso.

Hoje, a Tesla é uma das marcas de carros mais valiosas do mundo. E a SpaceX continua a testar os limites da tecnologia aero-espacial. Apesar de ter arriscado tudo, Elon tem agora uma fortuna avaliada em 10 biliões de dólares – mas o dinheiro nunca foi a sua meta. Desde criança, sempre quis criar um impacto positivo no mundo. E é inegável o quão relevante tem sido a sua pegada até agora.

Uma visão ambiciosa para o futuro

A Tesla quer acelerar a saída da humanidade dos combustíveis fósseis. O novo plano a 10 anos da empresa parece ambicioso mas Musk garante que é possível: painéis solares nos tetos dos carros, viajar em piloto-automático enquanto lemos um livro e fazer dinheiro enquanto não utilizamos o carro ao torná-lo numa espécie de táxi automático – são tudo ideias que Musk pretende pôr em prática.

Com a futura abertura da Gigafactory – a monstruosa fábrica com um tamanho equivalente a 95 campos de futebol –  a Tesla já não quer ser só uma fábrica de carros. É aqui que vai fabricar as suas próprias baterias elétricas movidas a energia solar e a compra da SolarCity este ano foi o primeiro passo para a concretização deste plano.

Mas quem pensou que as invenções de Musk acabavam por aqui, que se prepare. Elon quer revolucionar o espaço e tornar o turismo espacial uma realidade. Quer revolucionar os transportes, ao criar um shuttle de alta-velocidade, capaz de viajar a 1300 km/h. Quer revolucionar a Internet, trazendo wi-fi aos pontos mais remotos do planeta. Quer revolucionar os carros e fazer com que todos se abasteçam apenas com o poder da eletricidade.

Elon Musk quer revolucionar o mundo. Se é apenas um sonhador utópico de ideias excêntricas ou um génio que irá mudar o percurso da humanidade, o tempo dirá.

Mas uma coisa é certa: ainda vamos ouvir falar muito de Elon Musk.

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Opinião

Como a Web Summit pode alavancar a inovação em Portugal

A Web Summit pode ser uma oportunidade de ouro para alavancar o potencial de inovação em Portugal. Mas para isso há que desenhar uma estratégia que tire partido da presença em Lisboa de milhares de pessoas que estão no centro da inovação em todo o mundo para disseminar esse conhecimento por todo o País. Não há tempo a perder!

Caríssimos, não estarei a dizer mentira nenhuma ao concluir que a ideia de trazer um evento como a Web Summit para Portugal se enquadrou numa estratégia clara de promoção do país, mas sobretudo de promoção da cidade de Lisboa como um local privilegiado para organização de grandes eventos internacionais, como de resto já o provou por diversas vezes.

A Web Summit tem a particularidade de se enquadrar perfeitamente na vontade nacional de tirar partido da onda de inovação e empreendedorismo que varre o mundo em que hoje vivemos.

São esperados cerca de 50.000 visitantes, mais de 1.000 investidores, centenas de speakers e estrelas internacionais do mundo da tecnologia, do entrepreneurship, e da inovação. O crème de la crème da indústria tecnológica vai estar então reunido no Pavilhão Atlântico, de 7 a 10 de Novembro. Por lá vão passar também, com grande dose de certeza, todos os nossos governantes para ver e serem vistos e permitir as habituais recolhas de imagens para a comunicação social. Vai ser sem dúvida um acontecimento marcante.

Mas, e perdoem-me os mais entusiasmados, a questão que julgo que deve ser colocada é: como é que podemos usar este magnífico evento para impulsionar a nossa capacidade de inovação? Estou certo de que essa não é, seguramente, a preocupação dos organizadores do evento. Estes estarão focados essencialmente no sucesso do mesmo. Contudo, essa deveria ser a preocupação central dos nossos governantes. Porquê? Porque essa é a essência de bem governar – aproveitar as oportunidades internas e externas para impulsionar a concretização dos nossos objectivos nacionais. Nem mais. Que melhor ocasião do que um evento com a grandeza do Web Summit para alavancarmos o nosso potencial de inovação?

Acredito que muita coisa podia ser feita nesse sentido. E é por isso que aqui deixo uma sugestão concreta.

Chegarão a Lisboa largas centenas de pessoas extremamente interessantes. Vejamos: empreendedores de sucesso, investidores, cientistas, inventores, engenheiros, pensadores, criativos, estrategas, CEOs e outros mais. Muitos deles são, com toda a certeza, pessoas que gostam de partilhar a sua experiência e o seu saber com quem tem interesse em ouvir. Estou absolutamente certo de que muitos deles aceitariam com muito agrado ficar em Portugal por mais um ou dois dias, para poderem intervir em conferências em várias universidades portuguesas.

Que melhor oportunidade para que estas pessoas, seres humanos iguais a qualquer um de nós, possam partilhar com os nossos estudantes e professores as suas ideias e visões da realidade com a qual lidam diariamente. Isso sim teria sido um acontecimento extraordinário.

Podermos organizar algumas dezenas de intervenções em universidades espalhadas de Norte a Sul do País. Mostrar o que fazemos, o que queremos fazer e pedir conselhos a quem trabalha realmente nas áreas para as quais estes jovens se estão a formar. Vejam as médias nacionais deste ano. As Engenharias destronaram a Medicina como o curso com a nota final de entrada mais alta. Isto diz muito daquilo que podemos fazer com este potencial humano que temos em mãos. Mas nem tudo está perdido.

A Web Summit ainda fica por Lisboa durante mais 2 anos, o que significa que estamos perfeitamente a tempo de aproveitar esta oportunidade incrível para o nosso país.

Mas para que isso não passe apenas de uma ideia bem-intencionada seria necessário criar desde já um grupo de trabalho que, com antecedência e em estreita colaboração com os organizadores do Web Summit, dinamize e ajude a levar essa onda de conhecimento às nossas universidades.

Esta é a minha sugestão. Para o evento deste ano já não vai ser possível, mas temos um ano inteiro pela frente para preparar tudo e fazer com que isto possa ser uma realidade já em 2017.

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Opinião RH

Os novos talentos do mundo digital que as empresas precisam de atrair

A Mckinsey publicou recentemente um artigo acerca da forma como um ambiente de rápida mudança digital está a alterar o tipo de competências de TI que são fundamentais nas empresas. As organizações que souberem adaptar-se a estas novas necessidades irão certamente ganhar uma vantagem competitiva em relação às restantes.

O tipo de talento que as empresas digitais precisam pode variar de acordo com o mercado, mas existem alguns traços comuns cruciais a qualquer negócio digital: opera rapidamente, é ágil, responsivo, focado no cliente e capaz de criar insights. Eis alguns dos talentos que reúnem esse tipo de competências:

  • Experience designers e engineers

Investir em talento TI que permita proporcionar uma boa experiência ao cliente é fundamental. Estes profissionais estão particularmente focados em criar insights através da análise de dados do cliente e interpretar comportamentos do consumidor através de métodos test-and-learn, traduzindo estes insights e ideias em soluções que utilizem ferramentas de design.

  • Scrum masters e agility coaches

Dentro da metodologia “scrum” (que impõe a auto-organização e capacidade da equipa para fazer mudanças rapidamente), o scrum master assegura a gestão das equipas durante o processo de desenvolvimento. São indivíduos com grandes capacidades de liderança e para resolver problemas rapidamente. Por outro lado, os agility coaches têm o papel de “agentes da mudança” que transformam a forma de pensar e agir da empresa. Têm fortes skills de comunicação e persuasão, criam planos que sustentam os processos ágeis da organização e determinam os KPIs e métricas para analisar o progresso.

  • Product owners

Este papel é por vezes referido como o mini-CEO de um produto digital. Os product owners definem a visão do produto, têm autoridade para tomar decisões de grande valor para o negócio e estão altamente focados nos KPIs que quantificam o progresso. Para desempenhar este papel é fundamental ter visão estratégica, foco no valor quantificável do produto para o negócio, capacidade de decisão e experiência em gestão de produto.

  • Arquitectos full-stack

Este profissional deverá não só estar familiarizado com todas as componentes tecnológicas que incluem a interface web/mobile do utilizador, micro-serviços de middleware e bases de dados back-end, como ser um perito em pelo menos uma destas áreas.

  • Machine-learning engineers de nova geração

Este novo tipo de inteligência artificial que concede aos computadores a habilidade para aprender por si mesmos requer um novo tipo de software engineer que saiba utilizar conjuntos de dados, programar em ambientes de programação escaláveis (Cloud, Hadoop, etc) e perceba como refinar os algoritmos utilizados nos seus códigos de software.

  • “DevOps” engineers

As organizações precisam de DevOps (integração de development operations) engineers para navegar num ecossistema de programação baseado em infraestruturas cloud em rápida mudança. Estes podem criar ferramentas que permitam às equipas de desenvolvimento automatizar os processos através de acesso a recursos de infraestrutura (servidores, aplicações, armazenamento, etc) à distância de um clique.

O sucesso de uma empresa numa era de transformação digital não passa apenas pela componente tecnológica. Mas saber reconhecer que novos talentos de TI são necessários e entender que métodos de recrutamento são eficazes na sua atração/retenção é fundamental para a mudança.

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Opinião: Como atrair e reter talentos

Isentar as startups de contribuições para a Segurança Social na contratação de especialistas nacionais de IT e criar um regime excepcional de IRS atrativo para técnicos estrangeiros que queiram vir trabalhar para Portugal são medidas que iriam permitir reter os nossos talentos e atrair os de outros países.

As nossas universidades produzem especialistas de reconhecida qualidade. Muitos dos nossos jovens não conseguem encontrar colocação no seu país. Nos últimos anos centenas de milhares de pessoas foram forçadas a emigrar, uma grande parte delas são jovens especialistas. Países como a Grã-Bretanha, Alemanha, Holanda, Estados Unidos e outros recebem gratuitamente milhares e milhares de jovens formados no nosso país com os nossos recursos, sejam eles públicos ou privados. Esses jovens vão dar toda a sua energia, entusiasmo, ambição e conhecimentos para o desenvolvimento de empresas e economias que competem connosco e a quem vamos depois comprar serviços e produtos, agravando ainda mais a nossa balança de pagamentos e a nossa dívida externa. O mundo mudou, globalizou-se e tornou-se desafiante e interessante. Os países, as empresas, as famílias tornaram-se multiculturais. A mobilidade é cada vez mais estonteante. Muitos desses jovens não voltarão mais para o seu país.

Ao deixar sair os nossos jovens para o estrangeiro, não só estamos a perder contribuintes para o Estado e para a sustentabilidade da Segurança Social, como, sobretudo, estamos a hipotecar o nosso futuro.

Temos que saber reter os nossos jovens talentos, criar as condições para que possam ter e desenvolver as suas ideias, projetos e negócios no nosso país, criando emprego e riqueza, aumentando a produtividade e a competitividade das empresas e da economia.

Para que isso aconteça, temos que nos tornar competitivos na retenção dos nossos próprios talentos e, se possível, atrair os de outros países. Temos condições excepcionais – um clima invejável, um povo hospitaleiro, bom ambiente cultural, excelente gastronomia. Tornámo-nos muito mais inovadores, criámos excelentes empresas e há um novo ambiente de inovação. Conseguimos ser hóspedes de acontecimentos importantes no campo da inovação, como é o caso do Web Summit e outros. Temos que potenciar as condições favoráveis e tomar medidas corajosas que permitam dar o salto.

Temos que criar condições excepcionais para que startups inovadoras consigam competir na contratação de talentos com grandes empresas e com as propostas de contratação vindas do estrangeiro. Se o Estado prescindir da contribuição para a segurança social do trabalhador e da empresa, a startup, com a mesma despesa, terá mais 35% para remunerar o jovem talento. O Estado poderá definir um período temporal para esse benefício ou dá-lo a startups que estão em fase de desenvolvimento do projeto, sem nenhuma ou pouca facturação.

Sei que se vai contestar a ideia, argumentando que a não cobrança dessas contribuições poderá colocar em causa a sustentabilidade da Segurança Social. Na verdade, ninguém garante que alguma vez se conseguisse cobrar essas contribuições. As centenas de milhares de jovens que vendem o seu talento no estrangeiro não contribuem com um único cêntimo para o nosso sistema de segurança social. Mas se retivermos esses jovens no nosso País, ficarão a criar serviços, produtos, empregos e riqueza. Serão eles a prazo que irão contribuir decisivamente para essa mesma sustentabilidade do sistema da segurança social.

Devemos também procurar atrair talentos formados noutros países. Criámos condições fiscais eficazes para atrair reformados de países europeus. Porque é que não fazemos o mesmo para jovens especialistas estrangeiros que queiram usar o seu talento para o desenvolvimento do nosso País?

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Segurança na Internet – Como as aplicações “grátis” podem sair-lhe caro

“Não abras a porta a estranhos!” – É um aviso que os pais frequentemente transmitem aos filhos, juntamente com outros conselhos acerca dos perigos do mundo que os rodeia. Contudo, com o passar dos anos e rápida evolução tecnológica, é agora um desafio acompanhar todas as novidades e os seus perigos.

Queremos experimentar estas novidades e as aplicações que utilizamos são geralmente uma porta aberta para “estranhos”. Mais ainda se estivermos perante aplicações ilegais ou versões pirata. Sem nunca nos apercebermos, podemos estar a ceder dados e correr o risco que nos acedam involuntariamente ao computador. Infelizmente, existe uma enorme variedade de software não certificado e, muitas vezes, com finalidades duvidosas.

Vejamos como exemplo o mundo de aplicações que está disponível para os telemóveis Android. Muitas vezes precisamos de aplicações adicionais e uma pequena pesquisa no “market” dá-nos uma ampla variedade de conteúdos que fazem o que queremos (e o que não queremos).

É evidente que queremos usufruir dos nossos equipamentos móveis ao máximo. Mas agora vem a parte que a maioria não dá importância: quais são as permissões que damos a uma aplicação (p. ex. Bloco de Notas)? Será que faz sentido dar permissão para aceder aos meus contactos? Ou até conhecer a minha localização e consultar o estado do Wi-Fi? Porquê facultar estas autorizações à aplicação quando a finalidade da mesma é apenas escrever texto livre?

Sendo uma aplicação gratuita, muitos consideram que não têm direito a opor-se a estas condições. Mas não é bem assim. Hoje em dia, é preciso ter muito cuidado com a partilha dos nossos dados.

Os dispositivos móveis conseguem ser uma verdadeira mina de ouro para hackers e podem facilmente ser manipulados. Desde as fotos, à navegação do browser, aplicações usadas, contactos, e-mail pessoal e até do trabalho, enfim… temos de tudo!

Considere no que podemos fazer nos nossos telemóveis hoje em dia. Toda e qualquer atividade que temos nesse dispositivo pode estar a ser recolhida e enviada para terceiros. Quanto vale no mercado os nossos contactos? O nosso e-mail e outras informações? Quem poderá beneficiar?

Pense sempre que a aplicação não é verdadeiramente grátis. Quem desenvolveu a aplicação poderá ter outros objetivos em mente. Para combater isso, hackers e especialistas na área de todo o mundo até se reúnem anualmente para discutir novas formas de melhorar a segurança informática (como é o caso da convenção DEF CON em Las Vegas).

Por isso, estarmos informados sobre a forma como este tipo de ataques ocorre e como os podemos evitar deve ser o nosso principal foco. O aumento do crime informático deverá deixar-nos alerta, garantindo que a segurança vem sempre em primeiro lugar.

Recentemente, o fabricante de automóveis Volkswagen surgiu na imprensa internacional por ter proibido os seus colaboradores de jogarem Pokémon GO dentro das instalações na sede alemã porque, entre outras razões, a geolocalização usada pelo jogo permitia a terceiros conhecer a posição do dispositivo.

Estas situações têm levado as empresas a rever as suas políticas internas e elevar a segurança dentro das suas instalações. Desta forma, a procura por consultoria nesta área tem aumentado, já que muitas empresas não medem esforços para evitar revelar segredos que poderão gerar avultados prejuízos.

Compete agora a cada um de nós fazer uma avaliação dos possíveis riscos que corremos e avaliar o que é possível fazer para minimizar os mesmos. É certo que não podemos eliminar o risco na totalidade, mas também não queremos ”abrir a porta”.

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Sem saber fazer contas… não vamos lá.

Grande parte dos alunos que terminam o secundário e se candidatam ao ensino superior escolhe os cursos com uma premissa no pensamento: evitar a todo o custo o “monstro” da Matemática.

Isto leva a que continuemos sistematicamente a ter uma grande falta de licenciados nas áreas tecnológicas e um excesso de pessoas formadas em cursos com pouca procura no mercado.

Em vésperas do início de um novo ano lectivo, importa analisar alguns resultados do anterior e retirar daí algumas conclusões. Centremo-nos então nos exames nacionais de Matemática e de Ciências Exatas.

De acordo com o Ministério da Educação: “quase metade dos alunos (44%) que realizaram exame nacional de Matemática A na 1.ª fase voltaram a fazê-lo na 2.ª fase. No mesmo sentido, 43% dos estudantes também optaram por repetir a prova de Biologia e Geologia”. A situação agrava-se no 9º ano do ensino básico, onde os resultados da prova de Matemática foram os piores dos últimos tempos. A média do exame nacional deste ano fixou-se nos 47%. Nota negativa, portanto.

A meu ver, os maus resultados obtidos nestas disciplinas têm um reflexo muito prejudicial na capacidade de desenvolvimento do nosso país. Porquê? Porque grande parte dos alunos que terminam o secundário e se candidatam ao ensino superior escolhe os cursos com uma premissa no pensamento: evitar a todo o custo o “monstro” da Matemática.

Na prática, creio que a má qualidade e, sobretudo, a estagnação do modelo de ensino vigente acabam por limitar as escolhas dos jovens. Isto leva a que continuemos sistematicamente a ter uma grande falta de licenciados nas áreas tecnológicas e um excesso de pessoas formadas em cursos com pouca procura no mercado.

Os primeiros prejudicados são, obviamente, os jovens que, muitas vezes, vêem os seus sonhos desfeitos pela fuga, quase que obrigatória, ao monstro em que está transformada a Matemática. E uma coisa é mais do que certa: Portugal fica amplamente prejudicado por não conseguir produzir quadros tecnológicos absolutamente essenciais para o desenvolvimento e para a competitividade interna e externa.

Nesta medida, não se percebe porque é que aumentar a qualidade do ensino da Matemática não é uma prioridade nacional. É preciso combater veemente a estagnação provocada pelos métodos antiquados e formais, com uma procura intensa de novas e melhores formas de ensino. Parece absolutamente inegável que continuar a insistir na mesma fórmula só poderá a produzir os mesmos resultados. Haverá certamente muitos exemplos de sucesso que valerá a pena replicar. Contudo, seria também importante instituir incentivos materiais a professores e às escolas que apresentassem melhores resultados.

Falando especificamente da área das novas tecnologias, esta continua a ser uma das mais procuradas pelo mercado e uma das melhores apostas para conseguir emprego. E atenção! Não sou eu que o digo, são as estatísticas a que todos temos acesso. Cursos como Engenharia Informática, Tecnologias de Informação e Biotecnologia são algumas das escolhas mais seguras.

É necessário inverter definitivamente esta tendência e fazer de Portugal um país que não tem medo da Matemática. Temos de ser um país sem medo de formar, desde cedo, jovens que possam ajudar a assegurar um futuro melhor, construindo a base tecnológica que o vai sustentar.

A Matemática e as ciências exatas não podem continuar a ser vistas como as disciplinas a evitar ou para as quais só alguns é que, perdoem-me a expressão, têm jeito. É preciso cativar os alunos e mostrar-lhes que são disciplinas de muito valor e que estão presentes em tudo na nossa vida.

Tem de haver a noção e a consciência da importância real desta área na vida dos dias de hoje. É do nosso absoluto interesse que se formem mais profissionais nas Tecnologias de Informação, até porque não podemos continuar a acreditar que é possível vivermos apoiados exclusivamente no Turismo.

Meus senhores, se não soubermos fazer contas, não vamos lá.

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Guia para não ficar “obsoleto” no mundo das TI

Vivemos tempos difíceis. A tecnologia evoluí a um ritmo alucinante e nós, nós continuamos a ser simplesmente… humanos. Com limitações que as máquinas não têm, porque nós as concebemos assim, para terem cada vez menos falhas.

Quando se diz, e sobretudo quando se escreve, sobre as tecnologias que estão ou não a ficar obsoletas e as que têm ou não esse estatuto contemporâneo de trend, estamos a entrar no campo da futurologia. O mesmo se passa quando fazemos o habitual exercício de tentar adivinhar se vais ou não vais ter emprego! Suposições. Não são mais do que isso.

Quantas vezes se anunciou aos sete ventos o fim do Cobol? No entanto a procura por profissionais nesta área contínua no top da lista das equipas de recrutamento! Este tipo de situações traz-nos à derradeira questão. Será que a palavra “obsoleto”, no mundo da tecnologia, é algo assim tão claro e evidente?

Data Scientists, Mobile  Developers, DevOps, Cloud Specialists… como se pode ver, são tantos os novos tipos de skills que as empresas procuram nos dias de hoje, que em muitos momentos podemos ter a sensação de estarmos ligeiramente perdidos no que diz respeito ao caminho certo a seguir para poder abraçar e empreender numa carreira no maravilhoso mundo das tecnologias!

Mas engane-se quem pensa que estamos numa altura complicada para aprender e desenvolver novas skills a nível profissional. Muito pelo contrário. Isto é, não poderia haver melhor altura para o fazer, como mostra este artigo do site CIO.com

Quanto a nós, 2016 tem sido particularmente agitado no mercado do emprego das TI em Portugal. A maioria das empresas optou por reforçar as suas equipas nestas áreas, seja através de recrutamento, ou através de serviços de outsourcing.

A competição por profissionais na área das Tecnologias de informação é intensa, seja nas sexys startups ou nas largest tech companies como a Google, a Amazon, a Microsoft… muito atraentes para qualquer profissional à procura de novos desafios. E no meio desta autêntica dança de cadeiras, estamos todos a pensar no que é que podemos fazer para assegurarmos a manutenção dos nossos talentos dentro da nossa empresa. Será que o dinheiro é realmente tudo na vida? Será que só com aumentos progressivos e consecutivos de salários é que conseguimos manter os nossos trabalhadores satisfeitos? Não me parece! Até porque nenhuma empresa sobrevive se passar a vida a aumentar os salários dos trabalhadores.

Será que se proporcionarmos aos trabalhadores a possibilidade de participar em novos projetos, com acesso a novas tecnologias, ou se transformarmos as nossas empresas em espaços mais divertidos e agradáveis para trabalhar, conseguiremos parecer mais “cool”?

Considero que todas as iniciativas podem contribuir para aumentarmos a taxa de retenção dos nossos talentos, mas a grande preocupação deste profissionais é a atratividade do seus skills tecnológicos: estarão ou não a ficar obsoletos? Sim. Fora de moda. Fora de jogo e fora do jogo.

A tecnologia muda e evolui em loop, o que pressiona a mudança e consequentemente a aprendizagem quase mandatória de novos skills. Para ontem.

A formação é e tem de continuar a ser um driver claríssimo e fundamental na carreira dos profissionais das TI.

Mas isto traz-nos a questão fundamental deste texto.

Quais são as maiores necessidades formativas que existem na área das TI’s? Em que tipo de formação deve a tua empresa investir para que os colaboradores estejam atualizados?

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Investir em resultados, não em ideias

Em vez de aplicar o dinheiro público no desenvolvimento de ideias que provavelmente nunca darão em nada, propõe-se usar esse dinheiro para financiar empresas dispostas e comprarem produtos desenvolvidos pelas startups tecnológicas. Essa é a melhor forma de tornar as jovens empresas inovadoras atrativas para os investidores, potenciando assim o seu sucesso.

As startups tecnológicas portuguesas têm ganho cada vez mais protagonismo, em Portugal e no estrangeiro. Têm ideias inovadoras, boas equipas e ambição de se tornarem globais. Falta-lhes muitas vezes o acesso ao capital dos investidores e a experiência de vender lá fora.

Por outro lado, com o Portugal 2020, estamos a entrar num novo ciclo de investimentos participados pelos fundos europeus. Já no QREN houve muitos milhões de euros aplicados em inovação e desenvolvimento. A maioria desses projetos financiados pouco ou mesmo nada trouxeram em termos de inovação real. Isto porque para sermos rigorosos, só podemos falar em inovação quando o mercado reconhece o mérito de uma nova ideia e está disposto a pagar por ela.

Os programas europeus não foram concebidos para financiar startups. Estas têm que provar o seu mérito a investidores de capitais de risco, fundos de investimento e business angels. São estes que, quando convencidos, investem nas startups o seu dinheiro, definindo objetivos no tempo que têm que ser cumpridos. Algumas tem sido bem sucedidas, mas a maioria nem por isso.

Há certamente várias razões para isso. Mas provavelmente a mais forte tem a ver com a dificuldade que as startups têm de provar que o mercado reconhece o mérito das suas ideias. Conseguir realizar os primeiros pilotos, angariar os primeiros clientes e apresentar provas dos resultados são uma grande barreira para o sucesso. Quem o consegue, terá certamente muito mais facilidade em conseguir a atenção dos financiadores.

Sendo assim, o que proponho é uma alteração ao modelo atual. Em vez de aplicar o dinheiro público no desenvolvimento de ideias que provavelmente nunca darão em nada, aplicar esse dinheiro, ou parte dele, na realização de pilotos de produtos já desenvolvidos. Ou seja, financiar empresas e outras organizações públicas e privadas que estejam interessadas em testar as ideias desenvolvidas pelas startups tecnológicas. Por outras palavras, os fundos públicos iriam financiar a compra de soluções às startups para a realização de pilotos.

Desta forma, iríamos conseguir atingir vários objetivos.

Teríamos um modelo inovador de apoio a startups, não para desenvolvimento de produtos, mas sim para o teste no mercado dos produtos já desenvolvidos. Essa prova de mercado equivaleria a uma redução do risco, tornando as startups muito mais atrativas para os investidores e aumentando assim a probabilidade do seu sucesso.

Estaríamos também a incentivar diretamente as empresas a adoptarem novas ideias e tecnologias, o que contribuiria para as tornar mais modernas, mais inovadoras, mais produtivas e mais competitivas.

Iríamos incentivar empreendedores de outros países a instalarem-se em Portugal para lançarem startups inovadoras, gerando assim mais emprego e mais riqueza.

Por fim, conseguiríamos atrair muito melhor o interesse dos investidores internacionais para as nossas startups.