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Opinião: Como atrair e reter talentos

Isentar as startups de contribuições para a Segurança Social na contratação de especialistas nacionais de IT e criar um regime excepcional de IRS atrativo para técnicos estrangeiros que queiram vir trabalhar para Portugal são medidas que iriam permitir reter os nossos talentos e atrair os de outros países.

As nossas universidades produzem especialistas de reconhecida qualidade. Muitos dos nossos jovens não conseguem encontrar colocação no seu país. Nos últimos anos centenas de milhares de pessoas foram forçadas a emigrar, uma grande parte delas são jovens especialistas. Países como a Grã-Bretanha, Alemanha, Holanda, Estados Unidos e outros recebem gratuitamente milhares e milhares de jovens formados no nosso país com os nossos recursos, sejam eles públicos ou privados. Esses jovens vão dar toda a sua energia, entusiasmo, ambição e conhecimentos para o desenvolvimento de empresas e economias que competem connosco e a quem vamos depois comprar serviços e produtos, agravando ainda mais a nossa balança de pagamentos e a nossa dívida externa. O mundo mudou, globalizou-se e tornou-se desafiante e interessante. Os países, as empresas, as famílias tornaram-se multiculturais. A mobilidade é cada vez mais estonteante. Muitos desses jovens não voltarão mais para o seu país.

Ao deixar sair os nossos jovens para o estrangeiro, não só estamos a perder contribuintes para o Estado e para a sustentabilidade da Segurança Social, como, sobretudo, estamos a hipotecar o nosso futuro.

Temos que saber reter os nossos jovens talentos, criar as condições para que possam ter e desenvolver as suas ideias, projetos e negócios no nosso país, criando emprego e riqueza, aumentando a produtividade e a competitividade das empresas e da economia.

Para que isso aconteça, temos que nos tornar competitivos na retenção dos nossos próprios talentos e, se possível, atrair os de outros países. Temos condições excepcionais – um clima invejável, um povo hospitaleiro, bom ambiente cultural, excelente gastronomia. Tornámo-nos muito mais inovadores, criámos excelentes empresas e há um novo ambiente de inovação. Conseguimos ser hóspedes de acontecimentos importantes no campo da inovação, como é o caso do Web Summit e outros. Temos que potenciar as condições favoráveis e tomar medidas corajosas que permitam dar o salto.

Temos que criar condições excepcionais para que startups inovadoras consigam competir na contratação de talentos com grandes empresas e com as propostas de contratação vindas do estrangeiro. Se o Estado prescindir da contribuição para a segurança social do trabalhador e da empresa, a startup, com a mesma despesa, terá mais 35% para remunerar o jovem talento. O Estado poderá definir um período temporal para esse benefício ou dá-lo a startups que estão em fase de desenvolvimento do projeto, sem nenhuma ou pouca facturação.

Sei que se vai contestar a ideia, argumentando que a não cobrança dessas contribuições poderá colocar em causa a sustentabilidade da Segurança Social. Na verdade, ninguém garante que alguma vez se conseguisse cobrar essas contribuições. As centenas de milhares de jovens que vendem o seu talento no estrangeiro não contribuem com um único cêntimo para o nosso sistema de segurança social. Mas se retivermos esses jovens no nosso País, ficarão a criar serviços, produtos, empregos e riqueza. Serão eles a prazo que irão contribuir decisivamente para essa mesma sustentabilidade do sistema da segurança social.

Devemos também procurar atrair talentos formados noutros países. Criámos condições fiscais eficazes para atrair reformados de países europeus. Porque é que não fazemos o mesmo para jovens especialistas estrangeiros que queiram usar o seu talento para o desenvolvimento do nosso País?

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Segurança na Internet – Como as aplicações “grátis” podem sair-lhe caro

“Não abras a porta a estranhos!” – É um aviso que os pais frequentemente transmitem aos filhos, juntamente com outros conselhos acerca dos perigos do mundo que os rodeia. Contudo, com o passar dos anos e rápida evolução tecnológica, é agora um desafio acompanhar todas as novidades e os seus perigos.

Queremos experimentar estas novidades e as aplicações que utilizamos são geralmente uma porta aberta para “estranhos”. Mais ainda se estivermos perante aplicações ilegais ou versões pirata. Sem nunca nos apercebermos, podemos estar a ceder dados e correr o risco que nos acedam involuntariamente ao computador. Infelizmente, existe uma enorme variedade de software não certificado e, muitas vezes, com finalidades duvidosas.

Vejamos como exemplo o mundo de aplicações que está disponível para os telemóveis Android. Muitas vezes precisamos de aplicações adicionais e uma pequena pesquisa no “market” dá-nos uma ampla variedade de conteúdos que fazem o que queremos (e o que não queremos).

É evidente que queremos usufruir dos nossos equipamentos móveis ao máximo. Mas agora vem a parte que a maioria não dá importância: quais são as permissões que damos a uma aplicação (p. ex. Bloco de Notas)? Será que faz sentido dar permissão para aceder aos meus contactos? Ou até conhecer a minha localização e consultar o estado do Wi-Fi? Porquê facultar estas autorizações à aplicação quando a finalidade da mesma é apenas escrever texto livre?

Sendo uma aplicação gratuita, muitos consideram que não têm direito a opor-se a estas condições. Mas não é bem assim. Hoje em dia, é preciso ter muito cuidado com a partilha dos nossos dados.

Os dispositivos móveis conseguem ser uma verdadeira mina de ouro para hackers e podem facilmente ser manipulados. Desde as fotos, à navegação do browser, aplicações usadas, contactos, e-mail pessoal e até do trabalho, enfim… temos de tudo!

Considere no que podemos fazer nos nossos telemóveis hoje em dia. Toda e qualquer atividade que temos nesse dispositivo pode estar a ser recolhida e enviada para terceiros. Quanto vale no mercado os nossos contactos? O nosso e-mail e outras informações? Quem poderá beneficiar?

Pense sempre que a aplicação não é verdadeiramente grátis. Quem desenvolveu a aplicação poderá ter outros objetivos em mente. Para combater isso, hackers e especialistas na área de todo o mundo até se reúnem anualmente para discutir novas formas de melhorar a segurança informática (como é o caso da convenção DEF CON em Las Vegas).

Por isso, estarmos informados sobre a forma como este tipo de ataques ocorre e como os podemos evitar deve ser o nosso principal foco. O aumento do crime informático deverá deixar-nos alerta, garantindo que a segurança vem sempre em primeiro lugar.

Recentemente, o fabricante de automóveis Volkswagen surgiu na imprensa internacional por ter proibido os seus colaboradores de jogarem Pokémon GO dentro das instalações na sede alemã porque, entre outras razões, a geolocalização usada pelo jogo permitia a terceiros conhecer a posição do dispositivo.

Estas situações têm levado as empresas a rever as suas políticas internas e elevar a segurança dentro das suas instalações. Desta forma, a procura por consultoria nesta área tem aumentado, já que muitas empresas não medem esforços para evitar revelar segredos que poderão gerar avultados prejuízos.

Compete agora a cada um de nós fazer uma avaliação dos possíveis riscos que corremos e avaliar o que é possível fazer para minimizar os mesmos. É certo que não podemos eliminar o risco na totalidade, mas também não queremos ”abrir a porta”.

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Sem saber fazer contas… não vamos lá.

Grande parte dos alunos que terminam o secundário e se candidatam ao ensino superior escolhe os cursos com uma premissa no pensamento: evitar a todo o custo o “monstro” da Matemática.

Isto leva a que continuemos sistematicamente a ter uma grande falta de licenciados nas áreas tecnológicas e um excesso de pessoas formadas em cursos com pouca procura no mercado.

Em vésperas do início de um novo ano lectivo, importa analisar alguns resultados do anterior e retirar daí algumas conclusões. Centremo-nos então nos exames nacionais de Matemática e de Ciências Exatas.

De acordo com o Ministério da Educação: “quase metade dos alunos (44%) que realizaram exame nacional de Matemática A na 1.ª fase voltaram a fazê-lo na 2.ª fase. No mesmo sentido, 43% dos estudantes também optaram por repetir a prova de Biologia e Geologia”. A situação agrava-se no 9º ano do ensino básico, onde os resultados da prova de Matemática foram os piores dos últimos tempos. A média do exame nacional deste ano fixou-se nos 47%. Nota negativa, portanto.

A meu ver, os maus resultados obtidos nestas disciplinas têm um reflexo muito prejudicial na capacidade de desenvolvimento do nosso país. Porquê? Porque grande parte dos alunos que terminam o secundário e se candidatam ao ensino superior escolhe os cursos com uma premissa no pensamento: evitar a todo o custo o “monstro” da Matemática.

Na prática, creio que a má qualidade e, sobretudo, a estagnação do modelo de ensino vigente acabam por limitar as escolhas dos jovens. Isto leva a que continuemos sistematicamente a ter uma grande falta de licenciados nas áreas tecnológicas e um excesso de pessoas formadas em cursos com pouca procura no mercado.

Os primeiros prejudicados são, obviamente, os jovens que, muitas vezes, vêem os seus sonhos desfeitos pela fuga, quase que obrigatória, ao monstro em que está transformada a Matemática. E uma coisa é mais do que certa: Portugal fica amplamente prejudicado por não conseguir produzir quadros tecnológicos absolutamente essenciais para o desenvolvimento e para a competitividade interna e externa.

Nesta medida, não se percebe porque é que aumentar a qualidade do ensino da Matemática não é uma prioridade nacional. É preciso combater veemente a estagnação provocada pelos métodos antiquados e formais, com uma procura intensa de novas e melhores formas de ensino. Parece absolutamente inegável que continuar a insistir na mesma fórmula só poderá a produzir os mesmos resultados. Haverá certamente muitos exemplos de sucesso que valerá a pena replicar. Contudo, seria também importante instituir incentivos materiais a professores e às escolas que apresentassem melhores resultados.

Falando especificamente da área das novas tecnologias, esta continua a ser uma das mais procuradas pelo mercado e uma das melhores apostas para conseguir emprego. E atenção! Não sou eu que o digo, são as estatísticas a que todos temos acesso. Cursos como Engenharia Informática, Tecnologias de Informação e Biotecnologia são algumas das escolhas mais seguras.

É necessário inverter definitivamente esta tendência e fazer de Portugal um país que não tem medo da Matemática. Temos de ser um país sem medo de formar, desde cedo, jovens que possam ajudar a assegurar um futuro melhor, construindo a base tecnológica que o vai sustentar.

A Matemática e as ciências exatas não podem continuar a ser vistas como as disciplinas a evitar ou para as quais só alguns é que, perdoem-me a expressão, têm jeito. É preciso cativar os alunos e mostrar-lhes que são disciplinas de muito valor e que estão presentes em tudo na nossa vida.

Tem de haver a noção e a consciência da importância real desta área na vida dos dias de hoje. É do nosso absoluto interesse que se formem mais profissionais nas Tecnologias de Informação, até porque não podemos continuar a acreditar que é possível vivermos apoiados exclusivamente no Turismo.

Meus senhores, se não soubermos fazer contas, não vamos lá.

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Guia para não ficar “obsoleto” no mundo das TI

Vivemos tempos difíceis. A tecnologia evoluí a um ritmo alucinante e nós, nós continuamos a ser simplesmente… humanos. Com limitações que as máquinas não têm, porque nós as concebemos assim, para terem cada vez menos falhas.

Quando se diz, e sobretudo quando se escreve, sobre as tecnologias que estão ou não a ficar obsoletas e as que têm ou não esse estatuto contemporâneo de trend, estamos a entrar no campo da futurologia. O mesmo se passa quando fazemos o habitual exercício de tentar adivinhar se vais ou não vais ter emprego! Suposições. Não são mais do que isso.

Quantas vezes se anunciou aos sete ventos o fim do Cobol? No entanto a procura por profissionais nesta área contínua no top da lista das equipas de recrutamento! Este tipo de situações traz-nos à derradeira questão. Será que a palavra “obsoleto”, no mundo da tecnologia, é algo assim tão claro e evidente?

Data Scientists, Mobile  Developers, DevOps, Cloud Specialists… como se pode ver, são tantos os novos tipos de skills que as empresas procuram nos dias de hoje, que em muitos momentos podemos ter a sensação de estarmos ligeiramente perdidos no que diz respeito ao caminho certo a seguir para poder abraçar e empreender numa carreira no maravilhoso mundo das tecnologias!

Mas engane-se quem pensa que estamos numa altura complicada para aprender e desenvolver novas skills a nível profissional. Muito pelo contrário. Isto é, não poderia haver melhor altura para o fazer, como mostra este artigo do site CIO.com

Quanto a nós, 2016 tem sido particularmente agitado no mercado do emprego das TI em Portugal. A maioria das empresas optou por reforçar as suas equipas nestas áreas, seja através de recrutamento, ou através de serviços de outsourcing.

A competição por profissionais na área das Tecnologias de informação é intensa, seja nas sexys startups ou nas largest tech companies como a Google, a Amazon, a Microsoft… muito atraentes para qualquer profissional à procura de novos desafios. E no meio desta autêntica dança de cadeiras, estamos todos a pensar no que é que podemos fazer para assegurarmos a manutenção dos nossos talentos dentro da nossa empresa. Será que o dinheiro é realmente tudo na vida? Será que só com aumentos progressivos e consecutivos de salários é que conseguimos manter os nossos trabalhadores satisfeitos? Não me parece! Até porque nenhuma empresa sobrevive se passar a vida a aumentar os salários dos trabalhadores.

Será que se proporcionarmos aos trabalhadores a possibilidade de participar em novos projetos, com acesso a novas tecnologias, ou se transformarmos as nossas empresas em espaços mais divertidos e agradáveis para trabalhar, conseguiremos parecer mais “cool”?

Considero que todas as iniciativas podem contribuir para aumentarmos a taxa de retenção dos nossos talentos, mas a grande preocupação deste profissionais é a atratividade do seus skills tecnológicos: estarão ou não a ficar obsoletos? Sim. Fora de moda. Fora de jogo e fora do jogo.

A tecnologia muda e evolui em loop, o que pressiona a mudança e consequentemente a aprendizagem quase mandatória de novos skills. Para ontem.

A formação é e tem de continuar a ser um driver claríssimo e fundamental na carreira dos profissionais das TI.

Mas isto traz-nos a questão fundamental deste texto.

Quais são as maiores necessidades formativas que existem na área das TI’s? Em que tipo de formação deve a tua empresa investir para que os colaboradores estejam atualizados?

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Investir em resultados, não em ideias

Em vez de aplicar o dinheiro público no desenvolvimento de ideias que provavelmente nunca darão em nada, propõe-se usar esse dinheiro para financiar empresas dispostas e comprarem produtos desenvolvidos pelas startups tecnológicas. Essa é a melhor forma de tornar as jovens empresas inovadoras atrativas para os investidores, potenciando assim o seu sucesso.

As startups tecnológicas portuguesas têm ganho cada vez mais protagonismo, em Portugal e no estrangeiro. Têm ideias inovadoras, boas equipas e ambição de se tornarem globais. Falta-lhes muitas vezes o acesso ao capital dos investidores e a experiência de vender lá fora.

Por outro lado, com o Portugal 2020, estamos a entrar num novo ciclo de investimentos participados pelos fundos europeus. Já no QREN houve muitos milhões de euros aplicados em inovação e desenvolvimento. A maioria desses projetos financiados pouco ou mesmo nada trouxeram em termos de inovação real. Isto porque para sermos rigorosos, só podemos falar em inovação quando o mercado reconhece o mérito de uma nova ideia e está disposto a pagar por ela.

Os programas europeus não foram concebidos para financiar startups. Estas têm que provar o seu mérito a investidores de capitais de risco, fundos de investimento e business angels. São estes que, quando convencidos, investem nas startups o seu dinheiro, definindo objetivos no tempo que têm que ser cumpridos. Algumas tem sido bem sucedidas, mas a maioria nem por isso.

Há certamente várias razões para isso. Mas provavelmente a mais forte tem a ver com a dificuldade que as startups têm de provar que o mercado reconhece o mérito das suas ideias. Conseguir realizar os primeiros pilotos, angariar os primeiros clientes e apresentar provas dos resultados são uma grande barreira para o sucesso. Quem o consegue, terá certamente muito mais facilidade em conseguir a atenção dos financiadores.

Sendo assim, o que proponho é uma alteração ao modelo atual. Em vez de aplicar o dinheiro público no desenvolvimento de ideias que provavelmente nunca darão em nada, aplicar esse dinheiro, ou parte dele, na realização de pilotos de produtos já desenvolvidos. Ou seja, financiar empresas e outras organizações públicas e privadas que estejam interessadas em testar as ideias desenvolvidas pelas startups tecnológicas. Por outras palavras, os fundos públicos iriam financiar a compra de soluções às startups para a realização de pilotos.

Desta forma, iríamos conseguir atingir vários objetivos.

Teríamos um modelo inovador de apoio a startups, não para desenvolvimento de produtos, mas sim para o teste no mercado dos produtos já desenvolvidos. Essa prova de mercado equivaleria a uma redução do risco, tornando as startups muito mais atrativas para os investidores e aumentando assim a probabilidade do seu sucesso.

Estaríamos também a incentivar diretamente as empresas a adoptarem novas ideias e tecnologias, o que contribuiria para as tornar mais modernas, mais inovadoras, mais produtivas e mais competitivas.

Iríamos incentivar empreendedores de outros países a instalarem-se em Portugal para lançarem startups inovadoras, gerando assim mais emprego e mais riqueza.

Por fim, conseguiríamos atrair muito melhor o interesse dos investidores internacionais para as nossas startups.

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Entrevista à Semana Informática

Semana InformáticaO que está a mudar na formação de recursos TIC com a nova Era da digitalização?

Adélia Carvalho: A formação de recursos TIC tem, cada vez mais, um pressuposto essencial que é o da certificação. Actualmente existe mais procura de recursos TIC do que oferta, no entanto, existem também muitos profissionais ligados às TIC no desemprego. Isto porque a procura é cada vez mais especializada e a certificação, sobretudo tecnológica, torna-se um factor diferenciador para o recrutamento de talentos.

S.I.: Há novos cursos a surgir? Quais?

A.C.: Na Olisipo elaboramos anualmente um Plano de Formação Técnica e Comportamental, exclusivamente para os nossos Colaboradores, onde privilegiamos a aquisição de conhecimentos e competências necessárias à evolução pessoal e profissional. Este ano, no 2º semestre, vamos viabilizar pela primeira vez, dois cursos nas áreas de Processos e Tecnologias. Um diz respeito à área de Administração de Sistemas Microsoft (MOC 50412 – Implementing Active Directory Federation Services 2.0) e o outro na área de Gestão de Projectos através de processos Agile e Scrum.

S.I: Os millenials já começaram a chegar ao mercado de trabalho. As empresas estão preparadas para esta geração de profissionais? 

A.C.: Esta é uma questão mais complexa do que parece. Os millennials são por definição altamente informados e sabem o que querem quando escolhem uma empresa para trabalhar. Penso que o grande desafio das empresas está a passar por captar e aliciar os melhores talentos desta geração, num momento em que a procura é elevada e em que os melhores ou já estão ocupados ou vão para o estrangeiro. Com a crise dos salários e condições de trabalho que a maioria das empresas se debate em Portugal, a captação dos melhores talentos desta geração começa a ser um grande tema de debate. Se o factor salário não é competitivo, então é na Inovação que as empresas têm de apostar para conseguirem cativar os melhores de uma geração que já não se identifica com o que ficou parado no tempo. A geração Y procura desafios aliciantes, bom ambiente de trabalho com equipas dinâmicas e ideias inovadoras. As empresas que dão provas da sua aposta no desenvolvimento contínuo destes novos profissionais estão também em vantagem.

S.I.: As universidades estão a preparar esta geração para o que é de facto o mercado de trabalho? Ou essa formação tem que ser complementada on the job e por outras formações mais específicas?

A.C.: Há um fenómeno que se começa a identificar e que não tem directamente a ver com a falta de pessoas, mas sim com a falta de especialização dos candidatos. Uma grande maioria das oportunidades que surgem no mercado são relativas a funções de alta especificidade, quer ao nível tecnológico como aplicacional. Na área das TIC deve caber também às Universidades acompanhar estas tendências, para que possam preparar os estudantes para um percurso que vai no sentido da especialização e que, normalmente, leva alguns anos a ser adquirido, após a formação académica. A formação on the job acaba assim por ser uma necessidade para as empresas que precisam muito de recursos e que estão dispostas ao esforço de treinar os seus talentos.

Respostas por Adélia Carvalho, Head of Business Development, a 12 de Julho 2015

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O #BREXIT pode ser muito bom para nós

Não é novidade para ninguém que nos últimos anos houve uma enorme percentagem de profissionais de Tecnologias de Informação (e não só) do nosso país que se mudaram de malas e bagagens para o Reino Unido. O objetivo foi o mesmo de todos os outros Emigrantes portugueses: tentar melhorar as suas condições de vida.

Entenda-se por melhoria das condições de vida, um salário mais condizente com o trabalho que é apresentado, e as possibilidades de uma vida mais desafogada. De resto este é um fenómeno sobejamente conhecido da realidade portuguesa.

Há anos que esta situação se verifica nas áreas mais distintas e a nossa área não é exceção.
Contudo, um acontecimento recente no espaço europeu ameaça inverter algumas das lógicas do mercado das Tecnologias de Informação. Como é do conhecimento do mundo inteiro, o Reino Unido, deixou de o ser, e está neste momento num processo de transição e de saída da União Europeia, o conhecidíssimo #Brexit. E com esta alteração de estatuto e posição, chegam também as dúvidas sobre a viabilidade da permanência naquele país, sobretudo porque o processo de legalização de um cidadão estrangeiro naquele país passa a ser muito mais complicado. Isto é, passará a ser necessário um visto de trabalho, à semelhança do que acontece nos Estados Unidos. Isto vem dificultar – e muito – a vida aos emigrantes, que não vão conseguir arranjar trabalho tão rapidamente.

Perante isto, perante este cenário inesperado, praticamente toda a gente deitou as mãos à cabeça e vaticinou o fim das ligações privilegiadas com o Reino Unido. Wrong!!

Antes de mais nada é preciso ter calma e pensar com clareza.

É do conhecimento de todos que, muitas vezes, nas alturas mais complexas e inesperadas, surgem grandes oportunidades. É aqui que podemos começar a marcar a diferença. Ou seja, é aqui que podemos ser nós as pessoas que olham para um copo e o vêem sempre meio cheio, e não meio vazio.

Assim, onde os britânicos já escrevem a crónica de um prejuízo anunciado, nós devemos ver oportunidades de lucro e de novos contratos. Como? Simples: A ausência deste tipo de recursos técnicos no Reino Unido pode (e deve ser isso mesmo que vai acontecer) forçar as empresas a deslocalizar as suas operações para fora das ilhas. Ora, Portugal, para além de ser o mais antigo aliado do arquipélago, afigura-se como um forte player no mercado de IT Nearshore, que é o mesmo que dizer “pertinho de casa”, sem ter de andar muito…

Quero com isto dizer que as empresas britânicas não têm de procurar muito nem de ir muito longe para encontrar, em regime de outsourcing, profissionais de IT que assegurem, com elevadíssima qualidade e profissionalismo, o trabalho que até aqui era feito dentro de portas.
A oportunidade é ainda maior se tivermos em linha de conta que há já algumas multinacionais de referência a pensar seriamente em sair do Reino (des)Unido.

Se Portugal se decidir a investir numa comunicação eficaz das suas mais valias tecnológicas, das suas infraestruturas e dos seus recursos humanos poderá atrair grandes centros de competência para dentro de portas, permitindo deste modo manter por cá os nossos talentosos profissionais de ITs e aumentar os nossos níveis de empregabilidade. Possivelmente até melhorar as condições salariais oferecidas. No entanto, é certo que temos uma oferta qualificadíssima e extremamente mais barata que a oferta interna britânica, já para não falar na qualidade do trabalho desenvolvido. Ora isto faz com que estejamos muito bem posicionados numa perspectiva de IT Nearshore, como vos dizia mais acima.

É uma realidade que eles não conhecem e não possuem e que levará anos a ser desenvolvida. Ao passo que nós, bom, nós vivemos dentro dela, e vivemos muito bem, por sinal.

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Apoios à Internacionalização das Empresas: vende-se gato por lebre?

Como empresário e empreendedor, sinto que muitas vezes se confunde e misturam coisas tão distintas como internacionalizar e exportar. Estão em causa duas situações naturalmente diferentes.

Diria até que não têm (quase) nada a ver uma com a outra, exceção feita ao facto de ambas nos remeterem para algo… no estrangeiro.

Comecemos por pegar no exemplo das Startups, tema tão em voga nos nossos dias, que não têm qualquer viabilidade se estiverem a contar única e exclusivamente com o mercado nacional. Precisam, portanto, de se internacionalizarde estar presentes noutros mercados.

Estas jovens empresas são incentivadas, desde muito cedo, a alargar horizontes com o fim de se conseguirem expandir para os mercados (maduros) europeus.
Mas não só, há também a tendência de se tentar a sorte no mercado norte-americano, tão prolífero no apoio a estas empresas/negócios.

Quando as empresas conseguem (finalmente) obter investimentos de fundos estrangeiros, são, regra geral, obrigadas a mudar a sua sede para o exterior.

Isto obriga a que deixem em Portugal – por razões que se prendem quase na totalidade com custos operacionais – as suas estruturas de desenvolvimento. Não esquecendo que passam a pagar impostos… lá fora (mas a isso já lá vamos).

Por muito que nos custe, é a única forma que estas empresas têm de conseguir assegurar algum crescimento. Como bem sabem, é a própria dimensão do nosso mercado que assim o exige, sobretudo para quem quer apostar na especialização numa determinada área.

O Portugal 2020 prevê um forte investimento na Internacionalização das empresas portuguesas, na ordem de muitos milhões de euros. No entanto, é preciso perceber que quando uma empresa se internacionaliza, o mínimo que precisa é de um local para trabalhar e de contratar, localmente, profissionais que conheçam o mercado de destino.
São precisamente esses tipos de apoios que não são financiados.

Porquê? Simples. Então vejamos:

Se uma empresa portuguesa apostasse em entrar na Alemanha e, por esse simples facto, fosse apoiada para contratar um trabalhador alemão, iria ficar em situação de clara vantagem face à concorrência das empresas locais. Essa é a explicação dada pela Comissão Europeia, que se recusa a financiar e estimular a concorrência desleal.

Mas proponho que façamos ainda outro exercício: Então e se a mesma empresa portuguesa apostasse, por exemplo, no Perú ou nos Estados Unidos?

Nesse caso, parece-lhe razoável que se mantivessem as restrições e os apoios à contratação de trabalhadores locais ou para, simplesmente, arrendar um escritório?

Eis que chegamos então ao verdadeiro problema: o apoio é dado à Exportação e não à Internacionalização.

É por isso que as ações de prospeção, os estudos e as participações em feiras são financiados.

O espaço para melhorias é imenso, deixo alguns exemplos concretos de medidas que poderiam ser tomadas a fim de apoiar de facto a Internacionalização de empresas portuguesas:

  • Apoiar a instalação e o estabelecimento das empresas portuguesas no estrangeiro (escritório e contratação de um ou dois recursos locais);
  • Reforçar os apoios às acções de marketing e de promoção no mercado-alvo;
  • Para além de incentivar e subsidiar a participação em feiras, deve existir um apoio a eventos organizados pela própria empresa no país de destino;
  • Apoiar a instalação de sucursais e de joint-ventures noutros mercados, desde que detidas maioritariamente por empresas nacionais e que, eventualmente, consolidem contas em Portugal;
  • Dividendos de sucursais no estrangeiro que sejam canalizados para Portugal, assim como as mais valias obtidas com a venda de participações em Startups, devem ter regimes fiscais favoráveis (capazes de competir com os regimes especiais praticados no Luxemburgo e na Holandapor exemplo).

Estas são as preocupações naturais e sugestões de um empresário que não se identifica com um modelo que parece estar unicamente preocupado nos ganhos do Estado a curto prazo, seja com impostos, taxas ou obrigações, que fazem com que as empresas sintam necessidade de mudar de ares e de levar as ideias, e a sua possível rentabilidade, para outras paragens.

No modelo em que acredito e proponho, as empresas e o país têm muito a ganhar com uma legislação que se centre nas empresas e nas suas reais necessidades.

Ou agimos ou ficamos todos a perder. E muito.

IMPRENSA

Expresso

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Do Telemóvel ao Smartphone

Quem não tem um telemóvel ou smartphone?

Se fizer um esforço sincero, possivelmente vai ter dificuldade em nomear apenas 1 nome de alguém que não tenha um equipamento móvel para fazer chamadas.

Mesmo para quem já tem uma idade avançada, é praticamente banal usarem este tipo de aparelhos, talvez mais simples e sem tantas funções.

Talvez no tempo dos nossos pais ou até dos nossos avós isso fosse algo impensável. Lembra-se?

A história diz-nos que o Homem sempre teve uma enorme necessidade de comunicar.

Essa necessidade veio estimular a imaginação e o que hoje nos parece impossível, amanhã é uma realidade. Isto porque houve alguém que deu os passos necessários.

Em 1956 a Ericsson projetou aquilo que viria a ser o primeiro telefone móvel. Consegue imaginar andar com 40 quilos na mão?

Talvez pense que tivesse sido pouco provável, mas a verdade é que existem pessoas que viram ou conheceram alguém que andava com uma mala ou pasta que na realidade era um telefone móvel. Uma fortuna que poucos teriam a possibilidade de adquirir. Só alguns anos mais tarde, em 1973, é que a Motorola surge com o mítico e icónico DynaTAC 8000X.

Evolução do telemóvel

Este foi o primeiro telefone digno de ser chamado móvel e com ele começou uma autêntica revolução na nossa maneira de comunicar. Mas tudo isto foi possível graça às antenas que possibilitam as comunicações entre vários aparelhos e toda a tecnologia envolta numa estação de Radio. Este mundo emergente veio trazer aos operadores de telecomunicações uma nova realidade e um mundo inteiro por explorar.

Por exemplo, a Vodafone em 1987 já era considerada um dos maiores operadores móveis do mundo. Em Portugal, surge em 1991 e no ano de 1993 consegue abranger cerca de 90% da população nacional.

As estações e antenas de transmissão, conhecidas por BTS´s e NodeB vieram trazer a cobertura necessária para podermos fazer chamadas e enviar as mensagens. Graças aos avanços da tecnologia, hoje em dia é possível fazer chamadas em quase todos os cantos da terra.

Eventos como o Rock In Rio reúnem no mesmo local geográfico cerca de 85 mil pessoas e é necessário um planeamento cuidado para que as comunicações nesse sítio sejam possíveis sem perturbações. Estar num evento desta magnitude e poder fazer uma videochamada com um concerto em plano de fundo, aceder á internet para fazer um “LIKE” nalguma foto partilhada segundos antes ou até mesmo espreitar os emails era completamente impensável há alguns anos. Agora os operadores de telecomunicações fazem de tudo para garantir que, em eventos como este, nada falhe e todos tenham acesso a estas regalias modernas.

Com esta exigência, é possível ver nascer estações de rádio que vão dar a cobertura necessária para fazer tudo isto e muito mais. Sim, muito mais! Isto porque os nossos telemóveis já não são meros telefones.

Com visores que permitem fazer deles autênticos computadores portáteis, máquinas fotográficas ou até de filmar… Fazemos upload de um ficheiro vídeo e partilhamos fotos no momento em que são tiradas, são algumas das extravagâncias que temos hoje.

Imaginar como será o futuro pode parecer difícil, mas hoje parece impossível eliminar da nossa vida este pequeno objeto que vai connosco para todo o lado.

Talvez o venhamos a substituir por outro parecido. Já agora… já disseram aos vossos avós que é possível atender as chamadas com o relógio?

Márcio Caballero, Telecom Consultant na Olisipo

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O Outsourcing em 2020

É certo e sabido que 2015 foi um incrível ano para o Outsourcing, com mais mudanças e revoluções do que em toda a década anterior, mas… como é que será o nosso mercado dentro de 4 anos, em 2020? Uma coisa é praticamente garantida. O mercado vai crescer.

Se há algo que está em constante evolução/mudança são as razões pelas quais as empresas contratam serviços de Outsource. Uma das principais motivações – para além da redução de custos espartana dentro das empresas – prende-se com a necessidade que as mesmas têm de responder ao “clientocentrismo” (não se preocupem, é apenas uma forma de vos fazer entender que o cliente é, por estes dias, o centro das preocupações da grande maioria das empresas), e também para desbloquearem e conseguirem alcançar novas competências tecnológicas.

Em suma, está a nascer um novo ecossistema onde o futuro será daqueles que, simultaneamente, forem capazes de entregar os melhores serviços e capazes de perceber e satisfazer as necessidades dos seus clientes, utilizando para o efeito os melhores e mais recentes recursos tecnológicos para o conseguirem.

Desta forma, o mercado do Outsourcing caminha assim para se tornar simultaneamente mais colaborativo e competitivo. A tendência passa por basear os contratos em outcomes e não em outputs; partilhar o risco do investimento para poder ganhar mais dinheiro em mais fases do processo, ao invés de esperar pela (possível) repartição dos (possíveis) lucros.

Já a própria natureza dos contratos celebrados está também a sofrer transformações assinaláveis. Ora vejamos:

– Contratos muito mais curtos e renováveis (muitas vezes de forma automática);

– Períodos de aviso (de cessação do mesmo) mais curtos;

– Grandes grupos empresariais procuram cada vez mais as parcerias com empresas mais pequenas e focadas/especializadas em determinado serviço;

Assim, é expectável que possamos assistir a investimentos extraordinários, nomeadamente em robótica e, sobretudo, em inteligência artificial.

Contudo, apesar de a perspectiva ser extraordinariamente positiva, só as empresas que percebam rapidamente as alterações estruturais que a Indústria está a sofrer e, sobretudo, o que o cliente moderno quer, é que vão ser capazes de beneficiar com tudo o que aí vem.

O veredicto final é muito simples: alguns dos gigantes do Outsourcing vão desaparecer se não derem os passos necessários para a rápida adaptação ao futuro.

Meus amigos, esse futuro quer-se cada vez mais presente, por isso, para muitas das grandes empresas do mercado, ou é agora ou então pode ser tarde de mais.
E bem sabemos que a expressão tarde de mais pode significar isso mesmo. Tarde de mais para a empresa e para os seus funcionários.